ARACAJU/SE, 1 de setembro de 2025 , 12:58:40

Plano pós-guerra prevê que os EUA administrarão Gaza por ao menos uma década, diz Washington Post

Um plano pós-guerra para Gaza está circulando no governo do presidente Donald Trump, que prevê que os EUA administrarão o enclave devastado pela guerra por pelo menos uma década, realocará a população de Gaza e a reconstruirá como um resort turístico e centro industrial, informou o Washington Post neste domingo (31).

O Washington Post disse que, de acordo com um prospecto de 38 páginas que viu, a população de 2 milhões de Gaza sairia, pelo menos temporariamente, por meio de partidas “voluntárias” para outro país ou para áreas restritas dentro do território durante a reconstrução.

A Reuters noticiou anteriormente que há uma proposta para construir campos de grande porte, chamados “Áreas de Trânsito Humanitário”, dentro – e possivelmente fora – de Gaza, para abrigar a população palestina. O plano levava o nome da Fundação Humanitária de Gaza, ou GHF, apoiada pelos EUA, um controverso grupo humanitário apoiado pelos EUA.

Qualquer pessoa que possua terras receberá um “token digital” em troca do direito de reconstruir sua propriedade, informou o Post, acrescentando que cada palestino que deixar o local receberá US$ 5.000 em dinheiro e subsídios para cobrir quatro anos de aluguel. Também receberá alimentação por um ano, acrescentou.

O Post disse que o plano se chama “Gaza Reconstitution, Economic Acceleration and Transformation Trust, ou GREAT Trust” e foi desenvolvido pelo GHF.

A GHF coordena com o exército israelense e utiliza empresas privadas de segurança e logística dos EUA para levar ajuda alimentar a Gaza. A organização é favorecida pelo governo Trump e por Israel para realizar esforços humanitários em Gaza, em oposição ao sistema liderado pela ONU, que, segundo Israel, permite que militantes desviem ajuda.

Mais de mil mortos tentando receber ajuda em Gaza

No início de agosto, a ONU disse que mais de 1.000 pessoas foram mortas tentando receber ajuda em Gaza desde que o GHF começou a operar em maio de 2025, a maioria delas baleadas por forças israelenses que operavam perto de locais do GHF.

A Casa Branca e o Departamento de Estado não responderam imediatamente a um pedido de comentário, mas o plano para reconstruir Gaza parece estar de acordo com comentários anteriores feitos por Trump.

“A Riviera do Oriente Médio” de Trump

Em 4 de fevereiro, Trump disse publicamente pela primeira vez que os EUA deveriam “assumir” o enclave devastado pela guerra e reconstruí-lo como “a Riviera do Oriente Médio” depois de reassentar a população palestina em outros lugares. Os comentários de Trump irritaram muitos palestinos e grupos humanitários sobre a possível realocação forçada de Gaza.

As forças israelenses atacaram os subúrbios da Cidade de Gaza durante a noite, por ar e terra, destruindo casas e expulsando mais famílias da área, enquanto o gabinete de segurança do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, se preparava para discutir no domingo um plano para tomar a cidade.

O exército israelense intensificou gradualmente suas operações ao redor da Cidade de Gaza nas últimas três semanas. Na sexta-feira (29), encerrou as pausas temporárias na área que permitiam a entrega de ajuda humanitária, designando-a como “zona de combate perigosa”.

Neste domingo, o chefe do Programa Mundial de Alimentos disse que a designação de Israel afetaria o acesso aos alimentos e colocaria os trabalhadores humanitários em perigo.

“Isso vai limitar a quantidade de alimentos aos quais eles têm acesso”, disse a diretora executiva do PMA, Cindy McCain, no programa “Face the Nation” da CBS News.

Fome avança em Gaza

Um relatório divulgado no início deste mês pelo monitor global da fome, Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC), disse que aproximadamente 514.000 pessoas — quase um quarto da população de Gaza — estão enfrentando condições de fome na Cidade de Gaza e áreas vizinhas.

Israel rejeitou as conclusões do IPC como falsas e tendenciosas, dizendo que baseou sua pesquisa em dados parciais fornecidos em grande parte pelo Hamas, que não levaram em consideração um recente influxo de alimentos.

Fonte: Valor

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