Da redação, AJN1
Um local de mergulho altamente perigoso. Assim pode ser descrito o trecho do rio São Francisco, próximo à prainha de Canindé de São Francisco, onde o ator Domingos Montangner morreu afogado no início da tarde de ontem (15).
Disfarçada por uma beleza natural que entorpece os olhos, a área do afogamento tem profundidade de 18 metros, com predominância de formação rochosa e correntezas traiçoeiras. Mesmo diante do perigo iminente, não existe sinalização que chame a atenção do banhista a pensar duas vezes antes de se aventurar nas águas verdes e frias do “Velho Chico”.
Se a área fosse bem sinalizada, o ator estaria vivo hoje? Essa pergunta intrigante quem responde é o comandante do Subgrupamento de Busca, Resgate e Salvamento Aquático do Corpo de Bombeiros de Sergipe, capitão Gideão Oliveira, capitão do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), Gideão Oliveira.
“Não posso prever. Foi um acidente. Prever se ele se afogaria ou não, não é da nossa competência. Eu faço buscas pelo estado todo, tendo ou não tendo sinalização ou salva-vidas é muito complicado, depende do limite de segurança de cada pessoa. É claro que a sinalização ajudaria bastante, porque quem resolve esse problema é a prevenção”, disse o capitão.
Populares que estavam na prainha ontem constataram que não há sinalização, muito menos a presença de salva-vidas.
A AJN1 também conversou com o subtenente Sinério Santos, do CBM, e ele informou que, ao chegar ao local para coordenar a operação de buscas, a princípio, não viu uma placa. “Eu não vi. Estava mais preocupado com o trabalho de mergulho em si. Se tinha, eu não vi”.
Salva-Vidas
Além da ausência de sinalização, também não havia efetivo de salva-vidas no local, mesmo se tratando de uma área bastante procurada por turistas de todo o Brasil. A informação foi confirmada pelo comandante Oliveira, ao revelar que o CBM só destina salva-vidas para a região da praia de Atalaia, em Aracaju.
“O CBM não cobre o interior do estado. Na questão preventiva física e pontual, disponibilizando guardas vidas, o governo não tem efetivo para cobrir o estado todo. Cobrimos uma faixa da Orla de Atalaia. O guarda-vidas tem que existir. Não sei se ainda existe lá, tendo em vista que formamos uma equipe lá, atendendo um pedido do prefeito, há muitos anos, mas não sei se ainda existe”, afirma Oliveira, ao completar que o município é que tem de fazer esse tipo de cobertura.
Ainda de acordo com o comandante Oliveira, o CBM fica à disposição para treinar qualquer efetivo solicitado no interior, além de participar de eventos de maior fluxo de banhistas, como o Carnaval. “Reforçamos os postos, mas durante o ano não temos condições”.
Oliveira ainda foi taxativo ao afirmar que o CBM não tem efetivo suficiente para cobrir outros municípios e que o atual não dá conta da demanda até em Aracaju.
“O CBM mal tem efetivo para cobrir as praias de Aracaju. Temos quinhentos e poucos homens para todo aparato sergipano. São 24 homens somente na praia de Atalaia”, concluiu ele.
Prefeito confirma
O prefeito de Canindé do São Francisco, José Heleno da Silva, disse que existe uma obra na orla do local onde Montagner se afogou e que durante as construções o contrato dos dois salvas-vidas que trabalhavam ali foi suspenso. “É uma área de muito risco, onde poucos banhistas se arriscam, os pescadores e a população da região sabem disso”, disse Silva, explicando que ao final da obra será retomado o contrato dos salvas-vidas. Também não há placas de sinalização no local.