Da redação, Joangelo Custódio
No próximo dia 3 de agosto, entram em vigor as novas especificações da gasolina automotiva, estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). De acordo com a estatal, essas novas especificações vão aprimorar a qualidade da gasolina brasileira, além de proporcionar maior eficiência energética, melhorando a autonomia dos veículos pela diminuição de consumo, além de viabilizar a introdução de tecnologias de motores mais eficientes, com menores níveis de consumo e emissões atmosféricas. Porém, dizem especialistas, essa melhoria toda fará o preço do produto subir nos postos de combustíveis e, por conseguinte, pesar no bolso do consumidor.
Em conversa com a AJN1 e Jornal Correio de Sergipe, o secretário Executivo do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Sergipe (Sindpese), Maurício Cotrim, diz que o aumento é inevitável, mas, por outro lado, o consumidor ganhará em economia e performance de seus veículos, principalmente os mais modernos, e que, por enquanto, não dá para calcular o valor exato que será cobrado.
“A condição para a gasolina ter mais qualidade, tornará esse combustível mais caro. Acreditamos que o consumidor irá sentir no custo/benefício, pois a nova gasolina tem proposta em oferecer mais desempenho. Mesmo que o preço da nova gasolina dela seja mais caro, haverá compensação diante de um consumo menor, pois o desempenho do carro será maior. Não sabemos mensurar quanto, teremos que aguardar a partir de agosto para entender como está o mercado”, afirma Maurício, ao ressaltar que, mesmo com o futuro reajuste, a expectativa é positiva. “Até porque, quanto melhor a qualidade do combustível, maior a satisfação dos nossos clientes”.

Publicada em janeiro deste ano, a resolução deu prazo até 3 de agosto para os produtores de combustíveis se adequarem às regras, data em que toda a gasolina produzida no país deverá atender às novas especificações. A ANP informou que dará dado prazo adicional de 60 dias para as distribuidoras e de 90 dias para os revendedores se adequarem, permitindo o escoamento de possíveis produtos comercializados até o dia 2 de agosto ainda sem atender integralmente às novas características.
Atualmente, segundo o Sindpese, Sergipe tem cerca de 300 postos de combustíveis e o preço médio da gasolina praticado no Estado é de R$ 4,0840 por litro.
Especificação
Conforme a ANP, a revisão da especificação da gasolina automotiva contempla, principalmente, três pontos. O primeiro é o estabelecimento de valor mínimo de massa específica (ME), de 715,0 kg/m3, o que significa mais energia e menos consumo.
O segundo é valor mínimo para a temperatura de destilação em 50% (T50) para a gasolina A, de 77,0 ºC. Os parâmetros de destilação afetam questões como desempenho do motor, dirigibilidade e aquecimento do motor.
O terceiro ponto é a fixação de limites para a octanagem RON (Research Octane Number), já presente nas especificações da gasolina de outros países. A fixação de tal parâmetro mostra-se necessária devido às novas tecnologias de motores e resultará em uma gasolina com maior desempenho para o veículo.
“Tudo que traz benefícios através de um produto de qualidade, agrega valor, tanto para revenda quanto para o consumidor. Entendendo que o custo/benefício será válido, ou seja, por um lado estaremos consumindo uma gasolina mais tecnológica, e por outro lado ainda temos um custo/benefício em relação ao desempenho do veículo em autonomia e desgaste do motor”, reforça o secretário Executivo do Sindpese.
Parâmetros de octanagem
A ANP explica que existem dois parâmetros de octanagem – MON (Motor Octane Number) e RON. No Brasil, afirma a estatal, só era especificada a octanagem MON e o índice antidetonante (IAD), que é a média entre MON e RON. O valor mínimo de octanagem RON, para a gasolina comum, será 92, a partir de 3 de agosto de 2020, e 93, a partir de 1º de janeiro de 2022. Já para a gasolina premium, será de 97, já a partir de 3 de agosto próximo.
“Essa mudança é resultado da realização, pela ANP, de estudos e pesquisas dos padrões de qualidade, considerando o acompanhamento das especificações e harmonizações internacionais, bem como de amplos debates com os agentes econômicos do mercado de combustíveis. Atende aos atuais requisitos de consumo de combustível dos veículos e de níveis de emissões progressivamente mais rigorosos, considerando cenário futuro das fases L-7 e L-8 do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve – Ibama) e do Programa Rota 2030 – Mobilidade e Logística (Governo Federal)”, diz a ANP.