Os municípios inscritos no programa Garantia Safra, que solicitaram a inspeção para comprovar a perda das lavouras de milho, têm até o próximo dia 28 de outubro para realizar as vistorias. Os laudos serão encaminhados para a coordenação nacional do programa, em Brasília. O Garantia Safra, coordenado em Sergipe pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura, Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), deve beneficiar mais de 14.500 trabalhadores rurais, de 21 municípios sergipanos, referente à safra 2023/2024.
A vistoria está sendo feita por amostragem, em propriedades rurais dos municípios de Aquidabã, Canindé de São Francisco, Carira, Feira Nova, Frei Paulo, Gararu, Gracho Cardoso, Monte Alegre, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Dores, Pedra Mole, Pinhão, Poço Redondo, Porto da Folha, Ribeirópolis, São Miguel do Aleixo, Tobias Barreto, Nossa Senhora da Glória, Itabi, Nossa Senhora de Lourdes e Canhoba. Técnicos da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e das prefeituras municipais estão em campo para cumprir o cronograma.
O coordenador estadual do Garantia Safra, Sérgio Santana, explica que para reconhecer a perda da safra são analisados, além do laudo do município, os dados do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A confirmação se dará se o laudo de apenas um dos órgãos coincidir com o do município, não sendo necessária a validação de todos juntos”, disse Santana, ao observar que a fase de pagamento acontece após a liberação.
Para a agricultora Concília Barros Freire, do povoado Sítios Novos, em Poço Redondo, o valor do seguro Garantia Safra, de R$ 1.200, pago em uma única parcela, é que ajuda na hora do sufoco, quando não há colheita. “Há muitos anos estou inscrita no programa e é essa ajuda que nos tira do sufoco. Como já aconteceu de outras vezes, este ano o milho não desenvolveu e secou no pé, só vai servir para darmos como ração para as galinhas. Nem para fazer silagem serve. Com esse dinheiro, a gente consegue comprar novas sementes e algum mantimento”, observou.
Nascidos no município de Bom Conselho, em Pernambuco, Dona Concília e o marido, Heleno Rodrigues dos Santos, também agricultor, moram em Sergipe desde que se casaram, há 50 anos. “Aqui nessa região a vida é difícil para o agricultor, por causa da seca. Este ano choveu pouco e prejudicou muito a lavoura. Já era pra estar dando caju nos pés, mas o que a gente vê é só as folhas caindo. O milho a gente perdeu todo, não se desenvolveu e secou nos pés, ficou pequeno demais, assim também foi com o feijão, que este ano praticamente não plantamos quase nada, aí só conseguimos um saco, que deu somente pra gente comer”, relatou o senhor Heleno que herdou do pai a propriedade de seis tarefas, onde o casal criou os três filhos e vive até hoje.
A agricultora Mônica Almeida de Barros, de Lagoa Redonda, povoado de Poço Redondo, também plantou milho em seus 10 hectares de terra e esperava dar uma semente boa, mas não foi o que aconteceu. “O grão ficou bem pequenininho, faltou chuva e ele não se desenvolveu. Faz dois anos que a gente planta e não colhe nada. O que deu não serve para alimentação, somente para ração dos animais”, destacou, ao observar que paga o seguro todo ano, para garantir o benefício. “Com o dinheiro que recebo compro as sementes e ainda ajuda para contratar o trator e arar a terra, além de pagar alguém para ajudar no plantio”, confirmou.
Trabalho de vistoria
De acordo com o técnico da Emdagro, José Augusto dos Santos Nazaré, faz mais de cinco anos que houve o último inverno considerado normal para o município. Este ano, o índice de pluviosidade foi menos de 120 milímetros.
“Poço Redondo é o maior em extensão rural do estado e este ano nós tivemos mais uma grande perda. A gente se sente até constrangido com o que os agricultores estão passando. Auxiliamos no acompanhamento, no cadastramento do programa e agora mais uma vez estamos no local para comprovar a perda da lavoura, a fim de garantir que ele possa receber seu benefício”, explicou.
José Augusto pontuou que, nos últimos meses, foram menos de 40 dias de chuva, que não deu para juntar água nos tanques e nas barragens do município, uma chuva fina que não deu para molhar o centro da terra e o milho não deu o grão que a gente esperava. “Como o agricultor recebe o benefício antes que comecem as chuvas, na safra seguinte, aí dá tempo dele preparar o solo, de comprar a semente com esse recurso e de fazer o seu plantio novamente”, enfatizou.
Fonte: Secom