ARACAJU/SE, 9 de março de 2025 , 10:04:45

Mulheres conquistam espaço e protagonismo na indústria em Sergipe

 

O Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, tem suas origens ligadas à indústria, quando operárias reivindicaram melhores condições de trabalho no início do século XX. Hoje, mais de um século depois, as mulheres seguem conquistando espaço no setor, rompendo barreiras e ampliando sua presença em diversas funções dentro das fábricas e empresas, principalmente em posições de liderança.

Em Sergipe, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Sergipe (Codise), vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), tem desempenhado um papel fundamental nesse cenário. Através da atração de investimentos e do fortalecimento da indústria no estado, a Codise impulsiona a geração de empregos e a criação de novas oportunidades para a inclusão feminina no setor.

Os números refletem esse avanço. Em 2024, o saldo de empregos femininos na indústria sergipana foi positivo, com 485 mulheres contratadas no setor. O número representa um crescimento expressivo em comparação ao ano anterior. Já em âmbito nacional, segundo o Observatório Nacional da Indústria da Confederação Nacional da Indústria (CNI), as mulheres representam cerca de 25% da força de trabalho industrial no Brasil.

Avanços e desafios

O aumento da presença feminina no setor é celebrado pela engenheira mecânica e uma das líderes do setor de projetos da fábrica de cimentos Mizu, Isabela Lins. “Hoje, as indústrias já têm um foco maior em igualar a quantidade de homens e mulheres dentro da empresa. Há 15, 10 anos, ou até menos, a gente não via tantas mulheres em posições de liderança, como líder de fábrica, coordenadora ou gerente. Ver que a gente conseguiu conquistar esse espaço é muito gratificante e inspira outras mulheres a persistirem”.

Esse avanço é também um reflexo da mudança de mentalidade e da importância de combater os estereótipos de gênero, opina Thaislayne Silva, assistente comercial da fábrica. “O setor industrial é muito amplo e vale a pena ingressar. É bom começar a desconstruir essa ideia de que a indústria é lugar só para homens. A gente pode e deve estar onde quiser.” Apesar disso, ela relata que já sentiu preconceito fora do ambiente de trabalho ao perceber a surpresa de algumas pessoas ao verem mulheres empregadas em fábricas.

A engenheira civil Raysa Falcão, que também lidera o setor de projetos na fábrica, ressalta que ocupar um cargo de liderança em um ambiente ainda predominantemente masculino é desafiador, mas também inspirador. “A mesma função que o homem pode fazer, a mulher também pode. Ser uma mulher em posição de liderança significa representatividade para muitas que têm medo de seguir nessa área ou desistem por achar que não vão conseguir”.

“Os maiores desafios são quando a gente precisa se posicionar. A credibilidade para nós, mulheres, precisa ser mais trabalhada e, para ser ouvida, eu preciso estar muito bem embasada. Aos poucos, a gente vai conseguindo mostrar para as pessoas que tem o conhecimento necessário para opinar e contribuir em áreas de conhecimento e na gestão de pessoas”, complementa a engenheira mecânica Isabela Lins.

Dia Internacional da Mulher

Foi o movimento de mulheres na fábrica que originou esta data. Em 1908, operárias de uma indústria têxtil em Nova York organizaram uma greve exigindo melhores condições de trabalho, redução da jornada e igualdade salarial. Esse acontecimento deu início a um movimento global em busca de justiça e direitos para as mulheres, sendo oficialmente reconhecido pela ONU, em 1977, como Dia Internacional da Mulher.

Se, no passado, a data de 8 de março foi marcada pela luta de mulheres operárias, hoje ela simboliza a força e o protagonismo feminino na construção de um setor industrial mais diverso e inclusivo.

Fonte: Secom

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