Da redação, AJN1
Nesta segunda-feira, 08, o estado de Sergipe comemora 204 de Emancipação Política. Nos livros de história, o Estado emancipou-se da Bahia em 8 de julho de 1820. Com isso, a então capitania de Sergipe Del-Rei viria a ser elevada à categoria de província quatro anos depois, e, finalmente, a Estado após a proclamação da República em 1889.
Foi Cristóvão de Barros que conquistou o território sergipano em 1590 e, desde então, Sergipe ficou sob a tutela da Bahia. Cristóvão de Barros venceu os índios e distribuiu as terras em sesmarias. Durante mais de dois séculos, Sergipe foi Capitania Subalterna, dedicada a abastecer a capital baiana através da sua produção agropecuária, recebendo dela as autoridades, as famílias dominantes, os encargos, os produtos do seu comércio.
A data invoca a liberdade sentida pelos habitantes de Sergipe, que então se viram livres de muitos laços do poder baiano. A Emancipação Política de Sergipe também influenciou a economia local. Sergipe era uma região eminentemente rural e o desenvolvimento da agroindústria açucareira, a partir de meados do século XVIII, fez crescer os interesses da Bahia para o monopólio na exportação do açúcar, prejudicando o lucro dos sergipanos donos dos engenhos. Esse fato foi um dos estopins para o ato político representado pela carta régia de 1820. Sergipe como território emancipado, desenvolveu a sua sergipanidade (Sergipe + identidade) cotidianamente, quer sejam nos âmbitos políticos, econômicos, sociais e culturais.
A data lembra um fato fundamental da nossa formação como unidade política. É como se fosse o nascimento de Sergipe, o processo de sua autonomia, em relação à Bahia”, coloca a historiadora Terezinha Oliva, ao lembrar que as ligações com a Bahia não cessaram imediatamente, mas abriu-se o caminho para autonomia, a possibilidade de ter Governo e representações próprios, de ter jurisdição no seu território, de cuidar dos próprios interesses.
Duas datas
Por muito tempo era comemorada duas datas como sendo feriado da Emancipação Política de Sergipe, 8 de julho e 24 de outubro. Segundo a historiadora Terezinha Oliva, Sergipe já teve dois feriados de emancipação. “A festa popular da emancipação era comemorada em todo o Estado no dia 24 de outubro, mas a data oficial da Carta Régia de Dom João VI, 8 de julho. Então essas duas datas por um tempo foram legalmente feriados da emancipação. No último governo de Albano Franco é que ficou decidido que apenas 8 de julho seria mantida”, esclarece.
o professor do curso de Pedagogia EAD da Universidade Tiradentes, Ivan Rêgo destaca que os movimentos que levaram a emancipação política de Sergipe aconteceu por meio da A Revolução Pernambucana. “Houveram nomes importantes nessa revolta. D. João VI que assinou o decreto de Emancipação Política; D. Pedro I que por Carta Régia reafirmou o ato e Carlos César Burlamaqui, que foi primeiro governante de Sergipe sendo deposto em menos de um mês de governo. Foi deposto e preso por tropas baianas enviadas a São Cristóvão”, conta.
A partir da emancipação, Sergipe passou a administrar seu território e a controlar suas rendas. “Durante mais de dois séculos, Sergipe foi uma Comarca dependente da Bahia, dedicada a abastecer a capital baiana através da sua produção agropecuária, recebendo dela as autoridades, as famílias dominantes, os encargos, os produtos do seu comércio. A emancipação política consolidou também a autonomia da província sergipana que já não aceitava mais o poder da capitania baiana. Consequentemente, a partir desse processo histórico, Sergipe deu início a produção dos seus saberes e fazeres, a construir os seus bens culturais e a desenvolver os seus costumes como forma de demarcar a sua identidade”, salienta.