Por Cláudia Lemos
Cursando o último ano do curso de Direito na Universidade Federal de Sergipe (UFS), a aracajuana Clara Prado, 21, é uma jovem com sede de conhecimento e que já definiu o seu papel na sociedade. Ela destaca que sua paixão pelo Direito não foi um evento isolado, mas uma evolução natural de uma curiosidade que a acompanha desde muito jovem. Revela, ainda, que sempre foi interessada pelas estruturas que moldam a sociedade e pela ideia de justiça, compreendendo que elas são a base de um convívio equitativo. Junto a outro jovem, Luiz Mendes, bacharelando em Ciência da Computação, fundou o Guia Jurídico (guiajuridico.org), ferramenta que visa democratizar o acesso à informação, apoiando estudantes, profissionais e interessados em construir uma carreira mais sólida e consciente no campo do Direito. Clara conta que a ideia nasceu tanto de sua percepção de demandas da Educação em Sergipe que não eram atendidas, como de sua sede por conhecimento e também pelo desejo de inovar. Vendo colegas perderem oportunidades nacionais e internacionais por falta de informação, ela resolveu criar uma solução concreta, por meio de uma plataforma que democratiza o acesso ao que antes era visto como distante ou exclusivo, gerando um impacto direto na trajetória dos estudantes. “A educação acessível transforma realidades inteiras”, destaca. Dessa mesma inquietude, Clara também protagonizou a criação da Sociedade Sergipana de Debates. “Fomentar o debate é estimular a autonomia intelectual, a empatia e a argumentação responsável – habilidades essenciais para a vida acadêmica, profissional e cívica. Acredito que, ao promovermos essa cultura de debate localmente, estamos formando cidadãos mais conscientes, líderes mais preparados e profissionais mais éticos, capazes de inovar e gerar impacto em qualquer área de atuação”, diz. Acompanhe a entrevista com Clara Prado:
Correio de Sergipe – Quem é Clara Prado?
Claro Prado – Clara Prado é uma estudante do último ano de Direito na Universidade Federal de Sergipe (UFS), movida por uma incessante busca por conhecimento, inovação e impacto. Guiada pela compreensão de que vida não é sobre esperar oportunidades, é sobre criá-las, sua jornada vai além das salas de aula, focando em como pode contribuir ativamente para transformar a realidade de outros estudantes em Sergipe e abrir novas portas. Ela acredita que a educação e o Direito são ferramentas poderosas para impulsionar o desenvolvimento local.
CS – Em que momento surgiu sua paixão pelo mundo jurídico?
C.P. – Minha paixão pelo Direito não foi um evento isolado, mas uma evolução natural de uma curiosidade que me acompanha desde muito jovem. Sempre me interessei pelas estruturas que moldam a sociedade e pela ideia de justiça, compreendendo que elas são a base de um convívio equitativo. O Direito me encantou profundamente por ser uma ferramenta concreta de transformação, capaz de não apenas romper desigualdades, mas de inovar na construção de novos futuros. Ingressei na graduação já com esse senso de missão, e essa paixão só cresceu à medida que fui enxergando como o conhecimento jurídico poderia ser mais acessível, dinâmico e conectado com a realidade e as demandas da nossa comunidade. É uma busca constante por entender e aplicar o Direito para gerar impacto real.
CS – Com o crescimento na oferta de cursos de Direito no Brasil, o número de profissionais cresceu bastante. O que é preciso para se destacar nesta carreira?
C.P. – No cenário atual, onde a oferta de cursos de Direito é vasta, se destacar exige muito mais do que um diploma: é preciso ter uma mentalidade voltada para a busca incessante por conhecimento além da sala de aula. O verdadeiro diferencial está em quem enxerga o Direito como um meio para gerar impacto significativo e que se compromete com a excelência, com a escuta ativa das necessidades da sociedade e com a transformação contínua. A carreira jurídica, hoje, clama por jovens que se disponham a não só alcançar, mas a criar novos caminhos e oportunidades.
CS – Você é uma jovem com sede de conhecimento e parece estar sempre em busca de algo a mais. Como surgiu a ideia de criar o Guia Jurídico?
C.P. – A ideia do Guia Jurídico nasceu da minha percepção de demandas da educação em Sergipe que não eram atendidas, aliada à minha própria sede de conhecimento e ao desejo de inovar. Durante minha jornada acadêmica, observei uma lacuna muito real: estudantes e profissionais do Direito, especialmente aqui em Sergipe, enfrentam uma dificuldade imensa em acessar oportunidades nacionais e internacionais. Vi amigos brilhantes perdendo oportunidades de estágios, editais de bolsas, competições acadêmicas e chamadas para publicações por pura falta de informação centralizada. Resolvi, então, transformar essa barreira em uma solução concreta, criando uma plataforma que democratize o acesso ao que antes era visto como distante ou exclusivo, e assim, gerar um impacto direto na trajetória desses estudantes.
