Em menos de um ano, o Governo do Estado destinou, por meio do Banco do Estado de Sergipe (Banese), R$ 90 milhões em crédito para investimentos e custeio na pecuária, entre julho de 2023 e junho de 2024. Isso possibilitou a ampliação do rebanho sergipano, além de investimentos em pastagem e infraestrutura das áreas de criação. De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri), atualmente, Sergipe possui um rebanho de um milhão e 300 mil bovinos e bubalinos. Por meio da campanha de vacinação contra a febre aftosa, o estado atingiu 90,6% de cobertura vacinal, o que representa a imunização de 1.280.374 bovinos. O controle da doença conferiu a Sergipe o título de zona livre de febre aftosa sem vacinação.
Essas e outras medidas foram adotadas pela gestão estadual com o objetivo de recuperar a produção agropecuária do sergipano, que vinha sofrendo com o surto de clostridioses (doença provocada por bactéria anaeróbica) e outras problemáticas em meados de 2023. A situação foi identificada por técnicos extensionistas da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro), que prontamente passaram a combater a doença. “Detectamos sinais de clostridioses e outros problemas. Além de imunizar, reforçamos o conhecimento. Demos palestras e mostramos a importância de manter o gado vacinado”, disse o técnico extensionista da Emdagro, Sérgio Souza, acrescentando que, tão logo o esquema vacinal iniciou, observou-se a solução quase que imediata do problema.
O secretário de Estado da Agricultura, Zeca Ramos da Silva, destaca que esse recurso é apenas um dos investimentos do Governo do Estado na pecuária. “Entre outras ações desenvolvida no setor estão a inseminação artificial de gado, caprinos e ovinos, a vacinação gratuita contra brucelose e clostridiose, a execução de programa que ajuda no escoamento da produção e consumo de leite (PAA-Leite), regularização dos laticínios (SIE, SIB), incentivo fiscal para venda do gado, liberação de crédito para a pecuária, além da inspeção, fiscalização agropecuária e insumos agropecuários e o programa Mão Amiga Bacia Leiteira”, pontuou o secretário.
Atendimento
O esquema vacinal no Assentamento Paulo Freire, em Porto da Folha, uma área de 1.400 hectares, deu tão certo que a equipe da Emdagro já está introduzindo uma segunda fase de imunização. O local não é diretamente assistido pelo Governo do Estado, mas recebeu apoio dos técnicos estaduais. As cerca de cem famílias do entorno têm, em média, entre 20 e 30 cabeças de gado. “Quando chegamos aqui, recebemos o relato da morte de 30 a 40 animais. Isso é significativo, se você considerar que tem famílias que têm dez cabeças de gado e perdeu três para a clostridiose. Ou seja, são 30% de seu rebanho. É muita coisa!”, reforçou Sérgio Souza.
Além da imunização, um investimento que tem dado bons resultados em Porto da Folha é a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), com o melhoramento genético, mais especificamente para os bovinos, por se tratar de uma região voltada à produção leiteira. A genética do animal europeu introduzida na região sofreu alterações. “Foram raças que precisaram se adaptar a um clima mais quente, mais seco. Em determinado período, você pode ter problema relativo ao manejo e bem-estar desses animais, mas com a assistência técnica percebemos alta produtividade e criadores conscientes de proporcionar esse bem-estar animal”, detalhou o técnico, acrescentando que a Girolando, por exemplo, é resultado do cruzamento da raça europeia Holandesa, com a raça zebuína Gir.
Melhoramento genético
A propriedade de Genildo Alves é classificada como bom exemplo de melhoramento genético, que também inclui os melhoramentos alimentar e nutricional. A Emdagro apresentou projeto à Confederação Nacional de Agricultores (Conafer), que financiou todo equipamento, material e, inclusive, enviou o profissional para fazer a inseminação. Desde a introdução, já nasceram oito animais por meio desta técnica na propriedade.
Embora trate-se de uma área de apenas nove hectares, as terras de Genildo são consideradas um grande sucesso de produtividade. “Tenho 25 cabeças de gado. Eu, minha esposa e minha filha vivemos dessa produção, que basicamente é vendida para Glória. A Emdagro sempre acompanha o rebanho, a reprodução e a inseminação”, detalhou o criador, que já contabiliza oito animais que nasceram por meio do melhoramento genético.
O projeto começou com o financiamento do Banese. Já foram 14 criadores beneficiados no primeiro ano, em Porto da Folha, disseminadas 114 vacas matrizes, e, em Canindé de São Francisco, foram 70 vacas matrizes só em 2023. “Este ano planejamos mais cem matrizes para outra região”, antecipou Sérgio. Vacas matrizes são as produtoras de leite, destinadas à reprodução. O trabalho de inseminação é financiado pelo Banese e os beneficiados não podem ter mais de 50 cabeças de gado, o rebanho tem que estar em dia com todas as vacinas e seguir a legislação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Sucesso
Outro caso de sucesso do beneficiamento por meio da inseminação artificial é a propriedade de João Lima de Freitas, na comunidade Alto das Vacas, em Porto da Folha. Há dez anos, o criador começou a ser assistido pela Emdagro, quando ele tinha duas vacas leiteiras. Hoje, o criador tem 12 vacas na lactação e planeja chegar a 30, em cinco anos. A propriedade de João de Tonho Emílio, como prefere ser chamado, conta com estrutura bem orientada e ordenhadeira mecânica, equipamento que o auxilia a tirar leite de forma mais rápida. “Tenho dez tarefas de terra, que dão pouco mais de três hectares. Trabalho com gado desde os sete anos, nasci e me criei com o gado. Comecei do nada. Hoje tenho 12 vacas na lactação, nove bezerras e dois bezerrinhos”, contabilizou.
A IATF é uma técnica de inseminação em tempo fixo. Trata-se de um sistema de protocolo onde são cadastrados 14 criadores, por exemplo, e em um determinado dia é feita a ultrassonografia em todas as vacas, para identificar se alguma está prenha. Em seguida, é feito o protocolo hormonal para que todas entrem fiquem férteis e sejam inseminadas no mesmo dia. Por esta razão que se chama Tempo Fixo, porque, teoricamente, todas darão cria na mesma época.
Para incrementar o programa, a Emdagro distribui semente de palma forrageira, que serve de alimentação estratégica para o gado no período seco, além da distribuição de sementes de milho, que tanto serve de segurança alimentar familiar quanto para suporte alimentar para os animais. Isso fecha todo processo de assistência do Governo do Estado aos criadores. “Estamos no semi árido. Nesta região, a situação climática é bem severa. Toda a contribuição possível para melhorar as questões do sertão foram feitas aqui”, salientou o técnico extensionista da Emdagro, Sérgio Souza.
Fonte: Secom