No Brasil, as mulheres representam 51,5% da população, segundo o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Sergipe, essa taxa chega a 52,1%. Embora desempenhem um papel fundamental no desenvolvimento econômico, social e cultural, elas ainda enfrentam desafios como a desigualdade salarial, a violência de gênero e a baixa representatividade em espaços de poder. Para mudar essa realidade, o Governo de Sergipe tem investido em políticas públicas voltadas para a promoção da autonomia, segurança e bem-estar das mulheres.
As iniciativas voltadas para as mulheres estão em diversas áreas, desde o combate à violência até o incentivo ao empreendedorismo e à inclusão produtiva. Entre essas ações estão o Plano Estadual de Prevenção e Enfrentamento à Violência Contra a Mulher, o Programa Sergipanas Empreendedoras da Fapitec, as vagas afirmativas para mulheres no Núcleo de Apoio ao Trabalho (NAT), a Carreta da Mulher da Secretaria de Estado da Saúde e o Espaço Cuidar da Secretaria de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania (Seasic).
A primeira-dama e secretária de Estado da Assistência Social, Inclusão e Cidadania, Érica Mitidieri, evidencia que o Dia Internacional da Mulher é sobre celebrar as conquistas, mas também sobre reafirmar o compromisso do Governo do Estado com cada sergipana. “Aqui, em Sergipe, a gente tem orgulho de ver mulheres ocupando espaços de liderança, fazendo política pública com propósito, transformando vidas e garantindo direitos. E isso não é por acaso. Nosso estado se destaca nacionalmente por ter mulheres à frente da gestão porque acreditamos que olhar para a mulher é olhar para o futuro. Seguimos juntas, fortalecendo políticas que garantam dignidade, proteção e oportunidades, para que nenhuma mulher fique para trás, afinal, quando uma mulher avança, toda a sociedade avança com ela”, enfatiza.
Esse destaque pontuado pela secretária Érica Mitidieri se refere ao resultado de destaca obtido por Sergipe na pesquisa nacional feita pelos institutos Aleias, Alziras, Foz e Travessia Políticas Públicas que apontaram o estado com um percentual de 41% de participação feminina nas secretarias, figurando como o 5º estado do Brasil com maiores percentuais no quesito. O desempenho demonstra a valorização ao protagonismo feminino nos cargos de liderança, que tem sido uma das marcas da gestão do governador Fábio Mitidieri.
Políticas públicas
Entre as políticas públicas desenvolvidas com foco nas mulheres está o Plano Estadual de Prevenção e Enfrentamento à Violência Contra a Mulher. Lançando em 2024, ele reúne uma série de ações estratégicas para reduzir os índices de violência de gênero no estado. “Já chegamos a ter mais de 30 feminicídios por ano, em Sergipe. No último ano, esse número caiu para 10, uma redução de mais de 50%”, destaca a secretária de Estado de Políticas para as Mulheres, Danielle Garcia.
No rol de ações para fortalecer a rede de proteção às vítimas está a construção da Casa da Mulher Brasileira, um espaço que reunirá serviços essenciais como Polícia Civil, Defensoria Pública, Ministério Público, Judiciário e assistência social. O investimento de mais de R$ 6 milhões fará de Sergipe o primeiro estado do Brasil a contar com um Instituto Médico Legal (IML) dentro da unidade, garantindo que as vítimas realizem exames periciais no próprio local, sem necessidade de deslocamento.
Além das iniciativas voltadas para o emprego e o empreendedorismo, o governo estadual implementou uma política de equidade na ocupação de cargos públicos. De acordo com a secretária Danielle Garcia, o Governo do Estado tem cumprido as cotas de gênero, com 50% dos cargos comissionados ocupados por mulheres. “Além disso, estamos garantindo que empresas contratadas pelo governo reservem vagas para mulheres vítimas de violência. A presença feminina em espaços de decisão é fundamental para que políticas públicas eficazes sejam criadas e implementadas. Estamos avançando nessa direção, promovendo mais igualdade de oportunidades para todas”, salienta.
Outro avanço significativo da gestão foi a criação da Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SPM), que centraliza e fortalece as iniciativas voltadas para a promoção da equidade de gênero. “A criação da SPM representa um marco histórico para Sergipe. Isso demonstra o compromisso do governo com essa pauta”, ressalta Danielle Garcia.
Saúde e bem-estar
O Governo do Estado também tem ampliado os serviços de saúde voltados ao público feminino. A Carreta da Mulher, unidade móvel de atendimento da Secretaria de Estado da Saúde, por exemplo, oferece exames e consultas ginecológicas gratuitas. Entre 2023 e 2024, o número de atendimentos chegou a 5.637. Apenas nos primeiros meses de 2025, já foram 388.
