ARACAJU/SE, 3 de janeiro de 2025 , 12:22:09

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Mais de 300 espécies da Caatinga estão ameaçadas de extinção

Da redação, Joangelo Custódio

O bioma Caatinga tem 366 espécies, dentre fauna e flora, ameaçadas de extensão, representando 18% do total de 2.015 espécies. É o que aponta a pesquisa “Contas de Ecossistemas: Espécies ameaçadas de extinção no Brasil 2014”, divulgada nesta quinta-feira (5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ).

Bioma genuinamente nordestino, a Caatinga ocupa cerca de 844 mil quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território do país, e engloba os estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o Norte de Minas Gerais.

De acordo com dados da Superintendência de Meio Ambiente e de Recursos Hídricos, 28 municípios sergipanos estão dentro da faixa de Caatinga.

Conforme a pesquisa do IBGE, cerca de 7% das espécies ameaçadas são categorizadas como Dados Insuficientes (espécies em que a coleta ou análise sobre elas não traz dados suficientes pra classifica-las como ameaças, não ameaçadas), 4% como Quase Ameaçadas e 71% das espécies do bioma estão na categoria Menos Preocupante.

Flora

O estudo diz que, entre as espécies avaliadas da flora, de um total de 712, 692 ocorrem de forma terrestre, com alta proporção de espécies ameaçadas nesse ambiente (231, cerca de 33%). Há ainda 43 espécies na categoria Quase Ameaçada e 39 na categoria Dados Insuficientes. As demais 379 espécies (cerca de 55%) estão na categoria Menos Preocupante.

Entre as espécies da flora associadas a ambientes de água doce, são consideradas tanto as espécies estritamente aquáticas quanto aquelas de ambientes ribeirinhos ou sazonalmente alagáveis. Nesse ambiente, 209 ocorrem no bioma Caatinga.

Nesse ambiente de água doce, a Caatinga apresenta 17 espécies ameaçadas (cerca de 8%). Há ainda três espécies na categoria Quase Ameaçada e duas na categoria Dados Insuficientes. As demais 187 espécies (cerca de 90%) estão na categoria Menos Preocupante.

O estudo também identificou que há algumas espécies de vegetação de origem do bioma Mata Atlântica na Caatinga. foram encontradas 98 espécies. Dessas, 15 são ameaçadas de extinção (pouco mais de 15%). Há ainda sete espécies na categoria Quase Ameaçada e 9 na categoria Dados Insuficientes. As demais 67 espécies (cerca de 68%) estão na categoria Menos Preocupante.

Fauna

De 1303 espécies registradas na fauna, 103 foram registradas como ameaçadas de extinção na Caatinga (quase 10% das espécies terrestres avaliadas no bioma). Cerca de 82% das espécies do bioma estão na categoria Menos Preocupante (881).

O ambiente de água doce na Caatinga possui uma proporção de espécies ameaçadas um pouco menor do que o ambiente terrestre (36 espécies, cerca de 7% das espécies de água doce registrada na Caatinga). Pouco mais de 10% das espécies da fauna de água doce são categorizadas como Dados Insuficientes, ressaltando a necessidade de melhores informações para grupos como os peixes continentais e invertebrados de água doce.

Ave marinha na Caatinga

Na Caatinga, foram avaliadas 38 espécies que ocorrem no ambiente marinho, sendo duas delas ameaçadas de extinção – as aves batuíra-bicuda ( Charadrius wilsonia – VU) e maçarico-rasteirinho ( Calidris pusilla – EN). Há ainda uma espécie na categoria Dados Insuficientes. As demais 35 espécies (cerca de 92%) estão na categoria Menos Preocupante.

Desflorestamento

Em Sergipe, assim como nos demais estados, esse bioma, exclusivamente brasileiro e com um patrimônio biológico único no planeta, passa por um violento processo de degradação, que pode não ter volta.  Para facilitar a compreensão do leitor, se dividirmos o mapa de Sergipe em dois, teremos, do lado direito ou parte Leste, a Mata Atlântica, com apenas 6,8% do que resta de vegetação nativa; e do lado esquerdo, ou Oeste, a Caatinga, com apenas 6,2% de cobertura vegetal, totalizando 13% de área verde remanescente, o que leva a reflexão: Sergipe é um estado ‘careca’ e forte candidato a apresentar áreas desertificadas, num futuro não muito distante.

Causas  

O desflorestamento, o uso intensivo de terras para a agricultura, a pecuária, a retirada de lenha para fins energéticos e de mineração estão entre os fatores que originaram o processo de desertificação da caatinga, principalmente em Sergipe, entre os municípios de Poço Redondo, Canindé de São Francisco e Porto da Folha.

De acordo com o engenheiro florestal e superintendente de Biodiversidade e Floresta da Semarh, Elísio Marinho, ao desmatar a caatinga, os solos ficam completamente expostos a todas as intempéries. “Além do desmatamento, a irregularidade das chuvas contribui para que a degradação seja ainda mais acentuada em algumas regiões”.

Elísio explica que a Superintendência, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), realizou, em 2013, um mapeamento da área do semiárido, dando início ao processo de Inventário Florestal do Estado.

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