O Parlamento Europeu aprovou por ampla maioria o acordo sobre a relação comercial pós-Brexit com o Reino Unido, em uma votação que representa o ponto final para o difícil e doloroso processo de saída do país da União Europeia (UE).
O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, anunciou nesta quarta-feira (28) que o acordo foi aprovado por 660 votos a favor, 5 contrários e 32 abstenções. A votação foi secreta e ocorreu na tarde de terça-feira (27).
Os líderes das outras duas instituições europeias — o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen — celebraram a decisão do Parlamento.
Michel escreveu que começa agora “uma nova era” nas relações entre UE e Reino Unido, enquanto Von der Leyen disse que será “essencial a fiel aplicação” dos mecanismos estabelecidos no acordo.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, saudou a votação do Parlamento Europeu como “o último passo em uma longa viagem”. “Agora é o momento de olhar para frente, em direção ao futuro”.
O secretário britânico para as Relações com a UE, David Frost, disse que as partes agora podem “iniciar um novo capítulo juntos como europeus, caracterizado pela cooperação amistosa entre soberanos em pé de igualdade”.
O ministro da Economia da Alemanha, Peter Altmaier, destacou que o comércio bilateral “caiu fortemente” nos últimos meses. “Isto mostra que as empresas precisam de regras confiáveis. É por isto que o novo acordo comercial e de cooperação é importante para as duas partes”.
“Com o acordo, queremos aumentar a segurança jurídica para as empresas e os cidadãos e, assim, fortalecer novamente nossas relações econômicas. Isto é importante para UE, mas também para o Reino Unido”, afirmou Altmaier.
Aprovação no fim do prazo
O acordo sobre a relação comercial entre os dois ex-sócios se arrastou por quase todo o ano de 2020 e foi alcançado apenas no fim de dezembro, a poucos dias do fim do prazo estabelecido.
O Reino Unido ratificou o acordo ainda em dezembro, mas o Parlamento Europeu advertiu que a análise das mais de 1,2 mil páginas do tratado exigiria tempo para sua aprovação.
Desta maneira, o acordo pós-Brexit foi implementado de forma provisória, com um prazo que terminaria amanhã (30). Londres já havia antecipado que não aceitaria uma prorrogação da aplicação provisória.
Crise de confiança
As relações entre Bruxelas e Londres enfrentaram nos últimos meses uma evidente crise de confiança, em especial por iniciativas britânicas relacionadas à aplicação do acordo na Irlanda.
Bruxelas critica Londres por violar o protocolo irlandês estabelecido no tratado do Brexit, com a manutenção de alguns controles alfandegários e sanitários entre a República da Irlanda (que integra a UE) e a Irlanda do Norte.
A UE se esforçou para negociar um regime especial que impediria o estabelecimento de uma fronteira física na Irlanda, para proteger o Acordo da Sexta-Feira Santa de 1998, que acabou com a violência na região.
Disputa por vacinas contra Covid
Desde o início deste ano, também explodiu uma disputa entre Reino Unido e União Europeia pelos atrasos nas entregas de vacinas do laboratório anglo-sueco AstraZeneca ao bloco europeu, enquanto o Reino Unido recebia as doses no prazo combinado.
A Comissão Europeia anunciou na segunda-feira (26) que iniciou uma ação legal contra a AstraZeneca por não ter respeitado o contrato de fornecimento da vacina de Oxford contra a Covid-19 e por não ter um plano confiável para garantir as entregas a tempo.
Por France Presse