ARACAJU/SE, 7 de fevereiro de 2025 , 18:09:04

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Médicos descartam possibilidade de pandemias com vírus na China e gripe aviária

 

Desde o começo do ano, autoridades de saúde do mundo inteiro acompanham com atenção o surgimento de casos de duas doenças respiratórias provocadas por vírus: a gripe aviária transmitida pelo vírus influenza A H5N1 e o metapneumovírus humano (HMPV), que pode evoluir para uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). O H5N1 já teve o seu primeiro caso confirmado de morte causada em humanos: um homem de 65 anos que morava em Louisiana, nos Estados Unidos. Já o HMPV está com um forte aumento de casos na China, mas já teve pelo menos três casos registrados em crianças no Brasil, sendo uma morte no Paraná e duas internações em Pernambuco.

Estas notícias geraram em muitas pessoas o medo do aparecimento de outra pandemia igual ou pior que a de covid-19. No entanto, isso é descartado tanto pelas autoridades de saúde quanto pelos médicos e cientistas. Eles esclarecem que tanto o H5N1 quanto o HMPV já são monitorados e estudados há mais de 20 anos. De acordo com o infectologista Matheus Todt, professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), o HPMV é um vírus da mesma família do Vírus Sincicial Respiratório, descoberto nos Países Baixos em 2001 e detectado pela primeira vez no Brasil em 2004. Já o H5N1 é uma variante do vírus da gripe e do H1N1, que originalmente só acometia aves, mas passou a infectar seres humanos.

“Apesar de serem vírus de famílias diferentes e apresentarem comportamentos diferentes, ambos acometem vias respiratórias causando quadros semelhantes à gripe. Enquanto o metapneumovirus trata-se de um vírus relativamente comum, relacionado a quadros gripais de pouca gravidade, o da influenza aviária tem um comportamento semelhante ao vírus tradicional da gripe, embora seja mais grave e normalmente transmitido a partir de aves infectadas”, diz o professor, acrescentando que tanto o H5N1 quanto o HMPV não tem nenhum tipo de “parentesco” com o Sars-Cov-2, vírus causador da covid-19.

Todt admite que esses e outros vírus podem se alastrar de um país para outro, sobretudo através do trânsito de pessoas ou animais infectados. No entanto, ele acredita que as duas doenças têm poucas chances de evoluir para uma pandemia global semelhante à do coronavírus. “O HMPV é um vírus estável, que não muda muito e causa quadros leves. Já o H5N1, embora cause quadros graves em mais de 50% dos casos, normalmente não é transmitido de pessoa a pessoa, dependendo do contato com aves infectadas. Portanto, apesar do potencial de causar pandemias, a probabilidade é bem remota”, tranquiliza.

Esta posição, em relação ao HMPV, já foi reforçada inclusive em uma nota técnica publicada na semana passada pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que citou estudos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “A situação atual na China, com o aumento de casos de infecções respiratórias agudas, inclui o HMPV como um dos patógenos identificados. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza que esses aumentos são esperados durante o inverno no hemisfério Norte e não representam, neste momento, um risco iminente de pandemia”, diz o documento do Cofen.

No Brasil, este monitoramento é realizado através das Vigilâncias Epidemiológicas locais, que identificam os casos e focos de transmissão das doenças, além de promover campanhas de vacinação e, principalmente, de prevenção, colocada como prioridade em razão de ainda não não existir um tratamento específico eficaz contra as doenças causadas pelos dois vírus. “Como não há tratamento específico para esses vírus, a principal forma de combatê-los é se previnindo. Deve-se evitar o contato com pessoas doentes e com aglomerações, evitar sair de casa se apresentar sintomas gripais, higienizar bem as mãos e manter o calendário vacinal em dia”, orienta o infectologista.

Fonte: Asscom Unit

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