ARACAJU/SE, 28 de outubro de 2024 , 10:30:55

logoajn1

Secretário diz que superlotação ocorre em virtude do aumento da criminalidade

No último sábado (10), 34 detentos utilizaram uma corda artesanal, feita com lençóis amarrados, denominada “Tereza”, para pular o muro e fugir do Complexo Penitenciário Doutor Manoel Carvalho Neto (Copemcan), localizado em São Cristóvão. A fuga em massa, a terceira em menos de um mês, foi o estopim para certificar Sergipe como um dos estados brasileiros com o sistema carcerário falido e em pleno colapso.

 

Em entrevista a uma TV local nesta segunda-feira (12), o secretário de Estado da Justiça e de Defesa ao Consumidor (Sejuc), Antônio Hora, que já foi árbitro de futebol, disse que um dos grandes problemas do sistema prisional sergipano é o aumento da criminalidade. Para ele, há mais bandidos nas ruas tirando o sossego da população, fazendo com que a polícia prenda cada vez mais, superlotando as unidades, que não estão prontas para receber demasiado quantitativo de presos.

 

"É público e notório que a população carcerária vem aumentando de forma assustadora. A criminalidade vem aumentando em nosso Estado que até pouco tempo era um local tranquilo, e que, agora, configura como um dos Estados onde há mais índices de homicídios. A polícia vem intensificando as prisões e o sistema que já estava com déficit de vagas acaba numa situação de colapso”, admite o gestor.

 

Conforme o secretário, esse ano, o Estado conseguiu abrir novas vagas, mas o número é, ainda, insignificante. “Nós inauguramos a cadeia de Estancia, com capacidade para 196 presos, e nós já havíamos aumentado a capacidade do presídio do Santa Maria. Somadas essas duas ações, foram mais de 300 vagas este ano, mas não foi o suficiente para atender à quantidade de presos”.

 

O número de presos que conseguiu fugir do sistema prisional este ano chega a quase 190. A maior parte deles estava detida no Presídio Regional Senador Leite Neto (Preslen), localizado em Nossa Senhora da Glória, e no Copemcan.

 

Segundo Hora, a Sejuc reconhece o problema da superlotação e está dialogando com o governador Jackson Barreto para solucionar o problema. No mês passado, afirma o secretário, foi inaugurada a Cadeia Territorial de Estância, que tem capacidade para abrigar 196 internos.  Ao mesmo tempo, está concluindo as obras da Cadeia Territorial de Areia Branca, com capacidade para 400 a 600 pessoas.

 

Sindpen 

 

Para o Sindicato dos Agentes Prisionais e Servidores da Sejuc (Sindpen), as principais causas para o grande número de fugas são a superlotação e o baixo efetivo de agentes trabalhando.

 

No Copemcan, por exemplo, a capacidade é para 800 presos, mas no momento tem cerca de 2.500. Na unidade, que está interditada para recebimento de novos presos desde agosto, cerca de 20 presos dividem uma cela, quando o número adequado seriam oito.

 

“A superlotação e o baixo efetivo dos agentes são os maiores problemas do sistema prisional. O que há é a incompetência da gestão do senhor secretário. No Copemcan, todas as guaritas estão desativadas. Em Nossa Senhora da Glória só duas estão funcionando. Fatos como esse se tornarão cada vez mais comuns pois a Sejuc não age para solucionar os problemas que afligem presídios", pontuou.

Você pode querer ler também