ARACAJU/SE, 17 de agosto de 2025 , 8:41:04

Pais também choram: psicanalista explica sobre a saúde mental masculina

 

Os pais também possuem o direito à sensibilidade, também choram, são emotivos e sofrem em silêncio. Porém, segundo explica a psicanalista Andrea Ladislau, ainda existe o estigma do preconceito de que homem tem que ser forte a todo custo. Sentir emoções, ser capaz de nomeá-las, reconhecê-las, expressá-las, elabora-las e até transformá-las é essencial para qualquer pessoa, de qualquer gênero. Isso nos ajuda a viver uma vida mais feliz e madura.

 

“É muito comum nos depararmos com homens inseguros, frustrados e com dificuldades em lidar com suas próprias fraquezas, porque um dia acreditaram nos estereótipos e regras inventadas por uma sociedade opressora que criou paradigmas para a masculinidade”, diz a especialista.

Andrea lembra que a sociedade cobra um comportamento do menino que cresceu entendendo que demonstrar os seus sentimentos é sinal de fraqueza. De forma natural, ele coloca-se no lugar que acreditou sempre ser dele: o lugar da razão. Enquanto a menina desempenha o papel frágil da emoção.

 

“A ela é permitido chorar, demonstrar sensibilidade, pois foi pré-estabelecido que o gênero feminino, diferente do gênero oposto, não precisa suprimir os sentimentos. Rótulos de uma sociedade que não permite que sejamos diferentes”, afirma.

 

Oprimir a emoções, chorar, prejudica a saúde mental

 

Para Andrea, essas fartas restrições à liberdade de expressão de sentimentos e emoções, certamente, tem um preço alto a se pagar. Elas causam sofrimento, geram estresse e podem levar até a diagnósticos como ansiedade, fobias sociais e dificuldades em se relacionar afetivamente.

 

A psicanalista complementa que controlar as emoções e desenvolver habilidades estratégicas na quebra destes paradigmas, sem dúvida, é a chave do sucesso para que o homem consiga se libertar da pressão para ocultar o que sente.

 

“Afinal, chorar, rir e gritar, faz parte de uma predisposição biológica natural. Nossas personalidades e atitudes não podem ser condicionadas pelo social, determinadas por estereótipos de gênero. Devem corresponder aos nossos mais genuínos sentimentos e vontades.

 

Antes de sermos pais ou mães, somos humanos. Sentimos dor, alegria, felicidade, tristeza, raiva, inveja e saudade. E que bom que sentimos! Porém, sentir e não poder expressar é como um vulcão, a ponto de explodir e entrar em erupção, prestes a espalhar a lava emocional acumulada por anos dentro do peito. O que muitos consideram fragilidade é na verdade sensibilidade.

 

“Diante de todo o exposto, sabemos que muitos “pais” possuem dificuldade para se expressar, sentir e demonstrar fragilidade e vulnerabilidade. Esse veto cultural à demonstração de sentimentos e vulnerabilidades por parte dos homens contribui para engrossar a lista de suicídios e depressão masculina, já que estes não buscam ajuda a tempo, seja para cuidar da saúde física ou mental”, diz.

 

Andrea finaliza dizendo que é preciso comemorar um dia dos pais, normalizando o sentimento daquele que reflete a autoridade, mas também pode refletir os sentimentos genuínos que correm em suas veias.

 

“Todos podemos sentir sim, cada um vai reagir ás situações de uma forma, mas acumular emoção e sentimentos, não verbalizar, não demonstrar, tira o brilho e a energia de qualquer um, além de alimentar dores invisíveis e frustrações. O benefício virá através do equilíbrio emocional e da sanidade mental.

 

 

Você pode querer ler também