A rede social LinkedIn, da Microsoft, ativou um recurso de captação de dados de seus usuários no Brasil para treinar sua inteligência artificial (IA) generativa. Caso o usuário não deseje que a IA seja treinada com seus dados, precisa acessar uma área da rede social e desabilitar uma autorização que está ativada como padrão.
A prática do LinkedIn é bastante similar à adotada recentemente pelas empresas Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, e pela rede social X, atualmente bloqueada no Brasil.
“Agora é a vez do LinkedIn usar os seus dados sem a sua permissão para treinar a inteligência artificial da plataforma”, disse o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) em comunicado. “Mais uma big tech que não respeita as leis e a soberania do Brasil, pois na Europa essa prática não ocorrerá, mesmo com nossa legislação sendo semelhante à deles”.
A Meta foi investigada pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), após uma denúncia feita pelo Idec, no fim de julho, a respeito da coleta de dados para treinamento de grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês) usando dados de usuários brasileiros no Instagram e no Facebook.
No fim de agosto, a ANPD aprovou um plano de conformidade apresentado pela Meta para dar mais transparência sobre o uso de dados de usuários brasileiros em suas redes sociais.
A ANPD também determinou que a Meta alterasse o formulário pré-autorizando o uso de dados de usuários para treinamento de sua IA “visando a tornar facultativo o preenchimento da caixa de conteúdo adicional e caixa anexa”. Desta forma, os usuários têm o direito de não fornecer os dados à Meta para o treinamento dos sistemas.
Conforme explica o Idec, até quinta-feira (18), a política do LinkedIn não citava a utilização de dados para treinar a IA generativa e a alteração ocorreu sem qualquer notificação por e-mail ou alerta na própria rede.
“A partir de agora, os consumidores precisam ficar atentos, pois a opção ‘Usar meus dados para treinar modelos de IA para criar conteúdos’ está ativada por padrão”, alerta o Idec.
Para desabilitar a autorização de uso de dados com a finalidade de treinar modelos de IA generativa, o usuáiro do LinkedIn pode acessar o link https://www.linkedin.com/mypreferences/d/settings/data-for-ai-improvement e clicar no botão para desativar a opção “Usar meus dados para treinar modelos de IA para criar conteúdos”.
Outro caminho é entrar na rede social, acessar a aba “Configurações e Privacidade”, em seguida a área “Preferências da Conta” e clicar em “Privacidade dos Dados”. Na sequência, deve procurar a seção “Como o LinkedIn utiliza seus dados” onde encontrará a opção “Dados para aprimoramento de IA generativa”, que estará ativada por padrão. Neste caso, basta clicar no botão para desativar a opção.
Procurada pelo Valor, a ANPD não respondeu se investigará a prática adotada pela rede social da Microsoft até a publicação desta matéria.
O LinkedIn disse ter atualizado “o Contrato de Usuário, a Política de Privacidade e o Hub Regional de Privacidade, acompanhados de uma publicação no blog para usuários e notificações por e-mail globalmente”.
“Acreditamos que os(as) usuários(as) devem exercer controle sobre os seus dados, e é por isso que estamos disponibilizando uma opção para desativar o treinamento das nossas tecnologias de IA generativa, utilizadas para geração de conteúdos nos países onde estão disponíveis”, disse a rede social em comunicado. “Sempre usamos formas de automação nos produtos do LinkedIn e sempre deixamos claro que os usuários podem escolher como seus dados serão usados.”
Em seu posicionamento, a rede social da Microsoft sinalizou funções de IA generativa que devem ser aprimoradas com os dados de seus usuários.
“A realidade que vivemos hoje é que muitas pessoas estão procurando ajuda para obter o primeiro rascunho de seus currículos, para ajudar a escrever o resumo em seu perfil do LinkedIn, para ajudar a criar mensagens aos recrutadores e para obter a próxima oportunidade de carreira. No final das contas, as pessoas querem alavancar suas carreiras e o que nossos serviços de geração de IA fazem é ajudá-las”, disse o LinkedIn.
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