Da redação, AJN1
O corpo da sergipana Camila Cassimiro da Conceição, 32, que deu à luz a trigêmeos em Itajaí (SC), deve chegar a Sergipe neste sábado (30) e será velado e sepultado em Indiaroba, sua cidade natal. Ela morreu na quinta-feira (28) na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Marieta Konder Bornhausen, dois dias após o parto. A Prefeitura de Indiaroba responsabilizou-se pelo translado do corpo.
Em Itajaí foi realizada uma despedida rápida para os familiares mais próximos na própria funerária. O companheiro, as crianças e o irmão de Camila não vão viajar para Sergipe por conta da falta de recursos.
A morte de Camila está sendo investigada pela Polícia Civil de Itajaí e pela Corregedoria do Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC). O delegado regional Márcio Luiz Colatto disse que o inquérito foi instaurado na quinta-feira (28), mas preferiu não adiantar detalhes sobre o caso, que está em sigilo.
A causa da morte não foi informada pelo Hospital Marieta Konder Bornhausen. A unidade de saúde disse que o departamento jurídico não tinha conhecimento sobre a abertura das investigações até as 19h desta sexta-feira (29).
Em nota o CRM-SC informou que “obteve conhecimento sobre o óbito da paciente, gestante trigemelar, ocorrido recentemente em Itajaí e esclarece que os fatos já são objeto de apuração pela Corregedoria. A divulgação de informações relativas a apuração do caso, todavia, é vedada pelo artigo 1º do Código de Processo Ético-Profissional, que resguarda o sigilo processual”.
Sonho interrompido
Camila Cassimiro sonhava em ter um emprego digno junto com o companheiro e educar as filhas. Em busca de melhores oportunidades de trabalho, saiu de Indiaroba (SE) para morar em Itajaí, no Vale de Santa Catarina, há cerca de dez anos. Na quinta-feira (28), quase dois dias depois de dar à luz trigêmeos, ela sofreu uma hemorragia e não resistiu às complicações. Deixou os recém-nascidos e quatro meninas.
Na primeira e segunda gestações, Camila teve duas meninas. Na terceira vieram as gêmeas e na quarta, os trigêmeos. A gravidez não foi planejada — tanto que antes de fazer o teste ela achava que estava com coronavírus —, mas o casal, passado o susto, ficou radiante, ainda mais quando soube que teria o primeiro menino, esperado desde a chegada da primogênita.
O companheiro de Camila e pai dos sete filhos, José Cleber Xavier Cardoso, 34, trabalha como pedreiro e mora com a família em uma casa alugada, de dois quartos, no bairro Murta. Eles se conheceram no interior de Sergipe e estavam juntos havia 13 anos.
Quando vieram a Santa Catarina em busca de uma vida melhor, tiveram o apoio de boa parte da família do José Cleber, já que também vivem na região outros quatro irmãos dele.
Trigêmeos
Com a pandemia e sem conseguir vagas na creche para as pequenas, Camila se tornou dona de casa, e fez artesanato para ajudar na renda para comprar o enxoval. Ao saber da nova gravidez, teve ajuda de familiares e conhecidos, que doaram muitas roupas e itens essenciais.
Antes de ir para o hospital, a sergipana colocou um berço no quarto do casal e outro na sala. As meninas ficaram com a tia, que mora na mesma rua, para a internação da cesárea que estava agendada para ser feita sem preocupações. “Ela estava confiante que ia voltar para casa com eles, que ia dar tudo certo”‘, diz Jucileide Cardoso, tia dos bebês.
Morte repentina
Os familiares dizem não entender o que houve com Camila, já que o parto ocorreu sem complicações e que os quatro estavam bem após o procedimento. Ela chegou a se alimentar e beber água, para então começar a se queixar de fraqueza. Depois, a mulher precisou passar por uma cirurgia de emergência e foi levada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“Ela desceu, aí eu não pude descer, eu aí já não vi mais nada, não consegui acompanhar ela, não fiquei junto com ela”, lembra o companheiro.
Em nota, o Hospital Marieta Konder Bornhausen explicou que depois do parto, Camila teve complicações hemorrágicas, “havendo necessidade de uma nova intervenção cirúrgica, de emergência”. O útero teria sido retirado, mas a gravidade do caso impediu a recuperação. A morte ocorreu na UTI e a causa não foi revelada.
*Com informações G1SC