ARACAJU/SE, 23 de outubro de 2024 , 10:31:09

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“Romanceiro da Inconfidência” é a dica de leitura para o fim de semana

Para aqueles que acreditam que poesia é só ficção, aqui está um caso de pesquisa criteriosa sobre um fato histórico em forma poética: Romanceiro da Inconfidência, da escritora carioca Cecília Meireles (1901-1964), livro que neste ano entra para a lista das obras obrigatórias da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), organizadora do exame para ingresso na USP.

Segundo a professora Norma Seltzer Goldstein, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, especialista em Cecília Meireles, “a poetisa, como gostava de ser chamada, dedicou dez anos da sua vida para consultar fontes históricas e recuperar todo o conjunto de acontecimentos que envolveu a Inconfidência Mineira”.

Além disso, a escritora estudou as formas poéticas medievais, escolhendo o formato romanceiro, poema narrativo, com um assunto histórico e de caráter popular. Outra extensa pesquisa, diz a professora, envolveu os poetas do Arcadismo, um movimento literário contemporâneo aos eventos da Inconfidência Mineira, que tem entre suas características o bucolismo, a idealização da natureza e o interesse por problemas sociais.

“E, dentre os árcades, ela se deteve sobretudo em Tomás Antonio Gonzaga, do qual ela retoma o estilo, alguns versos e alguns termos”, relata Norma, autora de vários trabalhos sobre Cecília Meireles, entre eles Roteiro de Leitura do Romanceiro da Inconfidência, publicado em 1998 pela Editora Ática e atualmente esgotado.

Sobre o Autor

Cecília Meireles, nossa poeta maior, nasceu no dia 7 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Não chegou a conhecer o pai, falecido antes de seu nascimento. Aos 3 anos de idade, perdeu a mãe. Órfã, foi criada pela avó materna, Jacinta Garcia Benevides. Casou-se, em 1922, com Fernando Correia Dias, artista plástico com quem teve três filhas. Dias cometeu suicídio em 1935, vítima de depressão. Viúva, Cecília se casou novamente em 1940, desta vez com Heitor Vinícius da Silveira Grilo, professor e engenheiro agrônomo. Faleceu em sua cidade natal, em 9 de novembro de 1964. A autora foi poeta, ensaísta, cronista, folclorista, tradutora e educadora. Em 1919, publicou o seu primeiro livro de poemas, intitulado Espectros. Em 1934, organizou a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro. Em 1939, foi agraciada com o Prêmio de Poesia Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL), pelo livro Viagem. Dentre tantos prêmios que recebeu, destacam-se o Prêmio de Tradução/Teatro, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 1962; o Prêmio Jabuti de Tradução de Obra Literária, concedido pela Câmara Brasileira do Livro pelo livro Poemas de Israel em 1963; o Prêmio Jabuti de Poesia, pelo livro Solombra, em 1964; e, postumamente, o Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto de sua obra em 1965. Sua poesia foi traduzida para diversos idiomas, incluindo alguns menos convencionais como híndi e urdu, e musicada por uma variedade de artistas.

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