A 22° edição do Grito dos Excluídos, onde pastorais, sindicatos, entidades e movimentos sociais desfilam na avenida Barão de Maruim neste dia 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, trouxe este ano o tema “Vida em primeiro lugar” e o lema “Este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata!”. Segundo dom João Costa, arcebispo coadjutor da Arquidiocese de Aracaju, a mobilização é para denunciar e questionar as várias formas de desigualdades do país. Após o desfile oficial Cívico Estudantil, na Barão de Maruim, houve uma caminhada.
“Este ano clamamos em defesa da vida. Infelizmente há um sistema capitalista no Brasil e muitas pessoas estão sofrendo por conta disso. O grande plano de Deus está sendo contrariado. Temos que voltar o nosso olhar para a vida e precisamos levantar a voz contra esse sistema excludente. Parte do mundo está sem direito a educação, moradia e saúde e é um dever nosso como cidadão e também cristão, denunciar essas questões. Os direitos são assegurados pela Constituição, mas na prática eles estão sendo negados. Temos que nos juntar, elevando o grito para que os direitos sejam respeitados”, disse.
O arcebispo coadjutor explica que o lema escolhido para este ano é fundamentado em uma das falas do papa Francisco, dita durante o Encontro Mundial dos Movimentos Populares, na Bolívia, no mês de julho do ano passado. “O papa falou da urgência em romper o silêncio e lutar por mudanças reais dentro do sistema capitalista, que não compreende o sentido do “cuidar da Casa Comum”. E diante de tantas desigualdades do mundo, está quase impossível construir a paz. Por isso, o Grito deste ano é contra a exclusão e em defesa de todos os irmãos”, afirma.
Entidades e movimentos
A Central Única dos Trabalhadores (CUT), de Sergipe, por exemplo, participou do movimento. De acordo com Plínio Pugliese, representante da entidade, mais de mil pessoas foram à caminhada. Ele acrescenta que, devido ao sistema capitalista instalado no país, os trabalhadores estão entre as partes mais vulneráveis.
“A sociedade ainda não tem acesso aos direitos da forma que deveria e, em decorrência do sistema capitalista instalado no Brasil, os trabalhadores estão entre as partes mais vulneráveis. Esse sistema exclui e mata e não podemos nos calar. E temos que lutar ainda mais neste momento porque a democracia no país está fragilizada”, declara.
Já para a representante do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Lídia Anjos, o país vive uma conjuntura política em que os direitos já conquistados pela população estão sendo ameaçados e, consequentemente, é preciso ir às ruas para lutar e gritar.
“A Independência do Brasil não chegou para todos. Ainda há uma grande parte da população que é menos favorecida e para piorar o país vive uma conjuntura política em que os direitos que já foram conquistados estão sendo ameaçados. Temos que gritar e lutar mais ainda. A participação de toda a sociedade nesta caminhada é muito importante, principalmente, nesse momento de instabilidade em que o Brasil se encontra”, declara.
Ser jovem no Brasil
E segundo a representante do Coletivo Contra a Corrente, Larissa Alves, ser jovem no Brasil, no momento, é ainda mais complicado e está na hora de o país se unir para cobrar políticas públicas para todos. “Hoje temos uma economia neoliberal que exclui e mata, principalmente os jovens negros. Ser jovem nesta sociedade está muito complicado. Está na hora de todos se unirem para cobrar políticas públicas para todos. Senão, não conseguiremos mudar a realidade dos brasileiros”, disse.