Por Cláudia Lemos
Professora do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Sergipe (DCOS/UFS), Maíra Bittencourt, assumiu no final de agosto a presidência da Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe (Fapese). Doutora e mestre em Ciências da Comunicação, Maíra Bittencourt está na UFS desde 2019. Dona de um currículo de peso, com destaque para seu desempenho como diretora-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), ela assume este novo desafio com foco na execução de um conjunto de ações: Modernização institucional, Captação de recursos Transparência e Comunicação e Fortalecimento do vínculo com a UFS. A Fapese desempenha papel fundamental no fortalecimento da pesquisa, extensão, inovação e serviços vinculados à universidade, viabilizando a execução de projetos de ensino, pesquisa, extensão, inovação e desenvolvimento institucional, garantindo suporte administrativo, jurídico e financeiro para que os pesquisadores e gestores possam se dedicar ao que fazem de melhor: produzir conhecimento e gerar impacto social, econômico e cultural. Maíra diz que no momento a Fapese faz a gestão de mais de 70 projetos, o que demonstra sua relevância para a UFS e para a sociedade. “Mas temos condições de avançar ainda mais”, destaca. Instituída em 20 de dezembro de 1993, a Fapese tem hoje como principal desafio, sua modernização. A nova gestora diz que para garantir que a Fundação esteja à altura da excelência dos pesquisadores da UFS, é preciso oferecer processos mais ágeis, eficientes e transparentes. Sem perder tempo, Maíra diz que esse processo já foi iniciado com a aprovação de um novo estatuto. Ela diz que até o fim do ano, a meta é ter a “casa arrumada”, com a governança fortalecida e os fluxos modernizados. “A partir daí, poderemos dar um salto na captação de novos recursos e ampliar de forma consistente o suporte aos projetos científicos e tecnológicos que fazem a diferença para a universidade e para a sociedade”, explica. Confira a entrevista a seguir:
Correio de Sergipe -Qual a proposta da Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe – Fapese?
Maíra Bittencourt – A Fapese existe para ser a ponte entre a Universidade Federal de Sergipe e a sociedade. Nosso propósito é viabilizar projetos de ensino, pesquisa, extensão, inovação e desenvolvimento institucional, garantindo o suporte administrativo, jurídico e financeiro necessário para realização dos projetos.
CS – Como você define a importância da Fundação para a Universidade Federal de Sergipe – UFS?
Maíra -A Fapese é um instrumento estratégico da UFS. Sem ela, muitos projetos simplesmente não conseguiriam se estruturar ou captar os recursos necessários. Ela confere agilidade, eficiência e flexibilidade à universidade, possibilitando que professores, pesquisadores e gestores foquem no que fazem de melhor: produzir conhecimento e transformar a realidade. A fundação pode captar e gerir recursos de projetos com médio e longo prazo, o que geralmente é necessário para projetos de pesquisa e extensão, enquanto que na dinâmica administrativa da administração indireta, que é a universidade, já é mais difícil fazer esse tipo de gestão de recursos de pesquisas específicas.
CS – Quais planos você traçou para executar na Fapese?
Maíra – Nossos planos passam por quatro grandes eixos:
Modernização institucional – digitalização de processos, fortalecimento da governança e implantação de programas de integridade e compliance.
Captação de recursos – diversificação das fontes de financiamento, inclusive incluindo comercialização de produtos, ações no âmbito da cultura e gestão de fundos patrimoniais.
Transparência e comunicação – dar visibilidade à relevância a Fundação.
Fortalecimento do vínculo com a UFS – ampliando o número e o alcance dos projetos apoiados e prospectando novas oportunidades para fortalecer a universidade.
CS – De que forma suas experiências no comando da Comunicação da UFS e na Direção da Empresa Brasil de Comunicação – EBC podem contribuir nesta nova missão?*
Maíra – A comunicação foi e será sempre minha área básica de atuação e meu instrumento estratégico de gestão. Na UFS, aprendi a construir canais de diálogo com a comunidade acadêmica e fortalecer a educação pública por meio da comunicação. Na EBC, compreendi a dimensão nacional da comunicação pública e a importância da transparência, da participação social, dos instrumentos de gestão aprimorados e da boa governança com os gastos públicos. Agora, na Fapese, trago esse repertório para dar mais visibilidade ao trabalho da Fundação, atrair parceiros e consolidar uma imagem de credibilidade e confiança.