CS – O que esta ferramenta tecnológica oferece?
C.P. – O Guia Jurídico é a materialização da inovação na vida dos estudantes em Sergipe e além. Ele oferece uma centralização de oportunidades acadêmicas e profissionais – como vagas de estágio, congressos, editais de pesquisa, competições de arbitragem e chamadas para publicações – em um único espaço digital, gratuito e constantemente atualizado. Ao fazer isso, ele não apenas conecta estudantes e profissionais a um ecossistema de crescimento contínuo, com foco em inclusão e alcance nacional, mas também democratiza as oportunidades do exterior, permitindo que o talento sergipano seja visível e tenha acesso a um leque global de possibilidades. É uma ferramenta que nasceu em Sergipe, com o propósito de transformar a educação em todo o Brasil.
CS – Você vê o conhecimento jurídico sendo acessível a todos?
C.P. – Ainda não – e essa é, de fato, uma das minhas maiores inquietações. O conhecimento jurídico, infelizmente, ainda circula de forma restrita, concentrado em grandes centros. Contudo, acredito que é possível mudar esse cenário. Minha visão é que, através de iniciativas que usem a tecnologia, uma linguagem acessível e uma escuta ativa das demandas, podemos democratizar o Direito. Isso significa abrir portas para que jovens de todos os lugares possam não apenas acessar esse conhecimento, mas também ocuparem espaços de protagonismo na área jurídica, transformando a educação e gerando um impacto social.
CS – Qual a importância do networking, especificamente na carreira jurídica de jovens como você?
C.P. – O networking é uma força vital, ele é uma ponte estratégica para a inovação e a democratização de oportunidades. Não se trata apenas de conhecer pessoas, mas de construir uma rede de colaboração, mentoria e aprendizado contínuo. Para mim, o networking tem sido fundamental para acessar conhecimentos de ponta, e, principalmente, para identificar como acessar oportunidades e democratizá-las. Ao conectar-me com profissionais de diversas partes do mundo, consigo vislumbrar e criar caminhos que antes pareciam inalcançáveis. Networking é uma via de mão dupla. Quando construímos conexões genuínas, abrimos portas não só para nós, mas para toda uma rede.
CS – Além do Guia Jurídico você também se engajou na criação da Sociedade Sergipana de Debates. Qual a importância para a sociedade do fomento aos debates?
C.P. – A criação da Sociedade Sergipana de Debates, assim como o Guia Jurídico, veio da mesma inquietação e percepção de demandas da educação em Sergipe que não eram atendidas. Minha pergunta era: por que jovens sergipanos não estão nas grandes competições de debate e oratória nacionais? Por que não têm acesso ao pensamento crítico e à argumentação estruturada desde cedo? Fomentar o debate é estimular a autonomia intelectual, a empatia e a argumentação responsável – habilidades essenciais para a vida acadêmica, profissional e cívica. Acredito que, ao promovermos essa cultura de debate localmente, estamos formando
cidadãos mais conscientes, líderes mais preparados e profissionais mais éticos, capazes de inovar e gerar impacto em qualquer área de atuação.
CS – Como você se imagina daqui a 20 anos?
C.P. – Daqui a 20 anos, me vejo como uma advogada internacional, utilizando meus conhecimentos para inovar na forma como as empresas operam globalmente. Mais do que isso, almejo ser uma agente de transformação para Sergipe. Quero ter a capacidade de trazer as oportunidades e o conhecimento do exterior para cá, seja através de parcerias acadêmicas ou projetos que modernizem a educação jurídica e criem um ecossistema de inovação em nosso estado. Um dos meus sonhos é que Sergipe seja um polo de talentos jurídicos com visão global, e pretendo continuar atuando ativamente para que isso se concretize.
CS – Que mensagem Clara Prado quer deixar?
C.P. – Quero dizer que não importa de onde você vem, e sim onde você quer chegar — e o que está disposto a fazer para isso. Acredito que a educação transforma vidas, mas que a educação acessível transforma realidades inteiras. Se você sente que há algo faltando no seu caminho, talvez seja você quem deve criar essa ponte. Foi assim comigo, ao perceber as lacunas na educação em Sergipe e buscar democratizar as oportunidades do exterior para transformar a educação aqui, então pode ser assim com você também.