O Vaticano atualizou nesta quarta-feira (19) o estado de saúde do Papa Francisco, confirmando que o pontífice, de 88 anos, foi diagnosticado com pneumonia bilateral. O quadro afeta ambos os pulmões e tem tornado o tratamento mais complexo. Apesar disso, o pontífice apresentou uma “noite tranquila”, despertou normalmente e tomou café da manhã, conforme comunicado oficial.
Francisco está internado desde a última sexta-feira (14) no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma. Inicialmente, foi diagnosticado com bronquite, mas a evolução da doença levou à descoberta de uma infecção polimicrobiana nas vias respiratórias. Na noite de terça-feira (20), exames mais detalhados, incluindo uma tomografia, identificaram a pneumonia bilateral.
De acordo com a Santa Sé, exames laboratoriais e radiografias do tórax apontam um quadro clínico “complexo”. A infecção se desenvolveu em um contexto de bronquiectasia e bronquite asmática, exigindo um tratamento com antibióticos e corticoides.
Sem previsão de alta, o Vaticano optou por cancelar os compromissos do papa para o fim de semana. Estavam previstas a audiência jubilar no sábado (22) e a missa tradicional de domingo (23), que agora não serão realizadas.
Essa é a quarta vez em quatro anos que Francisco precisa ser hospitalizado. Em julho de 2021, o pontífice passou por uma cirurgia para tratar diverticulite. Em março de 2023, foi internado por uma bronquite infecciosa e, em junho do mesmo ano, precisou de atendimento hospitalar devido ao risco de obstrução intestinal.
Apesar das complicações, o papa segue estável e, segundo o Vaticano, mantém o bom humor. Ele tem recebido mensagens de apoio e agradeceu as demonstrações de carinho, especialmente de pacientes hospitalizados que enviaram desenhos e mensagens de recuperação. “Rezem por mim”, pediu o pontífice.
A doença do Papa
Alexandre Naime Barbosa, Chefe de Departamento de Infectologia da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, detalhou, em entrevista ao Portal iG, os perigos que a infecção polimicrobiana pode trazer à saúde do pontífice.
“Uma infecção polimicrobiana das vias respiratórias ocorre quando mais de um micro-organismo, como vírus, bactérias ou fungos, acomete simultaneamente o sistema respiratório, levando a um quadro clínico mais complexo. No final da semana passada, o Vaticano divulgou que o paciente estava com um quadro de bronquite. Em situações como essa, é possível que uma infecção viral inicial tenha evoluído com uma superinfecção bacteriana, agravando o estado de saúde”, iniciou Alexandre Naime.
“Esse fenômeno ocorre porque as infecções virais podem comprometer os mecanismos de defesa do trato respiratório, facilitando a proliferação de bactérias oportunistas. Esse processo é especialmente comum em pacientes idosos e naqueles com doenças pulmonares prévias, pois sua capacidade de resposta imunológica pode estar reduzida. Nesses casos, a evolução para um quadro mais grave, como pneumonia bacteriana, torna-se uma preocupação clínica relevante”, acrescentou.
Pneumonias adquiridas na comunidade, por exemplo, podem ter uma taxa de letalidade entre 10% e 30%, dependendo da gravidade e da presença de outras doenças. Se houver necessidade de ventilação mecânica, os riscos aumentam significativamente. No caso do Papa Francisco, sua idade e histórico médico fazem com que a internação e o tratamento imediato sejam essenciais para evitar complicações.
Fonte: IG