ARACAJU/SE, 27 de outubro de 2024 , 8:23:21

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População sergipana enfrenta longas filas e condena greve dos bancários iniciada hoje

Da redação, AJN1

 

“Fui a dois bancos sacar dinheiro para pagar o boleto do meu consórcio, que vence hoje. Se eu não conseguir pagar nesta data, vou perder a contemplação da carta de crédito para pegar meu veículo. Como eu tenho duas poupanças em bancos distintos, preciso sacar uma parte do dinheiro em um banco e depois no outro. Até agora não saquei um tostão furado sequer. Com os bancos em greve, temo que isso não seja possível e eu fique prejudicado.”

 

O depoimento extenso, acima, é do contador Paulo Roberto da Silva, de 34 anos, que ficou cerca de 2 horas na fila de um caixa eletrônico de uma agência localizada no Centro de Aracaju, nesta terça-feira (6), dia em que os bancos estão fechados em virtude da grave nacional dos bancários.

 

A paralisação atinge todos os bancos em Sergipe, inclusive o Banese, que aderiu à orientação do Comando Nacional dos Bancários. Os correntistas terão à disposição apenas os canais de auto atendimento.

 

Com problemas de hipertensão, a dona de casa Ana Cristina, 48, foi uma das milhares de pessoas que se sentiram lesadas. Ela é contra a paralisação. “Não estou bem de saúde e olhe para o tamanho dessa fila. Todos os caixas estão assim, lotados. E com um detalhe: o sistema do Banese é um dos piores do Brasil. No meio da transação ele para de funcionar, o que gera uma demora ainda maior. Na minha opinião, os bancários, que ganham bem, não deveriam fazer isso com o povo”.

 

Precisando de atendimento no caixa presencial, o correntista Marcos Paulo, 50, foi ácido ao externar sua opinião sobre a greve.

 

“Bando de burguês querendo aumento com o país em crise. Quem paga, como sempre, é o povo, que não tem nada a ver com isso. O povo não faz greve quando quer aumento de salário, porque se reclamar é demitido. Enquanto os bancários têm data certa pra receber dinheiro, faça chuva ou faça sol, eles têm a garantia de recebimento e ainda querem fazer greve, quebrando as pernas dos pobres?” indagou ele, com ar de poucos amigos.

 

Reajuste

 

A categoria reivindica reajuste salarial e reposição da inflação, estimada em 9,57% e aumento real de 5%. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ofereceu 6,5% de reajuste no salário, na PLR e nos auxílios refeição, alimentação, creche, mais abono de R$ 3 mil, mas os bancários rejeitaram a proposta.

 

“A proposta da Fenaban não contempla a reposição da inflação e aumento real. Pedimos desculpas e ao mesmo tempo o apoio da sociedade, pelos transtornos naturais de uma greve. Queremos apenas a valorização do nosso trabalho”, destacou a presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe, Ivânia Pereira.

 

Lucros

 

Ivânia revela que, juntos, os cinco maiores bancos em atividade no Brasil (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa Econômica) lucraram mais de R$ 29,7 bilhões, apenas no primeiro semestre deste ano.

 

Demissões

 

Ainda de acordo com a sindicalista, os bancos eliminaram 7.897 postos de trabalho, nos primeiros sete meses deste ano. Entre 2012 e 2015, mais de 35 mil empregos foram reduzidos pelos banqueiros.

 

“Os bancos mantém lucros estratosféricos. Nenhum setor da indústria ou empresarial teve crescimento tão vertiginoso quanto os bancos. Entretanto, os banqueiros se recusam a garantir ganho real aos salários dos bancários e bancárias. Por isso reafirmamos: sem ganho real não tem acordo", garante a Ivânia.

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