ARACAJU/SE, 22 de julho de 2025 , 19:28:17

Pit bull que atacou criança de 2 anos foi adotado por família há dois meses, segundo PM

 

O cachorro que atacou e levou à morte uma criança de 2 anos foi adotado pela família há dois meses, segundo a Polícia Militar. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo informou que a ocorrência foi às 9h desta segunda-feira (21), em Hortolândia (SP).

De acordo com o adestrador Gilberto Leandro Junior, “acidentes que envolvem pit bulls geralmente estão ligados ao manejo incorreto por parte dos tutores”.

A Polícia Militar foi acionada por uma vizinha. Quando chegaram ao local, os agentes precisaram atirar contra o animal, que é da raça pit bull, para que ele soltasse a menina.

A vítima chegou a ser levada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas chegou sem vida, segundo informações confirmadas pela Prefeitura.

O cachorro, que levou três disparos, também foi socorrido. Até o fim desta reportagem, não foi possível saber o estado de saúde do animal.

A PM informou que ainda não se sabe a dinâmica do acidente, mas a mãe estava no imóvel no momento do ataque. A perícia foi acionada.

Vizinha chamou a polícia

Poliana Eduarda, vizinha da família, foi quem chamou a polícia. Ela havia acabado de chegar do mercado quando ouviu os gritos de socorro da mãe.

“Na hora que eu corri, vi o cachorro sacudindo a menina. Eu peguei e liguei para a polícia. A mãe [da criança] estava falando: ‘socorro’. Na hora que eu vi, ela estava em desespero”, narrou a vizinha.

“O cachorro já estava daquele jeito com a menina. Eu entrei em desespero também e liguei para a polícia. [O cachorro] não soltava, não tinha como. Começou sacudindo a cabeça. Eu fiquei totalmente desesperada”, comenta. “A cena ali, o choque foi muito grande”.

A auxiliar de serviços gerais conta que um vizinho tentou usar um pedaço de madeira para interromper os ataques do pit bull, mas não teve resultado. “Eu nem sabia que tinha cachorro aqui. [A menina estava ferida] muito sangue, no braço, na cabeça. Ele pegava mais na parte da cabeça e sacudia ela, sacudia bastante. A polícia pegou e atirou. Depois eu entrei pra dentro de casa”.

“Eu, por ser mãe, na hora que eu vi a reação, comecei a chorar, entrei em pânico. Não sabia nem qual era o telefone do Samu, porque entrei em um desespero muito grande”, afirma Poliana.

Adoção responsável

De acordo com Gilberto Leandro Júnior, adestrador comportamental formado em psicologia canina, adotar um cão, especialmente de médio ou grande porte, exige responsabilidade e preparo.

“Cães que chegam a uma nova casa, seja filhote ou adulto, precisam passar por um processo de adaptação, que inclui limites claros, rotina estruturada e socialização gradual com o ambiente e com as pessoas”, explica o adestrador. Além disso, Júnior reforça a importância de buscar orientação profissional, com um adestrador que oriente o tutor a entender como o cão se comunica e como evitar situações de risco. “Nenhuma criança pequena deve interagir com um cão sem supervisão, independentemente da raça”, afirma o especialista.

No caso da raça pit bull, segundo Júnior, trata-se de uma raça forte, resistente e com muita energia, criada originalmente para atividades de combate. No entanto, isso não torna o pit bull naturalmente agressivo.

Quando o animal é criado com responsabilidade, socializado desde filhote e estimulado física e mentalmente, o cão pode ser extremamente equilibrado, obediente e afetuoso.

“A agressividade, na maioria das vezes, é resultado de falhas humanas, como a falta de limites, ausência de socialização e reforço de comportamentos inadequados. Ou seja, o problema está na forma como o cão é criado, e não na raça em si”, comenta.

Prevenção

Um dos erros mais comuns, segundo o especialista, é tratar o cão como um bebê, quando o animal precisa de regras e direcionamento. “Respeitar o tempo do animal, estabelecer uma rotina e criar vínculos positivos são os primeiros passos para evitar acidentes.”

“O pit bull é um cão que precisa de uma família ativa, disposta a oferecer rotina, exercício e regras claras. Não é indicado para tutores negligentes, sedentários ou que desejam apenas um cão de guarda. É um cão que exige presença, conhecimento e dedicação”, reforça o adestrador.

Veja abaixo algumas dicas de como evitar ataques

  • Buscar orientação profissional desde o início da adoção;
  • Evitar deixar crianças pequenas sozinhas com qualquer cão;
  • Estabelecer uma rotina com regras claras para o animal;
  • Socializar o cão desde cedo, de forma positiva;
  • Respeitar os sinais do animal e nunca forçá-lo a interações desconfortáveis.

Além disso, o adestrador reforça a importância de vencer o preconceito e conscientizar a sociedade de que “não existem raças perigosas, existem tutores despreparados. A chave para a convivência segura está no conhecimento e no respeito”.

Fonte: G1 Campinas e Região

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