ARACAJU/SE, 29 de julho de 2025 , 17:22:44

Semac garante suporte ambiental e logístico à 28ª Missa do Cangaço no alto sertão sergipano

 

Em um local simbólico, sob o calor do sertão sergipano e repleto de memórias, a 28ª Missa do Cangaço reuniu fiéis, visitantes e estudiosos nesta segunda-feira (28), no Monumento Natural Grota do Angico (Mona), uma unidade de conservação estadual gerenciada Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac), localizada entre os municípios de Canindé de São Francisco e Poço Redondo, no alto sertão sergipano.

O ato religioso relembra a morte de Lampião, Maria Bonita e outros integrantes do cangaço em 1938, e se tornou uma tradição por promover a valorização da cultura nordestina, da história regional e das belezas naturais da Caatinga. Durante a realização do evento, a Semac atuou desde as primeiras horas da manhã disponibilizando uma equipe de técnicos, estagiários e cerca de 20 condutores ambientais da própria comunidade, que foram capacitados para auxiliar no suporte, garantindo a organização, o acolhimento e o cumprimento das diretrizes ambientais previstas no plano de manejo do Mona.

“A Semac trabalhou para que esse evento, que tem tanto valor histórico e simbólico para o povo nordestino, aconteça de forma respeitosa com o território e com a comunidade local. Os condutores ambientais foram protagonistas no acolhimento dos visitantes e na sensibilização sobre a importância da preservação. Mais uma vez, cumprimos o nosso papel com responsabilidade, e o resultado foi um evento bonito, organizado e em total sintonia com a natureza e com a cultura do sertão”, afirmou Valdelice Barreto, gerente de Áreas Protegidas e Florestas da Semac e gestora do Mona Grota do Angico.

A programação religiosa incluiu duas missas e contou também com momentos de reflexão sobre o cangaço, apresentações culturais e rodas de conversa com estudiosos do tema. A programação contou também com a presença da jornalista Vera Ferreira, neta de Lampião e Maria Bonita e fundadora da Sociedade do Cangaço, responsável por uma das celebrações religiosas. Para ela, a missa é uma forma viva de manter a história presente. “Essa missa é celebrada há 28 anos como uma maneira de fazer com que as pessoas conheçam o local e a história. Quero agradecer, em meu nome e em nome da família, a todos que participaram e nos apoiaram para a realização desse momento”, afirmou.

Quem também reforçou a importância do evento foi o produtor cultural Beto Patriota, criador do grupo de teatro e xaxado ‘Na Pisada de Lampião’ e diretor do filme ‘Zé da Cupira, o cangaceiro de Poço Redondo’. Presente desde a primeira edição, ele ressaltou o valor simbólico e ambiental da missa. “Para nós, fazer parte desta missa aqui, no Mona Grota do Angico é muito importante, desde a preservação ambiental, com os cuidados que os técnicos do Mona têm, até o sentido mais profundo da cultura. Eu participo desde 1998, fui um dos fundadores junto com Vera Ferreira, e só deixei de vir nos anos da pandemia. Mesmo assim, viemos gravar um vídeo de conscientização. A cultura é a maior forma de expressão humana. Ela transforma, muda a maneira de pensar, de agir e de fazer diferente. Parabéns ao Governo do Estado, a todos que fazem o Mona e à comunidade que mantém viva essa celebração”, frisou.

Presente na terceira e quarta edições da Missa do Cangaço, o historiador Eduardo Fiscina, natural de Itapetinga, município da Bahia, voltou a participar do evento nas últimas três edições, incluindo a deste ano. Agora, mobiliza um grupo de 52 pessoas vindas das regiões sul, médio sudoeste e sudoeste da Bahia. Para ele, a celebração tem um papel fundamental na preservação da identidade sertaneja. “Estar aqui é, acima de tudo, fortalecer a memória coletiva do povo do sertão, valorizar a cultura popular e trabalhar com a ancestralidade nordestina. Parabéns a esse pessoal, que mantém viva essa tradição e faz a cultura popular pulsar na nossa região”, sublinhou ele.

Comunidade local

Além de fortalecer o turismo cultural e histórico, a iniciativa também envolveu as comunidades locais por meio da atuação dos condutores ambientais, voluntários que auxiliaram na orientação dos visitantes e reforçaram os cuidados com a conservação do patrimônio natural.

Há três anos, Edvânio Cardoso foi capacitado pelas equipes técnicas da Semac e desde então atua como condutor ambiental no Monumento Natural Grota do Angico. Para ele, participar da Missa do Cangaço é uma oportunidade de valorizar a cultura e o território sertanejo. “Acompanho a Missa do Cangaço como condutor há três anos e, para mim, é muito gratificante fazer parte desse momento. É um evento que representa a cultura nordestina, algo que vem da nossa terra, da nossa região. Tenho orgulho de contribuir com isso”, garantiu.

Para Brena Santos Nazaré, moradora do povoado Angico, no município de Poço Redondo, onde está localizada a Grota do Angico, participar da Missa do Cangaço tem um significado especial. Condutora ambiental voluntária no Monumento Natural, ela destaca o valor da celebração para a comunidade local. “Atuar como condutora no Mona é muito gratificante, principalmente em um dia como esse, em que a gente celebra a Missa do Cangaço. É um momento de reencontro, de fé, de tradição. Todo ano a gente espera por esse dia e é sempre muito especial”, enfatizou.

Mona

Criado em 2007, o Monumento Natural Grota do Angico protege mais de dois mil hectares de Caatinga e abriga um dos principais sítios históricos e arqueológicos de Sergipe, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A unidade também é palco de atividades de educação ambiental, pesquisas científicas e práticas de ecoturismo.

A Missa do Cangaço teve o apoio do Governo de Sergipe, por meio da Semac e da Secretaria de Estado do Turismo (Setur), além de parceiros locais comprometidos com a valorização do sertão e de suas manifestações culturais.

Fonte: Secom

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