ARACAJU/SE, 10 de setembro de 2025 , 11:20:30

Médico vence a covid e volta à linha de frente

 

Ao vê-lo caminhando apressado pelos corredores do Hospital de Urgência Governador João Alves Filho (Huse), poucos sabem, que o médico intensivista Samuel Rodrigues da Silva que ele esteve a beira da morte após contrair a covid-19 e carrega uma história de fé, coragem e amor pela profissão.

Atuando, desde março do ano passado, no combate ao novo coronavírus, Samuel recebeu diagnóstico de positivo para doença no mês de julho. Seu estado de saúde era considerado grave, foi internado em uma UII e precisou ser intubado e, devido à insuficiência de oxigênio no cérebro, sua mente se alternava entre lucidez e a falta dela.

Depois de apreensão e incertezas, o médico superou a covid. Após receber alta, Samuel recusou os 30 dias para a recuperação a que tinha direito e quinze dias após estava de volta ao trabalho, na linha de frente, cuidando dos pacientes graves vítimas da infecção. “Eu precisava continuar cuidando dos pacientes, salvando vidas”, disse o médico que atua no Huse; no Hospital Regional de Itabaiana, onde responde pela diretoria Clínica da unidade; e no Hospital da Polícia Militar, onde é coordenador Clínico.

Samuel relembra o que viveu quando adquiriu a covid-19. “Fui para UTI e precisei ser intubado para superar uma atelectasia (colapso de um segmento do pulmão alterando a relação ventilação/perfusão – passagem de líquido através do sistema circulatório ou linfático para um órgão ou tecido). Debilitado e com 15 quilos a menos, vivi a experiência comum a meus pacientes. Senti o que eles sentem e confesso que não é das melhores sensações, não”, revela.

Segundo o médico, o processo de melhora começou a partir do momento em que foi intubado. “Muita gente tem medo da intubação orotraqueal, mas na verdade é o que salva”, atestou ele, ressaltando que a experiência com a proximidade da morte engrandeceu sua história de vida. “Em meus momentos de lucidez me preocupava em como minha esposa falaria para o meu filho que ele não tinha mais pai caso eu viesse a óbito. Pensava também em como iria nascer Marina, a bebê no ventre de uma amiga, detectada com um probleminha de saúde”, relatou.

A pandemia tem uma face terrível, mas como tudo de bom ou de ruim que acontece, lições são deixadas, segundo avalia o médico. “Do ponto de vista pessoal, o novo coronavírus traz a seguinte reflexão: que a gente tem que viver um pouquinho mais; se amar um pouquinho mais; saber dividir as coisas, pois não somos nem oito nem oitenta, existe um meio termo; que tem coisas que não gosto no meu colega, mas que posso aprender a conviver com isso; ser mais tolerante. A pandemia reforçou que nós somos todos iguais”, opinou.

Samuel Rodrigues é um dos mais de 200mil recuperados da doença em Sergipe. São pessoas que venceram a batalha contra a covid-19 e que, agora, celebram a recuperação após dias internadas sob os cuidados dos “heróis da saúde” que atuam na rede pública do Estado.

O médico crê que a pandemia motivou entre as equipes assistenciais a união, a preocupação e o empenho com o paciente. Destacou também que depois da crise sanitária haverá mais profissionais capacitados. “Alguns colegas me disseram que queriam aprender a intubar, fazer acesso central, aprender sobre ventilação mecânica. Somos cada vez mais pessoas dispostas a salvar vidas.”, disse.

Fonte: SES

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