Um outro padrão observável há algumas décadas é a sobremortalidade masculina por causas não naturais. Nos últimos dez anos, esse padrão se intensificou. Em 2009, eram 6,7 óbitos não naturais masculinos para cada óbito não natural feminino. Em 2019, por sua vez, eram 8,0 óbitos não naturais masculinos para cada óbito não natural feminino. Essa sobremortalidade é mais evidenciada nos grupos etários mais jovens (15 a 29 anos, sobretudo), mas persiste até as idades mais avançadas, embora em proporções menores.
No geral, porém, a tendência é de queda de participação dos óbitos não naturais no total de óbitos. Em 2009, 12,25% dos óbitos ocorridos foram decorrentes de causas não naturais, ao passo que, em 2019, esse percentual havia caído para 10,86%. O aumento de participação de óbitos naturais é indicativo de mais óbitos em grupos de idade mais avançados, reflexo do envelhecimento populacional.
Considerando apenas o grupo com idades entre 15 a 24 anos na população masculina, as mortes não naturais chegaram a 72,3% do total de óbitos. Ou seja, aproximadamente 7 a cada 10 homens que morrem na idade de 15 a 24 anos, morrem de causas não naturais (violência, acidentes, suicídio, etc.).
Esse percentual registrado pelo estado de Sergipe é o quarto maior percentual do país, que, no total, registrou um percentual de 65,9%. O estado com maior proporção de mortes não naturais nesse grupo de idades foi a Bahia (83,1%), seguido de Rio Grande do Sul (79,9%) e Alagoas (72,4%), os únicos três estados com percentuais maiores que os de Sergipe. Os menores percentuais foram registrados no Acre (39,2%), no Distrito Federal (44,0%) e no Amazonas (49,5%).
Para os dados de óbitos, deve ser destacado que o percentual de sub-registro, ou seja, de óbitos que não são registrados até o encerramento do primeiro trimestre do ano seguinte à sua ocorrência, é significativamente mais elevado do que o sub-registro de nascimentos.
Em Sergipe, por exemplo, estima-se que 9,25% dos óbitos ocorridos em 2018 não foram registrados até o encerramento do primeiro trimestre de 2019. Em estados como o Maranhão, esse percentual chega a 26,36%. No Rio de Janeiro, estima-se que apenas 0,53% dos óbitos não tenham sido registrados no intervalo de tempo considerado. A média para o Brasil ficou em 4,00%. Em números absolutos, estima-se que, em Sergipe, 1.215 óbitos ocorridos em 2018 não haviam sido registrados até o primeiro trimestre de 2019.