ARACAJU/SE, 27 de novembro de 2024 , 9:29:28

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Impunidade por derramamento de óleo na costa do NE perdura há 5 anos; Greenpeace Brasil alerta para os riscos na Margem Equatorial

 

 

O maior crime ambiental que já ocorreu no Brasil completou cinco anos nessa sexta-feira, 30 de agosto. O derramamento de 5 mil toneladas de óleo na costa do Nordeste, que atingiu até as praias do Sudeste, em 2019, afetou não somente a vida marinha de águas costeiras, manguezais e estuários da região, mas também as comunidades pesqueiras e marisqueiras e povos tradicionais locais. O Greenpeace Brasil traz o caso à tona para reforçar a necessidade de se interromper a exploração de petróleo em prol de uma transição energética justa e popular.

Em decorrência da exposição ao óleo no acidente de 2019, houve danos severos na vida marinha, com contaminação de ecossistemas fundamentais para a reprodução e a alimentação de muitas espécies, como os recifes de corais, áreas de manguezais, além das praias e o mar aberto. Diversas espécies de peixes, crustáceos, tartarugas marinhas, aves e mamíferos aquáticos, a exemplo dos golfinhos, foram afetados.

“Nunca esqueceremos o que ocorreu na costa do Nordeste”, afirma Denison Ferreira, porta-voz do Greenpeace Brasil. “É triste constatar que outras áreas, como a Foz do Amazonas, também estão sujeitas a danos socioambientais de proporções irreparáveis”, reforça. “É essencial que tenhamos legislações eficientes e capazes de coibir a destruição de ecossistemas marinhos e costeiros no Brasil”, completa.

Estima-se que o episódio de 2019 tenha afetado mais de 300 mil pessoas, de aproximadamente 130 municípios, cuja subsistência vinha das atividades de pesca, principalmente artesanal. De acordo com dados de órgãos públicos, foram gastos cerca de R$ 188 milhões para a limpeza das praias e oceano. O prejuízo ambiental, no entanto, é imensurável –  o petróleo atingiu mais de 3 mil quilômetros do litoral brasileiro, devastando a fauna e a flora marinhas.

O levantamento Monitor Oceano, publicado em agosto pelo Instituto Arayara, revela que áreas sensíveis do sistema costeiro-marinho brasileiro estão sobrepostas por projetos da indústria fóssil e, portanto, em risco. Utilizando dados geoespaciais de fontes governamentais e de autarquias responsáveis, o Monitor Oceano oferece uma análise detalhada e interativa das extensões mais sensíveis e importantes da zona costeira e marinha do Brasil.

 

Estudo reafirma riscos da atividade

De 2019 para cá, a despeito da crise climática e dos graves riscos ambientais associados aos combustíveis fósseis, a indústria petrolífera vem tentando abrir uma nova fronteira de exploração no Norte do país: a Margem Equatorial, mais especificamente na Bacia da Foz do Amazonas, na região litorânea do Amapá. Estudo do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), com apoio do Greenpeace Brasil, mapeou as correntes marinhas da Bacia da Foz do Amazonas e apontam os riscos associados a essa atividade.

A apuração concluiu que um eventual derramamento de óleo na região contaminaria centenas de quilômetros de mares de regiões costeiras nacionais e de países da Pan-Amazônia, impactando de maneira drástica tanto a vida marinha quanto a população costeira.

Uma outra pesquisa, que ouviu as populações costeiras do Amapá, invisibilizadas nas discussões sobre a exploração de petróleo exatamente nos locais onde vivem, mostrou dados alarmantes. Viabilizado pelo Greenpeace Brasil e realizado pela Amapari Consultoria Ambiental, o levantamento mostra que 96% das comunidades costeiras do Amapá não participaram de nenhuma audiência pública sobre o tema; 69,2% das pessoas citaram o vazamento de óleo como possível causa de impactos sobre a pesca e a vida marinha. Os dados foram apurados no primeiro semestre deste ano em seis municípios costeiros e um distrito municipal do Amapá, na área que está na mira da indústria do petróleo.

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