ARACAJU/SE, 28 de novembro de 2024 , 6:41:26

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Governo autoriza R$2,3 milhões para reflorestar áreas degradadas

O governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), assinou ordem de serviço para recuperar áreas florestais, localizadas no Alto Sertão, que estão devastadas pelos efeitos da seca. Serão investidos cerca de R$2,3 milhões, provenientes do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima), ligado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), sendo R$230 mil em contrapartida do Estado.

 

O ato, considerado um importante passo para o fortalecimento do Plano Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, aconteceu na manhã desta sexta-feira, 23, no povoado Cajueiro, em Poço Redondo, e contou com a presença do gestor da Semarh, Olivier Chagas que, na ocasião, representou o governador Jackson Barreto.

 

“O Fundo Clima, uma parceria entre a Semarh e o MMA, é um passo muito grande para o futuro. Nosso objetivo é ver a caatinga reflorescer. Uma das premissas desse projeto é saber lidar com a caatinga de forma inteligente, ou seja, viver de forma sustentável, fazendo os devidos reflorestamentos, inclusive das matas ciliares. Eu pude sentir a consciência dos moradores desse assentamento. Sem a participação da comunidade, esse projeto não vai a lugar nenhum”, disse Olivier, ao discursar para dezenas de famílias no ginásio poliesportivo.

 

Para o secretário, o projeto precisa ser multiplicado. "O governo, em nome do governador Jackson Barreto, tem uma preocupação especial com o Sertão, equilibrando a presença do Estado em todas as partes, principalmente nas mais pobres. O Fundo Clima, por exemplo, precisa ser propagado”, disse ele, ao lembrar à população que o governo já havia entregue, ao povoado Serra da Guia, em Poço Redondo, um aparelho dessalinizador de água e que a Semarh, em breve, levará outro aparelho para diversas cidades do Sertão.

 

O prefeito de Poço Redondo, Roberto Araújo, também esteve presente ao ato e elogiou a iniciativa. “Para nós, o projeto Fundo Clima é muito importante para o assentamento, porque vai recuperar áreas degradadas do Sertão. É uma parceria do poder público com a população. É um passo fundamental para o reflorestamento e só tenho a agradecer a eficiência do secretário Olivier, que pensa além do seu tempo”.

 

Como funciona

 

Os trabalhos serão divididos em dois momentos: a implantação de duas unidades pilotos de referência demonstrativas nas comunidades Cajueiro, em Poço Redondo, e Nossa Senhora do Carmo, em Porto da Folha, utilizando-se de técnicas (recuperação de áreas degradadas, sistemas agro-florestais e eficiência energética) já consagradas de combate aos efeitos da desertificação, recuperando áreas castigadas em seu entorno, a exemplo de matas ciliares e riachos dentro da área dos assentamentos, além de construir viveiros para produção de mudas.

 

Dentro dessa mesma diretriz aplica-se o plano de manejo florestal da área da caatinga, bioma típico do Sertão, para evitar o desmatamento. “As pessoas ainda desmatam para vender lenha, fazer estaca e fazer carvão sem autorização do órgão ambiental. Com o plano de manejo, eles passarão a ser legalizados. As olarias do estado, grandes consumidoras de lenha, poderão comprar as madeiras das pessoas cadastradas. Então, as cerâmicas vão passar a comprar a lenha com manejo sustentável”, explica Elísio Marinho, representante da Superintendência de Biodiversidade e Florestas (SBF) da Semarh e responsável técnico pela implantação do projeto.

 

Além disso, explica Elísio, a comunidade vai escolher se quer fazer uma produção de alimentos com as técnicas da agroecologia ou agroflorestal, isto é, fomentando uma produção de alimentos perenes, com plantas arbóreas, em meio a floresta. “Além disso, tem também a eficiência energética, que é o uso de fogões ecológicos que consomem menos lenha”, reitera.

 

O líder do assentamento Cajueiro, Givaldo Machado, conhecido pela alcunha de “Seu Neném”, disse que o projeto vai deixar um legado para o povo sertanejo. “Queremos que o Fundo Clima entre para a história, mas para isso, é preciso que a comunidade se envolva. Só depende da gente fazer acontecer, para de desmatar, porque não leva a nada”.

 

Editais

 

O segundo momento do projeto acontece entre de dezembro deste ano e janeiro de 2017, quando  a Semarh abrirá um edital de convocação para todos os assentamentos e comunidades do Alto Sertão para que elaborem um projeto, com base nas técnicas que foram implantadas nas unidades de referência. “Depois será submetido para avaliação do Grupo Estadual de Combate à Desertificação, e, a partir daí, serão escolhidas 20 novas comunidades com projetos que vão variar de R$50 mil a R$80 mil, dentro das linhas de combate à desertificação.

 

Desertificação

 

Estudos mostram que as áreas suscetíveis a desertificação representam 16% do território brasileiro e 27% do total de municípios. Em Sergipe, os municípios de Canindé de São Francisco, Nossa Senhora da Glória, Gararu, Poço Redondo, Monte Alegre e Porto da Folha enquadram-se em áreas susceptíveis aos severos efeitos da seca.

 

Nessas regiões, são observadas ainda a extração de lenha para obtenção de energia com práticas degradadoras, que expõem os solos aos agentes erosivos, entre outros fatores que ainda fazem parte do cotidiano do homem do Sertão sergipano.

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