O monitoramento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) com relação ao registro da infecção causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV), até esta quinta-feira (15), identificou 18 casos em Sergipe. O vírus é transmitido principalmente pelo mosquito Culicoides paraenses, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora.
Por meio do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), a SES tem monitorado a presença e o comportamento da febre oropouche desde o mês de outubro de 2023 no estado. Já a circulação do vírus foi registrada no último mês de julho, quando houve a confirmação de dois casos. Os casos de infecção devem ser comunicados às autoridades de Saúde, já que a doença é de notificação obrigatória.
Segundo a gerente de Endemias da SES, Sidney Sá, a Secretaria de Estado da Saúde investiga se os casos registrados tiveram origem em Sergipe ou foram importados. No entanto, é importante destacar que todos os pacientes identificados estão bem – apenas um encontra-se internado, mas estável. “O município de Siriri tem, hoje, 14 casos confirmados por laboratório, e os demais casos foram confirmados em Capela, Socorro, São Cristóvão e Nossa Senhora de Lourdes”, informa Sidney.
O diagnóstico da febre do oropouche envolve uma avaliação clínica, epidemiológica e laboratorial. Os sintomas da doença se assemelham a outras arboviroses, como dengue, chikungunya e Zika, com registros de dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, náusea e diarreia. Sidney Sá explica que, no momento, a vigilância dos casos está sendo feita, partindo de um caso suspeito de dengue, chikungunya ou Zika. “O teste para oropouche, hoje, parte da negatividade dessas arboviroses”, destaca.
Prevenção
É importante que, principalmente em áreas com casos registrados, a população se atente às medidas preventivas e evite picadas de vetores por meio do uso de roupas compridas, que cubram as pernas, os braços ou partes do corpo onde os insetos possam picar. O uso de repelentes que contenham DEET, IR3535 ou icaridina podem ser aplicados na pele exposta ou nas roupas também para evitar a picada do mosquito. Nesses casos, a utilização do produto deve estar rigorosamente em conformidade com as instruções do rótulo do produto, ainda que as informações sobre efetividade contra o mosquito Culicoides paraenses não estejam especificadas.
O mosquito vetor é encontrado frequentemente nas áreas externas do domicílio, como quintais e varandas, vivendo próximo a plantas como bananeiras, pés de cacau, cupuaçu, gramíneas etc. Dessa forma, recomenda-se evitar se expor nesses ambientes durante o período de maior atividade dos vetores, em geral nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde, a partir das 16h, assim como é fundamental a realização da limpeza de quintais que tenham acúmulo de folhas, cascas de frutas, ou matéria orgânica, sempre que possível.
Ainda como medida preventiva, aconselha-se o uso de mosquiteiros feitos de malha fina, como o filó ou o voil branco, e, como medida complementar, é recomendado a proteção com telas de malha fina nas portas e janelas das residências, prevenindo, dessa maneira, também outras arboviroses.
A SES enfatiza que as ações de vigilância têm sido ampliadas junto aos municípios sergipanos para observar o comportamento tanto das arboviroses que possam ser agravadas, como os casos dos vírus oropouche, assim como a mayaro que também vêm sendo registrada no território nacional.
Mpox
Com relação à doença mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, definida na quarta-feira (14) como uma emergência de saúde pública global pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a SES afirma que continua monitorando os casos, como já vinha fazendo desde 2022, quando também foi decretado alerta de saúde para a doença. “O vírus Mpox circula no país de forma endêmica, quer dizer tem circulado no ritmo lento, e a gente mantém as ações de controle sobre ele. O que ocorre agora de mudança é que houve uma mutação em uma variante que está circulando no continente africano e que tem aparentemente apresentado uma maior contagiosidade, o que tem ocasionado surtos no nível local. Então, quando a OMS decreta emergência de saúde pública é no sentido de que os Estados-membros precisam estar em alerta a esse fato”, esclarece o diretor da Vigilância em Saúde da SES, Marco Aurélio Goes.
A mpox é uma doença zoonótica viral. A transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animais silvestres infectados, pessoas infectadas pelo vírus e materiais contaminados. Os sintomas, em geral, incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.
De acordo com Marco Aurélio, o Brasil encontra-se na primeira fase da emergência de saúde pública, já que não existem casos da nova variante no país. “O Governo de Sergipe, através da Secretaria de Saúde e da Vigilância Epidemiológica, aumentou o estado de alerta para a doença, sensibilizando os profissionais de saúde para identificar casos suspeitos, e a nossa rede laboratorial está apta para realizar o exame. Como ainda não há casos dessa nova variante no Brasil, a gente está na preparação, em alerta para que, se houver ocorrência, a gente consiga identificar o mais cedo possível para não haver a disseminação do vírus no nosso território”, tranquiliza o diretor da Vigilância em Saúde da SES.
Em caso de suspeita de contágio, o Ministério da Saúde recomenda que o paciente procure uma unidade de saúde para avaliação médica e informe se houve contato próximo com alguém com suspeita ou confirmação de infecção. Caso a suspeita seja confirmada, o próximo passo recomendado é o isolamento social, para evitar contato próximo com outras pessoas.