O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste sábado (22) que o G20, grupo das 19 maiores economias do mundo, é responsável por 77% das emissões globais e que dele deve emergir um novo modelo para a transição energética enfatizada na COP30.
“Entramos agora numa nova etapa, que exigirá esforço simultâneo em duas frentes: acelerar as ações de enfrentamento da mudança clima; nos preparar para uma nova realidade climática. O G20 cumpre papel central em ambas. O grupo responde por 77% das emissões globais. É do G20 que um novo modelo de economia deve emergir. O grupo é um ator-chave na elaboração de um mapa do caminho para afastar o mundo dos combustíveis fósseis. A COP30 mostrou que o mundo precisa enfrentar esse debate. A semente dessa proposta foi plantada e irá frutificar mais cedo ou mais tarde”, disse Lula em discurso ao G20.
A declaração foi feita durante a primeira sessão da cúpula de líderes do G20, na África do Sul, evento que ocorre ao mesmo tempo em que a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas caminha para seu fim em Belém, no Pará.
Em sua fala, Lula também enfatizou que “a ciência prevaleceu” e que o “multilateralismo venceu”, depois que a União Europeia abriu caminho para a adoção do acordo final.
“No ano em que o planeta ultrapassou pela primeira vez – e talvez de forma permanente – o limite de um grau e meio acima dos níveis pré-industriais, a comunidade internacional tinha diante de si uma escolha: continuar ou desistir. Optamos pela primeira alternativa”, declarou.
Avanços e frustração com lacunas na COP30
As primeiras reações aos novos rascunhos da COP30 mostram opiniões divididas. De um lado, especialistas reconhecem que houve alguns avanços pontuais nas negociações. De outro, muitos apontam que ainda faltam elementos importantes para que o acordo esteja realmente à altura da chamada “meta de 1,5°C” — o limite considerado seguro pelos cientistas para evitar impactos muito mais graves da mudança do clima.
O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, afirmou na manhã deste sábado (22) que o chamado “mapa do caminho” (roadmap) para o fim do uso dos combustíveis fósseis não será incorporado aos textos finais da Conferência do Clima em Belém.
‘Uso da força’ na América latina
Mais cedo, Lula afirmou que as crises políticas e econômicas da América Latina e do Caribe não serão solucionadas com o uso da força. A declaração foi feita durante a primeira sessão da cúpula de líderes do G20, na África do Sul.
A fala pode ser vista como um recado aos Estados Unidos, em meio às tensões com a Venezuela. Desde agosto, navios de guerra e aeronaves norte-americanas fazem uma operação militar no Caribe, que já provocou mais de 20 ataques a lanchas suspeitas de transportar drogas.
“Os históricos problemas sociais e econômicos da América Latina e do Caribe não serão solucionados mediante a ameaça de uso da força”, disse.
“Sem atender às demandas dos países em desenvolvimento, não será possível restabelecer o equilíbrio global nem assegurar prosperidade sustentável no longo prazo. A desigualdade extrema representa um risco sistêmico para todas as economias”, continuou.
Lula também alertou que conflitos como os da Ucrânia e de Gaza têm “impactos significativos na segurança energética e alimentar” e pediu o fortalecimento do papel do G20 como espaço de coordenação internacional.
O petista criticou ainda as respostas adotadas para crises globais. Segundo ele, as políticas de austeridade “aprofundaram desigualdades e ampliaram tensões”.
“O protecionismo e o unilateralismo ressurgem como respostas fáceis e falaciosas para a complexidade da realidade atual”, afirmou.
Fonte: G1





