Da Ascom, Águas do São Francisco
Intitulada 'Hidrodinâmica ambiental no Baixo São Francisco e suas relações antrópicas', a tese de doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente (pela Universidade Federal de Sergipe/UFS) da bióloga e pesquisadora do Projeto Águas do São Francisco, Neuma Rubia Figueiredo Santana, objetiva caracterizar a hidrodinâmica ambiental e as suas relações antrópicas na foz do rio São Francisco, localizado em Sergipe.
De acordo com a autora, que é orientanda do professor Antenor Aguiar (coordenador técnico do Projeto, pós-doutor em Recursos Hídridos e pesquisador da UFS), o estudo baseia-se na hipótese de que a salinidade nas águas superficiais, na foz do rio São Francisco, pode estar sendo influenciada pela redução de sua vazão, o que possibilita a intrusão salina com maior intensidade no Baixo São Francisco e, dessa forma, pode comprometer os seus múltiplos usos, principalmente, os ligados ao abastecimento humano.
“Considerando a grande importância dos recursos naturais para todo ser vivo, é fundamental que haja uma relação equilibrada entre eles, embora, atualmente, boa parte de sua extensão passe por fortes efeitos das ações antrópicas, que estão sendo sinalizadas, devido ao avanço da degradação ambiental. Tratando-se da bacia hidrográfica do rio São Francisco, ela abrange uma área de drenagem maior do que 639km2, cujo leito principal apresenta 2.700km de extensão. Em sua divisão fisiográfica, o Baixo São Francisco engloba partes da Bahia (iniciando em Paulo Afonso), de Sergipe e de Alagoas (culminando na sua foz)”, justifica Rúbia.
Quanto à metodologia de trabalho, a autora explica que, inicialmente, para reconhecimento da dinâmica ambiental da bacia hidrográfica, foi realizado o levantamento de dados em campo, coletas e análises químicas, físicas e biológica da água, em posterior a simulação da hidrodinâmica ambiental, através do sistema computacional chamado de SisBaHiA (Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental da hidrodinâmica ambiental).
“Os resultados iniciais (2014) da tese indicam a presença de salinidade e coliformes na água de consumo, o aumento das macrófitas aquáticas já afetam a atividade de navegação e a pesca, na região. Isso representa uma das consequências dos altos índices de ocupação irregular e dos frequentes despejos de efluentes domésticos nas margens do rio. Conclui-se, portanto, que a degradação ambiental e a salinidade na foz do rio São Francisco são fatores que afetam, diretamente, os recursos naturais nessa região, ocasionando, assim, prejuízos para a comunidade local”, finaliza a pequisadora, ao informar que a previsão de conclusão da tese é em 2017.
Águas do São Francisco
Executado pelo SergipeTec e UFS, com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, o projeto visa recuperar as Áreas de Preservação Permanente (APP's) e monitorar a qualidade da água nas bacias hidrográficas dos rios Betume (em Neópolis, Pacatuba e Ilha das Flores) e Jacaré (entre Poço Redondo e Canindé do São Francisco), promovendo a educação ambiental entre os assentados e irrigantes em comunidades do Baixo São Francisco, garantindo a regularização da produção de água, por meio do equilíbrio ambiental e do uso sustentável de recursos naturais.
O Águas do São Francisco atua no reflorestamento, por meio de plantio de mudas e condução da regeneração natural; no monitoramento ambiental, para possibilitar a identificação dos efeitos do desmatamento e das mudanças de uso do solo nos processos hidrológicos; e na educação ambiental, através da promoção de dezenas de atividades de formação, com cursos, oficinas e capacitações profissionais. Em dois de execução das ações do projeto, foram plantadas mais de 80 mil mudas (de 30 espécies nativas da Mata Atlântica e Caatinga), em cerca de 50 hectares na região do Baixo São Francisco, beneficiando a mais de 4000 pessoas de comunidades ribeirinhas.