O Nubank registrou lucro ajustado de US$ 487,3 milhões no segundo trimestre, uma alta de 28,6% na comparação com o primeiro trimestre e de 116,7% ante o período de abril a junho do ano passado. O crescimento veio acompanhado de um aumento da inadimplência, que por sua vez reflete a decisão do banco de tomar mais risco.
A receita chegou a US$ 2,849 bilhões, com expansão de 4,1% e 52,4%, nas mesmas bases de comparação. Excluindo o efeito da variação cambial, os avanços da receita teriam sido de 11,7% e 64,8%, respectivamente.
O Nubank gerou, no segundo trimestre, um retorno sobre patrimônio (ROE) anualizado de 28%, superior ao de 23% no primeiro trimestre e de 17% no segundo trimestre do ano passado.
Com ajuda da expansão internacional, o Nubank encerrou junho com 104,5 milhões de clientes. A base cresceu 5,2% em três meses e 24,8% em um ano. Havia 95,5 milhões de usuários no Brasil, 7,8 milhões no México e cerca de 1,3 milhão na Colômbia.
“Nossos resultados do segundo trimestre reafirmam a força do nosso modelo de negócios, a eficiência da nossa execução e a resiliência da nossa concessão de crédito. O recente lançamento de contas correntes no México e na Colômbia gerou depósitos de US$ 3,3 bilhões e US$ 220 milhões nesses países, respectivamente, e alimenta nossas expectativas de crescimento nessas operações”, disse em nota David Vélez, fundador e CEO global do Nubank.
A carteira de crédito desacelerou e foi influenciada pela variação cambial. No fim de junho, a fintech tinha um saldo de US$ 18,9 bilhões, o que indica queda de 3,6% no trimestre e alta de 27,7% em 12 meses. Com o ajuste da moeda, houve alta de 8% em três meses e de 48,8% um ano. São US$ 14,3 bilhões em cartão e US$ 4,6 bilhões em empréstimos. A originação no Brasil foi de R$ 13 bilhões, sendo R$ 11,2 bilhões em crédito sem garantia e R$ 1,8 bilhão com garantia (como consignado e antecipação de FGTS).
As despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) atingiram US$ 759,8 milhões, com queda de 8,5% no trimestre e alta de 28,7% em um ano. Excluindo a variação cambial, a queda no trimestre foi bem menor, de 2%.
A inadimplência ficou em 7% em junho, de 6,3% em março e 5,9% em junho de 2023 – nos grandes bancos brasileiros, o indicador está em queda, depois de um ciclo negativo nos últimos anos. A inadimplência de curto prazo (atrasos de 15 a 90 dias), por sua vez, ficou em 4,5%, de 5% e 4,3% na mesma base de comparação.
O vice-presidente financeiro do Nubank, Guilherme Lago, afirmou que a alta da inadimplência é intencional e está dentro do esperado. Segundo ele, desde o fim de 2022 o banco vem crescendo mais em crédito pessoal — que tem uma inadimplência maior — do que em cartão de crédito. E, no cartão, vem expandindo para clientes de maior risco. Esses dois fatores fizeram o indicador aumentar.
“Intencionalmente colocamos mais risco. Foi intencional e a evolução da inadimplência veio essencialmente dentro das bandas de expectativas. A questão é: isso leva a inadimplência a subir sim, mas estamos sendo recompensados? Nossa margem ajustada ao risco saiu de 13,2% no fim de 2022 para 21,8% agora. Se não tivéssemos feito o que fizemos, ela teria ficado ao redor de 13%, 14%.”
O executivo argumentou que as principais linhas de crédito têm prazo médio curto, de seis semanas no cartão e de cinco a sete meses no crédito pessoal. Isso permite que o banco vá analisando o comportamento das safras e, se necessário, ajuste a alocação de capital. “Temos uma dinâmica muito ativa do crédito e, certamente, se notarmos uma inadimplência maior do que o esperado, não vamos pensar duas vezes em ajustar. Mas não é isso que estamos vendo. Em julho tivemos originação recorde de crédito pessoal”, disse.
De acordo com Lago, o ROE do Nubank na operação brasileira superou 50% e o lucro bateu em quase 16% a média das projeções dos analistas. “Isso mostra que nosso modelo está funcionando muito bem, não só em termos de crescimento, mas de rentabilidade e resiliência financeira.”
O resultado teria sido ainda melhor, destacou o executivo, se não fosse a desvalorização do real. A moeda brasileira caiu 12% ante o dólar no trimestre.
Fonte: Valor