“Somos completamente contra o uso da energia nuclear na geração de eletricidade, porque não é uma industria inovadora, é uma tecnologia antiga, já ficando obsoleta e ainda existem soluções muito mais viáveis economicamente, socialmente e ambientalmente, que não apresentam riscos”, essa é a defesa do ativista ambiental e membro do Movimento Greenpeace Thiago Fonseca Carnobari, durante palestra na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), na manhã dessa quinta-feira (7).
Empenhado em defender o meio ambiente e a população, Thiago frisou que as Usinas Nucleares têm sempre o risco de um acidente, como aconteceu em Chernobil e Fukushima, exemplo dos dois piores acidentes ambientais da história. “Conhecemos as consequências, por exemplo, no dia 26 de abril, completa-se 30 anos do acidente em Chernobil, e até hoje num raio de 30 km da Usina não se pode habitar, e num raio ainda maior, existe um limite de contaminação, o qual é preciso ter acompanhamento do estado”, revelou acrescentando, que entre 1946 e 2013 foram registrados 174 acidentes e incidentes nucleares no mundo. “Os incidentes poderiam ter se tornado acidentes, uma catástrofe como Chernobil e Fukushima”.
Para o ativista ambiental existe uma visão, pouco romântica, da energia nuclear como solução para a dependência e segurança energética no futuro, inclusive das mudanças climáticas, que se coloca como solução e para ele, não é. “Temos energias renováveis como solução, é o caso das energias, solar, eólica e biomassa. Nosso país pode oferecer uma matriz diversificada com todas essas fontes, que vai suprir toda a demanda por energia. A energia eólica é a segunda fonte mais barata no Brasil”, revelou Thiago.
De acordo com ele, Sergipe já é beneficiado pela energia eólica e pode continuar sendo favorecido. “Além do parque eólico instalado no município da Barra dos Coqueiros o Estado dispõe de muitas industrias utilizando essa energia. Nossa intenção é trazer consciência ambiental aos deputados estaduais para que não sejam favoráveis a instalação da usina nuclear em Sergipe”, concluiu.
Rede Renovável
O fundador da Rede Sergipe de Energia Renovável Paulo Machado Araújo, com vários anos de experiência na área, encabeçou uma luta contra a instalação da Usina Nuclear em Sergipe, ainda em governos anteriores. “Estamos sempre nos preparando para dizer não a essa ideia. Estudei muitos anos sobre a energia nuclear, participei de vários debates no estado, precisamos argumentar e expor as problemáticas dessa ‘bomba relógio’, que inviabilizará nossa saúde, nossa vida. Uma verdadeira destruição da biodiversidade”, argumentou.
Países contra a Usina Nuclear
Jovens de vários países, militantes da causa ecológica estão no Brasil em intercâmbio e estiveram presentes na galeria do Plenário Deputado Pedro Barreto, representando os Estados Unidos, Alemanha, França, Colômbia, Argentina, Eslováquia e Brasil, para dizer não ao movimento das Usinas Nucleares. “São vozes do mundo mostrando para Sergipe não aceitar este tipo de energia, já que temos tantas outras opções. Estamos dispostos a resistir, inclusive criar um movimento para impedir a instalação de Usina Nuclear em Sergipe”, concluiu o especialista e também professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Paulo Araújo.
A palestra do ativista ambiental e membro do Greenpeace é uma propositura da deputada Ana Lúcia (PT), que vê a necessidade do debate amplo diante do projeto do Governo Federal em instalar no Nordeste uma usina nuclear. “Sendo Sergipe uns dos estados que concorre para receber essa usina, temos que debater antes que isso se concretize, para ver as consequências sociais e ambientais, além de saber que não é uma tecnologia e, provavelmente, nem a mais barata”, observou.
A deputada considera esse tipo de energia, um retrocesso. “Outros países, europeus e asiáticos, a exemplo do Japão, estão desativando essas usinas, devido aos acidentes com consequências gravíssimas para a população e para o meio ambiente”, disse ressaltando, que no Nordeste, com tanto sol, vento, rios, não tem sentido implantar uma energia nuclear, de alto risco.
Segundo a deputada petista, essas turbinas terão que ser resfriadas com água do São Francisco, o que vai afetar o ecossistema do rio e o abastecimento de Sergipe e de Alagoas. “O lixo nuclear, vai pra onde? São questões que temos que debater urgentemente”, concluiu.
Fonte: Agência Alese