ARACAJU/SE, 22 de janeiro de 2025 , 20:09:28

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Prevenção da demência: como estilos de vida saudáveis protegem o cérebro

Manter a saúde mental e cognitiva é essencial para uma vida de qualidade, especialmente diante do aumento da expectativa de vida ao redor do mundo. Nas últimas décadas, a ocorrência de demências tornou-se uma preocupação crescente em escala global. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que cerca de 55 milhões de pessoas convivem com algum tipo de demência, e as projeções sugerem que esse número pode triplicar até 2050.

Essa condição, além de comprometer a qualidade de vida dos pacientes, representa um desafio para os sistemas de saúde e um peso significativo para as famílias. Segundo o neurologista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Helton Benevides, os principais fatores de risco estão associados ao estilo de vida e a doenças crônicas.

A boa notícia é que há várias estratégias que podem ser adotadas para diminuir esses riscos e promover a saúde cerebral. “Controlar problemas crônicos como diabetes e hipertensão, abandonar o cigarro, moderar o consumo de álcool e seguir uma alimentação equilibrada são atitudes fundamentais. Essas práticas não só previnem complicações graves, como o AVC, mas também oferecem proteção contra doenças neurodegenerativas”, explica o especialista.

A relevância dos hábitos saudáveis

Helton Benevides ressalta que uma alimentação adequada e a prática de exercícios físicos regulares são indispensáveis na prevenção de demências. “Uma dieta rica em nutrientes oferece os elementos necessários para o bom funcionamento do cérebro, enquanto os exercícios melhoram o fluxo sanguíneo cerebral e a distribuição de energia. Eles também incentivam a liberação de substâncias que regulam a insulina e a glicose no corpo, combatem os radicais livres e ativam neurotransmissores e fatores que favorecem o controle do humor e da dor”, detalha.

Embora não exista uma atividade física comprovadamente superior, os exercícios aeróbicos apresentam benefícios expressivos na prevenção de doenças neurodegenerativas. “O mais importante é adotar uma rotina consistente, praticando atividades que tragam prazer. É recomendado começar devagar e aumentar gradualmente a intensidade, com o objetivo de criar um hábito saudável. Uma das métricas possíveis, sob supervisão adequada, é o aumento do VO2máx”, orienta o neurologista.

Controle de doenças crônicas e qualidade do sono

Gerenciar condições como hipertensão e diabetes é fundamental para evitar os tipos mais comuns de demência, como Alzheimer e Demência Vascular. “A prevenção da Demência Vascular passa pela redução dos danos causados por essas doenças nos vasos sanguíneos e pela minimização do risco de acúmulo de proteínas anômalas, que podem provocar a morte celular prematura”, alerta.

Além disso, cuidar do sono é essencial. Algumas recomendações incluem:

  • Consultar um especialista: Busque ajuda médica para problemas como insônia ou sono não reparador, que podem estar ligados à Apneia do Sono.

  • Criar uma rotina regular: Estabeleça horários fixos para dormir e acordar.

  • Reduzir o uso de telas: Evite dispositivos eletrônicos no momento de se deitar.

  • Evitar estimulantes: Modere o consumo de cafeína e álcool, especialmente à noite.

  • Preparar-se para dormir: Dedique 30 minutos antes de deitar para organizar pensamentos e planejar o dia seguinte.

  • Evitar atividades intensas à noite: Não pratique exercícios físicos vigorosos próximos ao horário de dormir.

  • Levantar-se se não conseguir dormir: Realize atividades leves, como leitura ou meditação, até o sono retornar.

Os efeitos do isolamento social e da depressão

Manter uma vida social ativa e participar de grupos são medidas importantes para uma vida longa e saudável. “A solidão e a falta de estímulos, frequentemente associadas à depressão, aumentam o risco de demência. Por isso, engajar-se em atividades como corrida, dança, música, bate-papo, terapia ou academias é essencial. O tratamento da depressão, seja com medicação ou intervenções como psicoterapia e grupos de apoio, é crucial para evitar a progressão de quadros demenciais”, orienta Helton Benevides.

O impacto do álcool e do tabagismo

O cigarro é um dos maiores fatores de risco isolados para demências, enquanto o álcool deve ser consumido com extrema moderação, se necessário. “O tabagismo precisa ser interrompido o quanto antes, pois sozinho é capaz de causar danos significativos. Já o consumo de álcool, mesmo em doses baixas, deve ser minimizado, com permissões limitadas a contextos sociais específicos, como uma ou duas taças de vinho”, esclarece o neurologista.

Identificando os sinais de alerta

Alguns sinais podem indicar a necessidade de acompanhamento médico para prevenir ou tratar precocemente possíveis quadros de demência. “O envelhecimento não deve ser visto como sinônimo de esquecimento. Esquecimentos frequentes, dificuldade em lembrar conversas recentes ou pessoas próximas, além de mudanças comportamentais inexplicáveis, como apatia ou euforia, precisam ser investigados”, reforça Helton Benevides.

Embora a maioria dos casos de demência não tenha origem genética, hábitos prejudiciais como alimentação inadequada, sedentarismo, uso excessivo de telas e sono irregular contribuem significativamente para o risco de desenvolvimento dessas condições ao longo do tempo.

Envelhecer de forma saudável começa cedo

Para os jovens, vale lembrar que adotar hábitos saudáveis desde cedo é mais fácil, já que o corpo ainda não apresenta complicações que dificultem mudanças. “Alterar comportamentos prejudiciais exige esforço, disciplina e amor-próprio. Construir um futuro saudável deve ser uma prioridade em nossas vidas”, conclui o neurologista.

Fonte: Asscom Unit

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