CS – Quem pode acessar o apoio da Fapese?
Maíra – Todos os professores e pesquisadores da UFS podem apresentar e coordenar projetos que, ao serem aprovados nos trâmites institucionais, encontram na Fapese o suporte para execução. Além disso, órgãos públicos, empresas e organizações da sociedade civil podem estabelecer parcerias conosco, desde que alinhadas à missão institucional da universidade.
CS – De que forma a sociedade se beneficia do trabalho da Fapese?
Maíra – O benefício é direto e concreto: cada pesquisa apoiada gera conhecimento, inovação, soluções tecnológicas e sociais que retornam para a população. Projetos de extensão fortalecem comunidades, políticas públicas e iniciativas culturais. A Fapese é, portanto, um instrumento que transforma investimento em impacto social.
CS – Pesquisadores da UFS têm se destacado em projetos científicos, inclusive em âmbito internacional. Sabemos que a Fapese tem participação no desenvolvimento de muitos projetos que têm se destacado. Qual o maior desafio que a Fapese enfrenta para oferecer esse suporte?
Maíra – O maior desafio hoje é a modernização da própria Fapese. Para garantir que a Fundação esteja à altura da excelência dos pesquisadores da UFS, precisamos oferecer processos mais ágeis, eficientes e transparentes. Já iniciamos esse movimento: aprovamos um novo estatuto, estamos reformulando o regimento e a estrutura organizacional, implantando um novo sistema de gestão e conduzindo uma auditoria completa. Até o fim do ano, nossa meta é ter a “casa arrumada”, com a governança fortalecida e os fluxos modernizados. A partir daí, poderemos dar um salto na captação de novos recursos e ampliar de forma consistente o suporte aos projetos científicos e tecnológicos que fazem a diferença para a universidade e para a sociedade.
CS – Como tem sido a captação de investimentos para o financiamento de pesquisas?
Maíra – Hoje, a Fapese faz a gestão de mais de 70 projetos, o que demonstra sua relevância para a UFS e para a sociedade. Mas temos condições de avançar ainda mais. Nosso foco agora é diversificar as fontes de recursos: ampliar parcerias, diversificar as fontes de receita, comercializar excedentes, acessar editais e estruturar mecanismos sustentáveis de longo prazo, como fundos de endowment. Para isso, estamos passando por uma mudança profunda na forma de trabalho: a adoção de processos totalmente digitais e a modernização da gestão interna nos darão fôlego para administrar um número maior de projetos, com mais agilidade e eficiência. Em outras palavras, vamos modernizar internamente para atender cada vez mais externamente, fortalecendo a ciência e a inovação produzidas na UFS.
CS – A iniciativa privada tem abraçado o trabalho da Fapese?
Maíra – Sim, mas ainda de forma tímida em comparação com o potencial existente. Há um campo enorme para ampliar esse diálogo. O Decreto nº 8.240/2014, que regula a atuação das fundações de apoio, garante segurança jurídica, transparência e lisura nessas parcerias. Além disso, a Lei nº 11.196/2005 prevê incentivos fiscais para empresas que investem em pesquisa, desenvolvimento e inovação — um mecanismo ainda pouco explorado, mas extremamente vantajoso. Nosso papel é mostrar que investir em ciência e tecnologia não é gasto: é uma estratégia de competitividade e inovação. A Fapese se coloca como parceira segura, transparente e eficiente para transformar o investimento privado em conhecimento aplicado, soluções tecnológicas e impacto concreto para a sociedade.
CS – Que mensagem você deixa no que diz respeito à sua atuação na Fapese?
Maira – Assumir a presidência da Fapese é um compromisso com a educação pública, com a ciência e com a sociedade sergipana. Quero que a Fundação seja cada vez mais reconhecida como um elo confiável entre a universidade e a sociedade, gerando impacto social, econômico e cultural. Tenho certeza de que, juntos, podemos fortalecer a UFS, potencializar a ciência e transformar a realidade do nosso estado e do nosso Brasil.