ARACAJU/SE, 1 de fevereiro de 2025 , 19:50:00

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Navio abatido na 2ª Guerra é encontrado no Rio de Janeiro 80 anos depois

 

Após 80 anos submerso, o navio ‘Vital de Oliveira’, afundado por um submarino alemão, durante a Segunda Guerra Mundial, foi encontrado pela Marinha, na costa brasileira.

A embarcação foi abatida em 1944 por torpedos e vitimou 99 pessoas, dos 270 tripulantes.

O navio foi descoberto a 65 quilômetros, da costa de Macaé (RJ) durante uma missão de pesquisa de um navio, que por coincidência, tem o mesmo nome, ‘Vital de Oliveira’, no último dia 16 de janeiro, mas as informações só foram reveladas agora.

Para o professor do instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eduardo Heleno, a descoberta pontua um importante passo na preservação do papel do Brasil durante a guerra.

“A memória sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial é algo que deve ser valorizado. O país participou do maior conflito do século XX enviando uma Força Expedicionária com mais de 25 mil soldados. E uma das motivações para o Brasil entrar em guerra foram exatamente o afundamento de diversos navios mercantes brasileiros, não só no Atlântico como na Mediterrâneo, vitimando militares e civis, entre os últimos, mulheres e crianças”, diz Heleno.

A expedição, denominada “Testes de Mar e Comissionamento”, marcou um avanço significativo na arqueologia naval brasileira. A localização do casco foi possível graças ao trabalho conjunto de militares, mergulhadores locais e equipamentos de alta tecnologia.

O professor destaca que mais de trinta embarcações brasileiras foram abatidas durante o período. “O primeiro ataque, ocorrido em 1941, foi ao navio Taubaté, que navegava próximo ao Egito, e foi atingido por tiros vindos de aeronaves alemães. No ano seguinte, em 1942, outros navios foram à pique dentro da guerra submarina empreendida pelos alemães no contexto maior da batalha do Atlântico. De 1942 a 1944 foram 33 navios afundados. O ultimo deles, em julho de 1944, foi exatamente o Vital de Oliveira”, finaliza Heleno.

O ecobatímetro permitiu a criação de modelos tridimensionais do naufrágio, enquanto o sonar gerou imagens detalhadas do casco. Ao todo, foram realizadas 32 linhas de sondagem e 9 linhas de varredura lateral, cobrindo uma extensa área ao redor do local.

“Naufrágios e outras estruturas submersas são registros materiais da história marítima do Brasil. Essas evidências permitem compreender rotas comerciais, estratégias navais, avanços tecnológicos e episódios como confrontos militares e desastres marítimos. Em alguns casos, as embarcações naufragadas estão associadas a períodos específicos, como a Segunda Guerra Mundial, o que adiciona relevância estratégica e diplomática ao seu estudo”, detalha o Capitão-Tenente Demilio, membro da expedição.

A localização do naufrágio contou com a colaboração dos mergulhadores José Luiz e Everaldo Meriguete, ao atenderem o chamado de um pescador, identificaram a presença de um canhão no fundo do mar e avisaram a Marinha.

A antiga embarcação foi o único navio militar brasileiro a ser torpedeado por forças inimigas durante a Segunda Guerra Mundial.

Os próximos passos da pesquisa incluem o processamento dos dados para criar modelos tridimensionais mais detalhados, o uso de mergulhos técnicos e veículos subaquáticos operados remotamente para coletar fotos, vídeos e outros dados.

Descoberta será integrada ao projeto “Atlas dos Naufrágios de Interesse Histórico da Costa do Brasil”, iniciativa da Marinha para catalogar embarcações naufragadas no litoral.

O capitão de Fragata Manoel Antônio Vital de Oliveira, Patrono da Hidrografia, morto durante a Guerra do Paraguai.

Fonte: CNN Brasil

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