ARACAJU/SE, 7 de setembro de 2024 , 20:36:34

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Mercado sergipano abrirá para distribuição de gás para o país

Sergipe ganhou destaque nacional nesta semana com a inauguração simbólica, na terça-feira, 23, do novo gasoduto que conectará a maior malha de gasodutos do país ao terminal de armazenamento e regaseificação de gás natural liquefeito (GNL) da Eneva, no litoral sergipano. O gasoduto da TAG, que tem capacidade de 14 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de GNL, e previsão de entrar em operação em outubro, permitirá à Eneva comercializar o gás importado para outros clientes. Antes, é preciso obter licença ambiental estadual e autorização de operação da reguladora do setor de petróleo e gás ANP. A partir deste cenário, há uma expectativa de que a Eneva invista aproximadamente R$ 4 bilhões para expandir a capacidade da termelétrica Celse no Hub Sergipe para 2,8 GW, ante os atuais 1,6 GW. O CEO da Eneva, Lino Cançado, disse em entrevista à imprensa por ocasião da inauguração em Sergipe, que trata-se de um marco para o Brasil, uma vez que Sergipe passa a ter o primeiro terminal de gás importado privado a ser conectado à rede de gasoduto nacional. Ele destacou ainda há possiblidade de a Eneva expandir seu parque tecnológico no estado, a partir do leilão de termoelétricas previsto para ocorrer no final deste ano. Confira a seguir o que disse à imprensa Lino Cançado:

 

Correio de Sergipe – Qual a importância do Hub Sergipe no cenário nacional?

Lino Cançado – É um marco para o Brasil, porque é o primeiro terminal de gás importado privado a ser conectado à rede de gasoduto nacional. É mais um ofertante de gás na rede, aumentando a competitividade do gás natural no Brasil. Além da importância desse gás, a gente tem um leilão de termelétricas, que provavelmente deve acontecer até o final deste ano, abrindo a possibilidade de expandirmos o nosso parque termelétrico aqui no estado de Sergipe, que hoje já conta com as usinas da Celse, mas tem projetos de expansão.

 

CS – O que muda para Sergipe a extensão dessa rede de gasoduto, agora conectado à malha nacional?

LN – Foi colocado um navio aqui, que ele traz gás e regaseifica para as termoelétricas e isso não estava conectado à malha de gasodutos do país. Esse gasoduto agora conecta o gás desse navio com a malha do restante do país, podendo fazer com que este oferte mais gás na malha. É a primeira conexão de um terminal privado a malha de gasoduto da TAG, ofertando mais gás natural para a indústria local e eventualmente ajudando a desenvolver para a indústria local no estado e na região. Somado a isso vai ter um leilão, para novas termelétricas, então existe a possibilidade de ampliar a capacidade de geração termelétrica, que hoje nós chamamos Hub Sergipe. Antes era uma termelétrica com navio e agora é uma termoelétrica com navio conectado a um gasoduto no qual ele pode colocar gás, retirar e desenvolver essa capacidade.

 

CS – Pode traduzir isso em números?

LC – Para dar uma ideia da magnitude, esse navio que tá parado aqui (litoral sergipano) que foi colocado pra atender as termoelétricas aqui de Sergipe, nós temos uma capacidade de regaseificar 21 milhões de m³/dia. A usina termoelétrica Celse consome cerca de 6 milhões de m³/dia, um pouco menos de um terço da capacidade desse navio. Então, existe uma capacidade ociosa, desse excedente. Esse gás será justamente o que poderá ser ofertado e comercializado na malha, uma vez que esse gasoduto esteja pronto.

CS – De que forma essa expansão da rede de gasoduto impacta no desenvolvimento econômico e social do estado?

LC – O gás natural, entre os combustíveis fósseis, é o menos poluente. Ele é necessário para a matriz brasileira, que cada vez é mais renovável, mas precisa de usinas a gás, justamente para compensar aqueles períodos nos quais as renováveis não geram: solar à noite não gera, quando não venta não tem energia eólica, quando não chove não em energia nas hidroelétricas. Então o país precisa, com o desenvolvimento dos renováveis, ter usinas a gás.

Acho que o impacto social, com essa oferta de gás, se dará pelo estímulo à indústria local, fazendo com que se desenvolvam novos negócios, gere empregos. Acho que cabe ressaltar que Sergipe sempre tem sido um estado muito parceiro na questão do gás. Talvez tenha a legislação para gás natural mais moderna do país e isso faz com que as empresas tenham interesse e sejam motivadas a investir no estado.

 

CS – Que outros benefícios podem ser destacados?

LC – Obviamente aumenta-se a arrecadação de impostos. Tem um aumento dos programas sociais que a Eneva já desenvolve. Nós temos programas sociais de formação de mão de obra; voltados ao desenvolvimento de mulheres empreendedoras. São programas que a gente já desenvolve em outros estados, alguns aqui em Sergipe também e à medida que os nossos investimentos aumentam é claro que nós vamos ampliar esses programas e a oferta de treinamento e de emprego.

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