Funcionária pública de 63 anos, Maria do Carmo foi uma das beneficiadas pelo serviço. “Realizei um sonho ao fazer os exames que precisava. O atendimento foi maravilhoso e sou muito grata por isso. É fundamental que as mulheres se cuidem. Eu me preocupo bastante com a minha saúde e a médica que me atendeu me parabenizou pela disposição em me cuidar, e isso traz uma grande alegria para nós, mulheres, pois devemos nos valorizar e cuidar de nós mesmas. Eu faço exames de rotina todos os anos e, neste ano, realizei os exames na Carreta da Mulher. Fiquei encantada com o atendimento, foi realmente um sonho realizado”, conta.
Outra novidade da Saúde é o Programa Opera Mulher, lançado no Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, junto com a fase 2 do Opera Sergipe. A iniciativa oferecerá cirurgias ginecológicas, tratamento para endometriose e reconstrução mamária para mulheres que venceram o câncer. “Esse é um programa que traz dignidade e qualidade de vida para as mulheres sergipanas. É uma reparação histórica na área da saúde feminina”, destaca a secretária Danielle Garcia.
As políticas públicas voltadas para as mulheres têm avançado em Sergipe, mas a luta por direitos e oportunidades continua. Para Danielle Garcia, um dos maiores desafios ainda é a mudança cultural. “Muitas pessoas não entendem que essa luta não é ‘mimimi’. Passamos anos relegadas ao último plano e ainda enfrentamos dificuldades para ocupar espaços de poder. Mas já avançamos muito e seguiremos trabalhando para garantir mais conquistas para as mulheres sergipanas”, frisa.
Mudança de vida
A vida de Joélia Diniz, 44 anos, é um exemplo da força da mulher sergipana. Formada em Administração e com pós-graduação em Comércio Exterior, ela iniciou sua carreira na área de informática, mas migrou para a construção civil. Durante um período de desemprego, encontrou no Núcleo de Apoio ao Trabalho (NAT), ferramenta de recrutamento da Secretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Empreendedorismo (Seteem), a oportunidade de recomeçar. Hoje, atua como auxiliar administrativa em uma empresa do setor e se qualifica para crescer ainda mais na profissão.
“Estava assistindo ao jornal quando vi que havia vagas de emprego abertas. Fui ao NAT me inscrever, mesmo sem experiência na função disponível. Expliquei minha situação ao supervisor, que compreendeu minha necessidade e encaminhou meu perfil para a vaga. No mesmo dia, fui chamada para a entrevista e contratada. Nesse tempo em que fiquei desempregada, fazia bolos para pagar as contas. Tentei outras vagas, mas a resposta que obtive para o comércio é que estava com a idade avançada. A mulher precisa acreditar no próprio potencial e agarrar as oportunidades”, afirma.
Para ampliar o acesso ao emprego formal, o NAT tem reservado vagas afirmativas para mulheres em diversas áreas do mercado de trabalho. Além disso, o governo tem garantido que empresas contratadas pelo Estado reservem postos de trabalho para vítimas de violência doméstica.
Empreendedorismo e protagonismo feminino
Outra iniciativa de destaque é o edital ‘Sergipanas Empreendedoras’, desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fapitec), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec). O programa oferece capacitação e incentivo financeiro para mulheres que desejam iniciar ou fortalecer seus negócios.
Entre as mulheres impactadas pelas políticas públicas está a pesquisadora e geógrafa Márcia Maria de Jesus Santos, responsável pelo projeto ‘Força Feminina: Marisqueiras na liderança da transformação no Ecoturismo Sergipano com comércio justo online’, desenvolvido pelo Instituto Federal de Sergipe (IFS) e que tem como objetivo valorizar o trabalho das marisqueiras e pescadoras artesanais, promovendo autonomia econômica e preservação ambiental. Com o apoio do edital da Fapitec, a iniciativa ganhou ainda mais força, garantindo a aquisição de equipamentos e materiais para expandir as atividades.
A pesquisadora mencionou que, nos últimos dois anos, identificou uma lacuna na valorização das mulheres marisqueiras. Como resposta, o projeto se expandiu para incluir essas pescadoras artesanais, fortalecendo sua visibilidade e representatividade. “Esse edital veio para contribuir diretamente com o fortalecimento da nossa pesquisa, que já vinha sendo desenvolvido, ajudando a dar visibilidade ao tema e às mulheres marisqueiras e possibilitando que elas cheguem até o consumidor final com um preço justo. Além disso, buscamos desenvolver o turismo de experiência, mostrando a importância do meio ambiente e da pesca artesanal”, explica Márcia.
A pesquisadora acredita que a iniciativa permitiu que as marisqueiras se tornassem mais visíveis e valorizadas, promovendo autonomia e novas oportunidades de renda. “Como parte desse trabalho, o projeto está desenvolvendo um livro de receitas que resgata saberes ancestrais e destaca a relevância da pesca artesanal para a culinária sergipana. É preciso enfatizar, também, a importância de eliminar intermediários na cadeia produtiva, garantindo que as marisqueiras tenham acesso direto ao consumidor final e obtenham um preço justo por seus produtos”, frisa ao destacar o potencial do turismo de experiência, permitindo que visitantes conheçam e valorizem o trabalho dessas mulheres, reforçando o lema do projeto: ‘conhecer para pertencer’.
Fonte: Secom