Os últimos seis meses foram de muitos estudos em torno de marcadores sanguíneos, exames cerebrais e oftalmológicos e até sinais de voz – tudo na busca de tentar detectar a demência muito antes dela aparecer. Embora se saiba que um indicador comum de declínio cognitivo é a experiência de perder a memória, saber quando este é resultado de envelhecimento ou quando é patológico ainda é um enorme desafio para a ciência.
Agora, pesquisadores australianos desenvolveram um novo teste de triagem cognitiva que avalia seis aspectos críticos da função cerebral das pessoas: memória, linguagem, orientação, atenção e concentração, função executiva e capacidade de copiar e desenhar figuras geométricas. O último é conhecido como ‘habilidades visoconstrutivas’ e requer também habilidades motoras, consciência espacial e planejamento. A pesquisa foi publicada na revista Age and Ageing.
Até o momento, 526 pessoas com idades entre 39 e 97 anos testaram a ferramenta batizada de ‘McCusker Subjective Cognitive Impairment Inventory’ e responderam a um questionário de 46 itens visando capturar suas preocupações sobre sua capacidade mental atual. A medida subjetiva serviria como um “sinal de alerta” precoce de declínio das habilidades cognitivas ou demência — o colocando em uma categoria de risco mais alto e exigindo um monitoramento mais de perto.
Entre as perguntas, está a percepção de mudanças graduais que elas podem ter experimentado ou notado nos últimos dois anos em comparação a cinco anos antes — como dificuldade de ouvir, se concentrar ou com a linguagem.
“Imagine se você pudesse prever seu risco de demência bem antes que ela se instalasse, e pudesse iniciar o tratamento e impedir que a doença progrida?”, disse o psicólogo clínico e autor principal Hamid Sohrabi, da Universidade Murdoch, ao Science Alert.
O teste se mostrou bastante preciso nas avaliações recentes e mais confiável do que outros anteriores, mas ainda precisa de validação adicional em estudos maiores, disseram os pesquisadores. Outra questão é que há pouco consenso sobre a confiabilidade de pessoas que relatam preocupações cognitivas e por se tratar de uma autoavaliação, elas poderiam relutar em admitir mudanças em sua memória e fala ou até não estarem cientes da doença. Eles também destacam que é preciso diferenciar o declínio mental “normal” do envelhecimento da demência.
Como alternativa, os pesquisadores também encarregaram a inteligência artificial de escanear registros de saúde e detectar padrões em condições que podem estar relacionadas ao início da doença de Alzheimer.
Fonte: Época Negócios