ARACAJU/SE, 9 de março de 2025 , 10:04:25

Sergipanas se destacam entre as 25 Mulheres na Ciência da América Latina

 

Ao longo da história, a presença feminina na ciência tem sido marcada por desafios e conquistas. Com a finalidade de dar maior visibilidade ao trabalho das mulheres na pesquisa acadêmica, a premiação “25 Mulheres na Ciência da América Latina”, promovida pela 3M, reconhece anualmente cientistas cujas pesquisas inovadoras contribuem para a sociedade. Em 2024, o prêmio foi voltado para alunas de mestrado e doutorado, destacando talentos emergentes no meio científico.

Dentre os 40 projetos inicialmente escolhidos, 25 foram premiados, incluindo dois da Universidade Tiradentes (Unit). As pesquisadoras Victoria Louise Santana dos Santos e Érika Santos Lisboa representaram a instituição nessa seleção, reforçando o impacto da Unit na produção científica. A conquista não só evidencia a qualidade dos estudos desenvolvidos, mas também reforça o protagonismo feminino na área acadêmica. Esse tipo de reconhecimento também amplia a visibilidade da Unit no cenário internacional, fortalecendo sua credibilidade e estimulando futuras colaborações com instituições de renome.

A pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e professora da Unit, Dra. Patrícia Severino, acompanha as alunas desde o início de suas trajetórias na iniciação científica. “Elas sempre demonstraram empenho e um grande potencial na pesquisa. Seus trabalhos iniciados no mestrado e atualmente em desenvolvimento no doutorado fazem parte de projetos mais amplos, realizados em colaboração com instituições renomadas como Harvard, Fiocruz, Cimatec, CNEN, Universidade da Irlanda e MCPHS”, destaca a docente.

Para Patrícia, ver as alunas entre as vencedoras de um prêmio tão significativo na América Latina foi uma surpresa gratificante. “Essa premiação reforça tanto a valorização da pesquisa acadêmica quanto a importância da presença feminina na ciência. Além de reconhecer a qualidade da produção científica, evidencia o impacto que essas pesquisas podem ter na sociedade”, afirma a professora.

Pesquisas inovadoras

Uma das premiadas, Érika Santos Lisboa, é formada em Farmácia, mestre e atualmente doutoranda em Biotecnologia Industrial pela Unit. Ela compartilha sua experiência no processo seletivo do prêmio. “Gravei um vídeo, com apoio da equipe de comunicação da Unit para a edição, e depois enviei uma apresentação do meu projeto. Passei para a fase semifinal, ficando entre os 40 primeiros selecionados. Na etapa seguinte, participei de uma entrevista com a equipe da 3M. Foi uma experiência enriquecedora. Estar entre as 25 finalistas da América Latina e, ainda, entre as 10 finalistas do Brasil é uma imensa alegria”, conta.

O estudo desenvolvido por Érika foca na elaboração de biotintas combinadas a nanomateriais, como platina e óxido de grafeno, incorporadas a hidrogéis que melhoram a condutividade elétrica para células cardíacas. “Esse avanço contribuirá para reduzir o uso de animais em experimentos e impulsionará o desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento cardíaco. No mestrado, trabalhei no desenvolvimento do hidrogel e da biotinta, e agora no doutorado, avanço para a fase de bioimpressão e testes com células cardíacas”, explica.

Já Victoria Louise Santana dos Santos, também farmacêutica e doutoranda em Biotecnologia Industrial, desenvolve uma membrana contendo rosa de bengala para tratar o câncer de pele. Seu projeto teve início em janeiro de 2023 e ainda está na fase de testes para validar sua eficácia e segurança. Atualmente, os testes são realizados em células tumorais, e os próximos passos incluem a fase de testes in vivo.

“A abordagem do tratamento utiliza terapia fotodinâmica, onde a membrana é aplicada diretamente sobre o tumor e exposta à luz LED, ativando o rosa de bengala e levando à destruição das células cancerígenas. O câncer de pele é uma das doenças mais frequentes no Brasil, e essa estratégia pode tornar o tratamento mais eficaz, acessível e com menos efeitos colaterais”, explica Victoria.

Dedicação à ciência

Desde o início da graduação, Érika e Victoria sempre estiveram inseridas no universo da pesquisa. “Sempre quis me envolver com iniciação científica. Durante três anos, atuei no Laboratório de Nanotecnologia e Nanomedicina (LNMed), sob orientação da Dra. Patrícia Severino. Depois, fui direto para o doutorado, pois queria aprofundar meus estudos e desenvolver soluções na saúde”, conta Victoria.

A Unit teve um papel essencial em suas trajetórias acadêmicas. “Foi onde concluí a graduação, participei da iniciação científica, fiz o mestrado e agora curso o doutorado. Toda a minha base de conhecimento e pesquisa foi construída na Unit”, elenca Érika. “Iniciei minha graduação em Farmácia no início de 2018 e, ao longo dos anos, aproveitei as diversas oportunidades que a instituição oferece aos alunos. Participei de programas de iniciação científica e de eventos científicos promovidos pela Universidade. Sou constantemente incentivada a participar de eventos científicos e de empreendedorismo, o que me permite expandir meus conhecimentos e me preparar para atuar na área da pesquisa”, complementa Victória.

Superando desafios

Apesar das vitórias, Érika aponta que as mulheres ainda enfrentam obstáculos na ciência. “Muitas vezes, elas aparecem de forma sutil, como quando nossas ideias são questionadas com mais frequência ou quando precisamos nos esforçar o dobro para sermos reconhecidas. Somos maioria na pós-graduação, mas os cargos mais altos são majoritariamente ocupados por homens”, alerta.

Para a professora Patrícia Severino, superar essas barreiras requer um esforço conjunto entre universidade e sociedade. “A universidade pode contribuir oferecendo mais bolsas e incentivos específicos para pesquisadoras, promovendo mentorias e redes de apoio e garantindo um ambiente acadêmico inclusivo e livre de preconceitos. Já a sociedade, por meio de políticas públicas e iniciativas do setor privado, pode ampliar o financiamento para projetos liderados por mulheres, incentivar a presença feminina em áreas estratégicas da ciência e tecnologia e valorizar suas conquistas, tornando-as referência para as próximas gerações”, pontua Patrícia.

A conquista de Victória e Érika vai além do reconhecimento pelo árduo trabalho na pesquisa; representa uma grande oportunidade de crescimento profissional e reforça o compromisso da Universidade Tiradentes com a excelência acadêmica. Victória destaca que o prêmio amplia sua visibilidade no meio científico, abre portas para novas parcerias e inspira outras mulheres na ciência. Para Érika, o reconhecimento da 3M é um incentivo para continuar enfrentando os desafios da pesquisa, motivada pela busca constante por inovação e transformação na saúde e biotecnologia.

Fonte: Asscom Unit

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