ARACAJU/SE, 27 de novembro de 2024 , 5:25:44

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Lista reúne 126 espécies de aves perdidas há mais de 10 anos; 5 são do Brasil

 

Pesquisadores da organização Search for Lost Birds (em português, Procura por Pássaros Perdidos) divulgaram uma lista atualizada de espécies de aves consideradas perdidas – ou seja, que não são vistas e registradas por humanos por mais de 10 anos na natureza, mas não podem ser consideradas extintas. Publicada no último dia 12 de agosto, a listagem conta com 126 animais, de todos os continentes. Desse total, cinco são brasileiras.

Atualmente, cientistas identificaram e documentaram 11.849 espécies de aves no mundo todo. No entanto, devido aos hábitos das próprias aves ou ao fato de viverem em locais isolados que são pouco visitados por pesquisadores e observadores, algumas dessas espécies podem ser consideradas “perdidas”. Essas espécies também são incluídas na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), com status que variam de Menos Preocupante a Criticamente Ameaçado (possivelmente extinto).

As espécies consideradas perdidas não podem ser oficialmente classificadas como extintas devido à falta de informações precisas sobre suas populações. A extinção só pode ser confirmada quando há certeza de que o último indivíduo da espécie morreu, após longas expedições e pesquisas. Esse critério, estabelecido em 1994, substituiu um padrão anterior que declarava uma espécie extinta se não fosse avistada nos últimos 50 anos.

As espécies brasileiras incluídas na lista são o caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum), o tietê-de-coroa (Calyptura cristata), a choquinha-fluminense (Myrmotherula fluminensis), o pararu-espelho (Paraclaravis geoffroyi) e ainda a arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus).

O tietê-de-coroa está desaparecido há mais de um século: já se passaram 163 anos desde seu último registro, que aconteceu entre 1860 e 1864 na Mata Atlântica. Apesar de haver um relato de avistamento em 1996, pelo ornitólogo Ricardo Parrini, em Teresópolis, na região da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, não há registros em vídeo ou foto que confirmem a observação.

A arara-azul-pequena, por sua vez, habitava as bacias dos rios Uruguai, Paraguai e Paraná, sendo encontrada em partes da Argentina, Paraguai, Bolívia, Uruguai e no sul do Brasil. No entanto, a espécie não é vista na natureza há mais de 80 anos. Ela é considerada uma espécie criticamente ameaçada pela IUCN por conta de indícios não confirmados da existência de alguns indivíduos sobreviventes.

“Os pássaros são o grupo de animais mais bem documentado da Terra, e é uma prova do quanto as pessoas os amam que apenas cerca de 1% dos pássaros do mundo escaparam da documentação durante a última década”, disse Cameron Rutt, ex-coordenador científico de pássaros perdidos da American Bird Conservancy, uma das apoiadoras do projeto, em comunicado. “Dentro desse 1%, no entanto, há muitas espécies altamente ameaçadas que não foram registradas em décadas. Encontrar esses pássaros é essencial para evitar que eles entrem em extinção.”

A lista foi elaborada com base em artigos científicos, registros de museus e contribuições de especialistas para identificar quais espécies foram documentadas na última década. Além disso, plataformas de ciência cidadã alimentadas por observadores de pássaros, também são utilizadas pelos pesquisadores.

A publicação de 2024 atualiza os dados de 2022, quando 135 espécies estavam consideradas perdidas. Desde então, 14 dessas aves desaparecidas foram redescobertas. Entre elas estão o pombo-faisão-de-nuca-preta (Otidiphaps nobilis insularis), que não era visto há 126 anos, e o asa-de-sabre-de-santa-marta (Campylopterus phainopeplus), que esteve desaparecido por 76 anos.

Agora, o objetivo dos pesquisadores é trazer atualizações anuais no primeiro trimestre de cada ano. “Documentar a sobrevivência de aves perdidas é extremamente importante para apoiar as próximas ações para conservar essas espécies”, afirma Daniel Lebbin, vice-presidente de espécies ameaçadas da American Bird Conservancy. “Precisamos ter certeza que se essas aves sobrevivem e onde conservar seu habitat.”

Fonte: Um só Planeta

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