ARACAJU/SE, 27 de novembro de 2024 , 19:32:37

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Internos estão rebelados no Pavilhão 1 do Copemcan em São Cristóvão

Da redação, AJN1

 

O clima é tenso desde o início da manhã desta segunda-feira (22) no Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan), em São Cristóvão. Internos das Alas A e B do Pavilhão 1 estão rebelados e já teriam arrancado portões, que foram utilizados como aríetes para fazer buracos nas paredes e tentar uma fuga em massa.  Durante a madrugada, pelos menos dez presos, que estavam em uma das celas do Pavilhão 2, conseguiram fugir depois de serrar grades, danificar portões e cadeados e escalar o paredão utilizando uma “Tereza” – corda feita com lençóis.

 

Na parte externa da unidade prisional, familiares permanecem no local aguardando o desenrolar da situação. “Estão dizendo que tem feridos lá dentro. Já ouvimos tiros”, disse a familiar de um dos presos. Um agente penitenciário informou que os disparos efetuados foram com munição não letal e teve como objetivo fazer com que os internos recuassem.

 

Segundo o diretor do Copemcan, Fernando Freire, o tumulto no Pavilhão 1 ocorreu em virtude de uma informação inverídica que chegou ao conhecimento dos presos indicando que não haveria visitas. “A previsão era que a visita seria normal. Haveria apenas restrição na entrada da ‘mensagem’. Só seria permitido que as visitas entrassem com o almoço. Se outra informação chegou ao pavilhão foi mentirosa”, explicou o diretor.

 

O diretor não confirmou a informação sobre a existência de feridos no Pavilhão. “Só posso verificar isto depois de ir ao Pavilhão”, disse Fernando. De acordo com agentes os presidiários teriam arrancado vários portões das celas e utilizando para abrir buracos nas paredes. Além disso, os internos estão jogando colchões no pátio, o que seria um indicativo, segundo agentes penitenciários, que pretendem atear fogo e tentar uma fuga em massa.

 

Equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) e do Comando do Policiamento Militar da Capital (Copcal), juntamente com agentes penitenciários e do Grupamento de Operações Penitenciárias Especiais (Gope) tentam conter a rebelião. Eles contam com o apoio do Grupamento Tático Aéreo (GTA), que sobrevoa o Copemcan. No que se refere a fuga, até o momento a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) não confirmou o número de fugitivos e não divulgou as identificações.

 

Os familiares dos presidiários reclamam da qualidade da comida que está sendo servida na unidade prisional e da constante falta de água. “Estão servindo arroz estragado e peixe com escamas na comida. Está faltando água. Dias desses tive que pagar R$ 25 por uma lata d’água por que meu filho passou quatro dias sem água”, disse uma mulher que preferiu não se identificar. O diretor do presídio informou que quando surge uma reclamação relacionada a alimentação, a empresa é chamada a prestar esclarecimentos. No caso de ter procedência a reclamação a empresa é notificada.

 

Protesto

 

Coincidência ou não, o incidente do Copemcan ocorre depois que os agentes penitenciários decidiram que só irão desempenhar as atividades inerentes a função que estão previstas em Lei.  Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários e Servidores (Sindpen), Luciano Nery, a ação não é greve ou operação padrão. “Não iremos mais desempenhar uma atribuição que não é inerente ao nosso cargo”. Ele acrescentou que os agentes “estão cansados de levar o sistema nas costas e não ter o reconhecimento do governo”.

 

Luciano Nery ressaltou que todas as guaritas do Compecan estavam desativadas por conta da falta de efetivo, situação que se repete nas unidades prisionais do Estado. Além disso, os agentes penitenciários estão trabalhando sem os equipamentos de proteção individual, o que impossibilita qualquer intervenção. O sindicalista lembrou que as unidades estão lotadas, com guaritas desativadas e efetivo de agentes reduzido. “No Copemcan a capacidade é para 800 presos e temos 2,8 mil”, ressaltou. 

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