Neste domingo (21), a Rádio Cultura de Sergipe completa 62 anos. Durante todo o mês a emissora vem realizando entrevistas especiais dentro da programação, a fim de relembrar junto aos ouvintes pouco mais de 6 décadas de evangelização e informação.
No final dos anos 50, o Brasil vivia em clima de expectativa. Era o Governo de Juscelino Kubitschek, famoso pelo plano “50 anos em 5”. O país estava na expectativa da nova capital, Brasília, a ser inaugurada em 1960. Em 58, Pelé e companhia venciam a Primeira Copa do Mundo de Futebol. Na música, surgia o ritmo “Bossa Nova”, com João Gilberto e Tom Jobim, apesar da influência do “rock and roll”, dos Estados Unidos.
Apesar deste clima diferente, o país tinha graves problemas na questão social. A educação era um entrave. Em Sergipe, menos da metade da população sabia ler e escrever e poucos tinham acesso aos direitos básicos. Neste momento o Terceiro Bispo de Aracaju, Dom José Vicente Távora, assumiu a Presidência do Movimento de Educação de Base (MEB), que consistia na educação via ondas sonoras. Vendo a situação que se encontrava o sergipano, o religioso mobilizou a sociedade para que fosse criada uma rádio. A ideia era levar o ensino e que o Evangelho chegasse a mais pessoas, uma vez que o clero era pequeno para a quantidade de comunidades.
Assim, em 21 de novembro de 1959 surgia a “Rádio Cultura de Sergipe S/A”. Uma cerimônia marcou a inauguração da emissora que entrou no ar às 21h. Com 92 anos, o técnico José Apostolo Sobrinho foi o responsável por ligar o transmissor, na época localizado perto do Rua Acre e do Cemitério São João Batista. “Enquanto meu pai, Pedro Apóstolo, ficou na sede da emissora, eu fiquei no transmissor para ligar os equipamentos e acompanhar o desempenho. A Cultura tinha as ondas médias, tropicais e curtas. E foi a primeira a usar link em FM para gerar o sinal do estúdio para os transmissores”, relembrou.
Outro que esteve na inauguração foi o radialista Raimundo Luiz. “Eu comecei com ela. Lembro-me muito bem do seu inicio. A Diretoria da Cultura era composta de Dom Távora, que indicou o então Padre Luciano Duarte para ser o Presidente da Emissora. Tinha o Max Ribeiro e Pedro da Silva Bastos. Todos eram da linha da Ação Católica, que surgiu justamente no prédio da emissora”, descreveu o comunicador, quem também veio a ser o primeiro apresentador do Editorial “Nossa Opinião”.
Outro programa que também marcou a emissora, e ainda está no ar, foi a “Hora Católica”. A atração já vinha da Rádio Liberdade e, com a criação da Cultura, mudou de prefixo. Além de Dom Luciano, outras pessoas passaram pela apresentação. Entre eles Dom Ducênio Fontes de Matos, então Bispo Auxiliar de Aracaju. “Foi uma experiência muito grande de atuar na Hora Católica. Estou Bispo de Campina Grande e trouxe a ideia para a nossa rádio da diocese. Considero o programa um grande marco na vida da Rádio Cultura”, descreveu. Já nos anos 90, a atração começou a ser apresentada de segunda a sábado. Padre Genivaldo Garcia está apresentando há 26 anos. “Fui descobrindo aos poucos essa vocação para comunicar a Palavra de Deus e a Hora Católica é de fundamental importância para a minha vida e a dos ouvintes”, destacou.
O Esporte também marcou época na 670. Segundo Carlos Magalhães, a Copa do Mundo de 1970 foi fundamental para a Rádio Cultura de Sergipe. “Na época não tínhamos ainda a Embratel. Mesmo assim a Cultura foi a única emissora de Sergipe a transmitir os jogos do Brasil direto do México. Foi um momento ímpar da minha vida profissional e da história da emissora”, recordou.
Descoberta de talentos
Durante pouco mais de seis décadas no ar, a Cultura descobriu vários talentos. A locutora Acácia Maria é considerada uma das primeiras mulheres a trabalhar na Cultura. “Certo dia liguei para pedir uma música e o pessoal me convidou para conhecer a rádio. Quando cheguei fui logo convidada para fazer um teste, pois disseram que tinha voz radiofônica. E foi assim que comecei minha carreira de rádio”, comentou.
Durante sete anos o jornalista Cleventon Macedo passou pela Cultura. No começo ele produzia a programação e, em seguida, foi para o jornalismo. “Era tudo novo para mim. Certo dia fui entrevistar o governador. Estava bem nervoso. Jairo Alves de Almeida praticamente me pegou pela mão e disse ‘calma, Cleverton! Pergunte a ele isso e isso’. E foi dessa forma que consegui superar e aos poucos gostar mais e mais da minha área. Devo muito à Rádio Cultura de Sergipe”.
Futuro
Para o Arcebispo de Aracaju, Dom João José Costa, a Rádio Cultura de Sergipe se destaca pelo trabalho de evangelizar e manter o povo informado. “Muitas pessoas fizeram uma experiência com Deus a partir de tantos programas e celebrações. A Cultura teve e tem essa graciosa missão de evangelizar. Temos uma gratidão muito grande a todos os que fazem parte deste importante meio de comunicação”.
O mais recente desafio da rádio é a migração para a FM e a consolidação da Rede Cultura de Comunicação. “Estamos nestes dois anos preparando o terreno para ampliar ainda mais o alcance da nossa emissora que, a partir de agora, se torna rede, com a migração para FM, a Cultura TV, com a livraria, a gravadora e também cursos voltados à evangelização. Louvamos a Deus por todos os que aqui passaram e por nossa equipe que, mesmo pequena, é aguerrida e tem compromisso de levar a palavra de Deus para os lares de Sergipe, Alagoas, Bahia e todos os cantos”, destacou o Diretor-Executivo da emissora, Padre Marcelo Conceição.
Fonte: Portal C8 Noticias
- Em 21 de novembro de 1959 surgia a “Rádio Cultura de Sergipe S/A”.
- Terceiro Bispo de Aracaju, Dom José Vicente Távora.
- Dom Ducênio Fontes de Matos
- A Cultura foi a única emissora de Sergipe a transmitir os jogos do Brasil, na Copa de 1970, direto do México.
- Arcebispo de Aracaju, Dom João José Costa,
- Diretor-Executivo da emissora, Padre Marcelo Conceição.