ARACAJU/SE, 23 de outubro de 2024 , 10:31:29

logoajn1

História em quadrinhos ressignifica protagonismo feminino no cangaço

 

“[…] As moças do São Francisco,/é um céu e um cabedá;/Deus me mandando uma delas,/pode o mundo se acabá,/se não fosse essas caboclas,/não tinha graça o sertão:/não brigava os cangaceiro,/não havia Lampião […]” (“As moças do São Francisco”, de Alexandre Zabelê).

A poesia em cordel serviu de inspiração para a professora de História, Lidiane Metodio dos Santos, começar a pesquisar o protagonismo feminino no movimento social que marcou a região Nordeste do Brasil até o final da década de 1930: o cangaço.

A partir das biografias das cangaceiras Maria Gomes de Oliveira – Maria Bonita – e Ilda Ribeiro de Souza – Sila, a professora da educação básica desenvolveu a pesquisa no Mestrado em Ensino de História na Universidade Federal de Sergipe (UFS), sob orientação do professor Paulo Heimar Souto.

Biografias

Maria Bonita e Sila foram duas das mais de 30 cangaceiras do bando de Lampião. Maria foi assassinada na emboscada que matou o líder do movimento no ano de 1938. Naquela ocasião, Sila também estava no cerco, mas conseguiu fugir, vindo a falecer 67 anos depois.

“A história de vida delas se contrapõe. Enquanto Sila foi raptada por Zé Sereno, vítima de um abuso sexual, entrando no cangaço à força, Maria Bonita entrou no movimento por paixão por Lampião e teve um caráter transgressor”, diz a pesquisadora, ao justificar a escolha das duas biografias.

Aventuras no Sertão

Ao defender a humanização do cangaço por meio da inserção das mulheres, Lidiane Metodio criou a HQ intitulada “Matheus e Eloisa em: As aventuras no Sertão de Maria Bonita e Sila”. A história em quadrinhos é ambientada nas proximidades da Grota do Angico.

Matheus e Eloisa são dois estudantes que, durante um sonho, estão perdidos em meio a Caatinga no Sertão Nordestino e acabam se esbarrando com Maria Bonita e Sila. Os dois são confundidos pelas duas cangaceiras com espiões do bando de Lampião, o que é desfeito ao longo do sonho.

“Esse trabalho tem um potencial absolutamente significativo para se rever o papel da mulher na sociedade do cangaço, sobretudo de quebrar paradigmas no sentido do preconceito a respeito de quem define os aspectos políticos, econômicos e sociais de uma sociedade,” ressalta o professor Paulo Heimar Souto.

“É preciso destacar ainda o desafio de trabalhar o material didático no ensino de história por professores da área, não apenas a partir do papel da mulher e do homem, mas explorar também aspectos geográficos e sociais de um determinado tema”, acrescenta o professor.

A proposta, segundo a mestra em Ensino de História, é disseminar a HQ como recurso didático para o ensino de história na educação básica, a fim de facilitar o processo de ensino-aprendizagem sobre o protagonismo das mulheres no movimento social.

“A partir de agora esperamos divulgar o material nas escolas por meio de editais, a exemplo do Programa Nacional do Livro e do Material Didático, possibilitando a aproximação entre o leitor e o assunto abordado e ressignificado o papel da mulher,” projeta Lidiane Metodio.

Fonte: Ascom UFS

Você pode querer ler também