O governo Lula entendeu como natural a indicação do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, como interlocutor designado por Donald Trump para negociar a revisão do tarifaço e das sanções contra autoridades brasileiras, apurou a CNN.
Segundo uma fonte que acompanhou a conversa entre o presidente Lula e Trump, o presidente americano já desautorizou, inclusive publicamente na ONU, a política que Rubio vinha liderando contra o Brasil, e o secretário irá seguir o que for determinado por Trump.
Além disso, o governo brasileiro considera que o trabalho de Rubio será coordenar as negociações, o que não elimina que o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mantenham conversas com seus pares na hierarquia americana: o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, e o secretário do Tesouro, Scott Bessant.
Para integrantes do governo brasileiro, o fato de a ala mais radical da Casa Branca ter silenciado desde o discurso de Donald Trump no dia 23 de setembro na ONU, e também da suspensão das sanções contra autoridades brasileiras, é o melhor sinal de que o próprio presidente americano reviu sua estratégia com o Brasil, cabendo a Rubio coordenar as negociações para um acordo entre os dois países.
A leitura é de que a etapa agora é, nas palavras de um diplomata ouvido pela CNN, “confidence building”. Ou seja, de construção de confiança entre Lula e Trump, bem exemplificada na troca de contatos telefônicos ocorrida entre os dois durante a conversa e na duração de meia hora que ela teve sem sobressaltos.
O foco nessa fase foi não tratar de nada que possa ser colocado na mesa pelos dois lados, tanto que não houve, durante a conversa, nenhuma abordagem sobre possíveis pontos de acordo que vêm sendo levantados, como minerais críticos e big techs.
A expectativa daqui para frente é de que a conversa entre ambos ocorra em breve e que haja, no médio prazo, o começo gradual da retirada de sanções e da revisão do tarifaço. Não se acredita que tudo ocorrerá de uma só vez.
A possibilidade de o encontro ocorrer em Kuala Lumpur, na Malásia, no fim deste mês, durante a cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático), é bem vista por se tratar de um ambiente neutro. Lula já tem ida confirmada, mas a agenda de Trump ainda é incerta.
Fonte: CNN Brasil