A busca por inovações na área da saúde tem gerado importantes avanços para enfrentar desafios clínicos. Entre os problemas frequentes estão as infecções pós-operatórias, que dificultam a recuperação dos pacientes e aumentam os custos dos tratamentos. Para abordar essa questão, Kelisson Alves Sousa, estudante do 9º período de Enfermagem da Universidade Tiradentes (Unit), desenvolveu uma pesquisa na Iniciação Científica sobre a eficácia de fios de sutura medicados com Extrato Hidroalcoólico de Própolis Vermelha (EHPV).
O estudo, intitulado “Avaliação da eficácia de um fio de sutura medicamentoso: etapa pré-clínica”, foi realizado entre setembro de 2023 e novembro de 2024. Os resultados indicaram que o fio apresenta propriedades antimicrobianas e auxilia no processo de cicatrização, reduzindo infecções e promovendo uma recuperação mais rápida. “Os fios tratados com o extrato mostraram significativa atividade antimicrobiana contra o Staphylococcus aureus, uma das principais bactérias associadas a infecções cirúrgicas. Nos testes in vivo, foi observada uma leve inflamação inicial, mas após 15 dias houve maior produção de colágeno e uma cicatrização mais eficaz”, explica Kelisson.
Essa inovação tem potencial para transformar a prática clínica, diminuindo os riscos de infecção, acelerando a recuperação e reduzindo o tempo de hospitalização, o que impacta positivamente os custos dos tratamentos. “O fio de sutura combina a ação antimicrobiana e cicatrizante de um extrato natural, oferecendo uma solução mais segura e eficaz para tratar feridas e prevenir infecções, que são problemas comuns em procedimentos cirúrgicos”, destaca Kelisson.
Detalhes sobre o projeto
O desenvolvimento do projeto envolveu uma equipe multidisciplinar liderada pela professora Juliana Cordeiro Cardoso, que supervisionou todas as etapas. A pesquisa contou com a colaboração de profissionais que contribuíram com análises e conhecimentos técnicos fundamentais.
Entre os colaboradores, Adão de Jesus Freire, enfermeiro e mestrando do Laboratório de Biomateriais (LBMat), foi responsável por caracterizar o fio de sutura, avaliando propriedades como intumescimento e degradação para assegurar sua estabilidade e desempenho no estudo. “Essa etapa de caracterização foi essencial para garantir que o fio cumprisse os requisitos necessários em diferentes condições”, afirma.
Outro colaborador importante foi Adilson Allef, esteticista e doutorando, que analisou o Extrato Hidroalcoólico de Própolis Vermelha por meio da técnica de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC), garantindo a qualidade e padronização do extrato. Agenor Gomes, biomédico e doutorando do Laboratório de Morfologia e Patologia Experimental (LMPE), realizou testes antimicrobianos utilizando métodos como macrodiluição em caldo para avaliar a eficácia do fio contra bactérias.
“O trabalho coletivo foi decisivo para o sucesso do projeto. Cada integrante trouxe contribuições valiosas, enriquecendo as análises e execuções. Além disso, o professor Ricardo Albuquerque, da Universidade Federal de Santa Catarina, realizou análises histológicas, fornecendo informações detalhadas sobre os efeitos do fio medicamentoso nos tecidos. A troca de ideias e a colaboração no laboratório foram determinantes para alcançar os objetivos da pesquisa”, ressalta Kelisson.
O papel da Unit e o interesse na pesquisa
A Universidade Tiradentes desempenhou um papel essencial no andamento do projeto, oferecendo suporte estrutural e acadêmico. “A infraestrutura dos laboratórios e do Biotério foi crucial para a caracterização do fio e os testes antimicrobianos. A orientação da professora Juliana Cordeiro Cardoso foi indispensável para assegurar a qualidade e condução do trabalho. Esse suporte proporcionou uma experiência prática, interação com profissionais de outras áreas e o desenvolvimento de habilidades importantes para minha formação”, afirma.
Kelisson destaca que seu interesse pela pesquisa foi inspirado por familiares da área da saúde e pela vivência clínica. “Conviver com essas pessoas despertou meu interesse pela pesquisa, mostrando como a ciência pode impulsionar melhorias na saúde. A experiência com a Iniciação Científica marcou minha formação, ensinando-me a importância do pensamento crítico, organização e rigor científico, além de mostrar como a pesquisa pode contribuir para práticas clínicas mais avançadas”, comenta.
Próximos passos
Após a conclusão da pesquisa, o próximo passo será ampliar os estudos para validação clínica e divulgação dos resultados. A expectativa é de que o fio medicamentoso seja amplamente utilizado. “Acredito que esse trabalho pode abrir novas possibilidades para tratamentos inovadores. Meu objetivo é continuar explorando a pesquisa científica, integrando-a à prática clínica para aprimorar o cuidado aos pacientes. Como enfermeiro e pesquisador, espero contribuir para a ciência e incentivar futuros profissionais a valorizarem a pesquisa e a inovação no cuidado à saúde”, conclui Kelisson.
Fonte: Asscom Unit