Da redação, AJN1
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou nesta quinta-feira (4) a segunda edição do estudo Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil, com dados para Sergipe. O estudo traz informações fundamentais para análise das condições de vida das mulheres no estado.
Foi elaborado o Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero – CMIG (Minimum Set of Gender Indicators – MSGI), que norteia a organização dos indicadores dos informativos de estatísticas de gênero elaborados pelo IBGE. Do total de 52 indicadores quantitativos propostos no CMIG, foi possível construir 39, complementados por outros sete correlacionados a cada temática.
Os indicadores constantes do CMIG para o Brasil foram construídos a partir de fontes e bases dedados variadas. No âmbito da produção pelo IBGE, foram utilizadas a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua, a Projeção da População por Sexo e Idade, as Estatísticas do Registro Civil, a Pesquisa Nacional de Saúde – PNS e a Pesquisa de Informações Básicas Estaduais – Estadic e Municipais – Munic. A essas somaram-se as fontes de dados do Ministério da Saúde (Datasus), Presidência da República, Congresso Nacional, Tribunal Superior Eleitoral – TSE e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP.
O dobro de horas
O estudo apontou que as mulheres com 14 anos ou mais dedicam 22,5 horas semanais no cuidado de pessoas e afazeres domésticos, diante de 10,1 horas para os homens. A diferença entre essas horas (12,4) é a segunda maior no país, indicando a desigualdade de gênero na realização dessas atividades.
Isso vale também para mulheres que estão ocupadas, já que as horas semanais dedicadas a tarefas domésticas para mulheres brancas ou pretas e pardas são de 19,9 e 20,4, respectivamente, e para homens brancos e pretos ou pardos, de 8,5 e 10 horas, respectivamente. Isso representa uma diferença não somente por gênero, mas também por raça.
Desocupação
Em 2019, a taxa de desocupação geral em Sergipe era de 15,4%, sendo 19,2% para as mulheres e 12,3% para os homens. Com isso, a taxa de desocupação entre as mulheres em Sergipe foi a 3ª maior do país e a 2ª maior do Nordeste (ficando atrás apenas do Amapá e da Bahia). Na comparação por raça, a desocupação entre mulheres brancas (13%) é inferior à de mulheres pretas ou pardas (20,7%).
Mulheres docentes
Em 2019, Sergipe tinha 3.946 docentes no ensino superior, sendo que 48,8% eram mulheres (1.925). Esse percentual é acima da média nacional (46,8%) e abaixo da média nordestina de 49,3%. No país, o estado com o maior percentual de mulheres no ensino superior é a Bahia, com 51,8%. Esse percentual, em uma série histórica, tem apresentado aumento. Por exemplo, em 2003 eram 44,7% de mulheres fazendo parte do corpo docente no ensino superior.
Mulheres apresentam maior expectativa de vida
A expectativa de vida aos 60 anos em Sergipe é de 20,9 anos, sendo maior entre as mulheres (22,7 anos) e menor entre os homens (18,8 anos). Já a taxa de mortalidade em pessoas menores de 5 anos é menor entre mulheres (15,4 por mil), do que entre homens (18,3 por mil). Em 2019, a taxa de mortalidade em pessoas menores de 5 anos de idade foi de 16,9 por mil.
Ao longo dos anos, essa taxa tem sofrido alterações. Em 2011, a taxa de mortalidade entre pessoas menores de 5 anos do sexo masculino era de 27 por mil, e 21,8 entre mulheres. A média era de 24,5 por mil, indicando queda nos anos posteriores.
Além disso, a violência letal é um fenômeno que atinge predominantemente os homens, para quem a taxa de homicídios em Sergipe foi de 99,3 a cada 100 mil habitantes, em 2018, contra 3,4 para mulheres.
Em relação aos homicídios cometidos no domicílio, a taxa de homicídios entre os homens foi de 19,3 a cada 100 mil, e entre as mulheres 1,9. Já fora do domicílio essa taxa foi de 7,9 para os homens e 1,5 para as mulheres.
Entre as mulheres pretas ou pardas, verifica-se que em Sergipe, a taxa de homicídios ocorrida no referido grupo em 2018 foi superior à observada entre as mulheres brancas, tanto no domicílio, quanto fora dele. No domicílio, a taxa para as mulheres pretas ou pardas foi de 2,3 contra 1,3 para as mulheres brancas. Já fora do domicílio essa taxa era de 1,6 e 1,3, respectivamente.
Política em Sergipe: nenhuma deputada federal em 2018
Em 2018, Sergipe não teve nenhuma deputada federal eleita, entre as 8 cadeiras que estavam disponíveis. Com isso, Sergipe integra os três estados brasileiros nessa condição (Maranhão, Amazonas e Sergipe). Distrito Federal e Acre apresentam a maior proporção (50%) do país.
Observa-se que há também um expressivo quadro de sub-representação das mulheres em Sergipe nas câmaras municipais. Em 2020, dos 805 vereadores eleitos em Sergipe apenas 134 eram mulheres (16,6%), número que foi ligeiramente superior ao de 2016 (16,2%).
Cargos de gerência
Em relação a cargos de chefia em Sergipe no ano de 2019, 56,5% dos cargos gerenciais eram ocupados por homens e 43,5% pelas mulheres. Esses números representam um avanço em relação a 2012, início desta série histórica, quando 72,9% desses cargos eram ocupados por homens e apenas 27,1% eram mulheres. O percentual obtido em Sergipe em 2019 é superior ao da região Nordeste (40,9%) e do Brasil (37,4%).
Efetivo policial
Outro aspecto importante diz respeito à proporção de mulheres que compõem o efetivo policial. Em Sergipe, as mulheres representavam 12,4% do efetivo ativo das polícias militares e civis, proporção maior do que a verificada em 2014 (10,3%).
Casamentos na adolescência
De acordo com as Estatísticas do Registro Civil para o ano de 2019, em Sergipe ocorreram 7.260 casamentos. Desse total, 20 casamentos envolveram cônjuges de até 17 anos do sexo masculino (0,3%), contra 157 (2,2%) do sexo feminino. Ainda assim, vale dizer que, a incidência desse fenômeno entre mulheres com 17 anos de idade vem se reduzindo desde 2011, quando foi registrado um total de 380 casamentos.
Com informações do IBGE.