Apesar de estar em curso a campanha de imunização, a população não pode descuidar dos cuidados preventivos ao novo coronavírus, mesmo as pessoas que já foram vacinadas. Todos devem continuar usando máscara, mantendo o distanciamento físico e a constante higienização. Especialistas recomendam total atenção, sobretudo porque existe a ‘janela imunológica’ – período que o organismo leva para produzir os anticorpos do imunizante.
Em média, o tempo mínimo para que o sistema imune possa dar respostas mais concretas contra a presença de qualquer patógeno é de 14 dias após receber a primeira dose. Porém, cada imunizante tem seu próprio tempo médio para ativar o sistema imunológico.
Ainda não há vacina 100% eficaz contra o coronavírus. Foi por isso surgiram casos de pessoas infectadas mesmo após receber o imunizante. A CoronaVac, vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Sinovac Biotech, garante a redução pela metade (50,38%) dos novos registros de contaminação em uma população vacinada. Isso significa que de cada 100 pessoas, 50 não desenvolvem qualquer sintoma ao ter contato com o vírus.
Esta vacina assegura ainda a redução da maioria (78%) dos casos leves que exigem algum cuidado médico e evita em 100% dos casos a possibilidade de a doença evoluir para um quadro de agravamento, o que é fundamental para evitar o colapso da rede de saúde.
A CoronaVac necessita, em geral, de duas semanas após a segunda dose para que a pessoa esteja protegida, já que esse é o tempo que o sistema leva para criar anticorpos neutralizantes que barram a entrada do vírus nas células. Segundo o Instituto Butantan, uma quantidade maior de anticorpos pode ser registrada até um mês após o fim da vacinação, variando de indivíduo para indivíduo.
A AstraZeneca, também utilizada na campanha de imunização em Aracaju, é capaz de atingir uma eficácia geral de proteção da ordem de 76% 22 dias após a aplicação da primeira dose. O percentual pode superar os 82% após a pessoa receber a segunda dose, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável por produzir a vacina, no Brasil, em parceria com a farmacêutica e a Universidade de Oxford.
A revista The Lancet, onde o estudo foi publicado, indica eficácia de 70% em adultos com menos de 55 anos, além da capacidade de prevenção de 100% das hospitalizações e formas graves da doença, segundo o critério clínico preconizado pela Organização Mundial da Saúde.
“Ela tem o mesmo objetivo da CoronaVac, que é estimular o organismo a produzir anticorpos, deixando as pessoas protegidas das possibilidades de contaminação. Então, não podemos comparar CoronaVac com AstraZeneca/Oxford, pois os estudos foram feitos com populações diferentes”, disse a secretária da Saúde de Aracaju, Waneska Barboza.
Cuidados
O uso de máscaras e a manutenção dos cuidados básicos de higienização (como uso do álcool 70%) continuam sendo essenciais, mesmo após o recebimento da segunda dose. É fundamental cerca de 70% da população seja vacinada para que o imunizante tenha um efeito concreto e a pandemia do novo coronavírus seja controlada.
De acordo com a infectologista da Secretaria da Saúde de Aracaju, Fabrízia Tavares, mesmo as pessoas vacinadas ainda precisam se atentar para a continuidade dos cuidados. “Ainda não estamos no momento de relaxar as medidas preventivas. Temos visto com o início da campanha de vacinação uma percepção de que já finalizamos o período de pandemia ou que não precisamos mais tomar as medidas de precaução, mas é uma falsa sensação de segurança. Para que a vacina seja realmente eficaz, ela precisa que grande parte da população esteja vacinada para que exista a eficácia garantida”, explicou.
Além disso, completa Fabrízia, a vacina não garante a esterilização, ou seja, a não transmissão do vírus. Ela protege contra o adoecimento, a morbidade. “Portanto, temos que manter todas as medidas orientadas”, repetiu, ao acrescentar que o isolamento social faz parte das medidas que devem permanecer, junto com o distanciamento social, a constante higienização das mãos, uso correto de máscara e álcool em gel.
Com informações da PMA