Da redação, Joangelo Custódio
O recebimento dos pacotes contendo sementes de espécies não identificadas, oriundas de países asiáticos, continua intrigando autoridades brasileiras. Até o momento, foram confirmados 258 pacotes em 24 estados, inclusive em Sergipe, o qual foi confirmado o recebimento de 10 pacotes, sendo oito em Aracaju e dois no interior, nos municípios de Riachuelo e Itabaiana.
De acordo com a Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento em Sergipe (SFA-SE), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o número de pacotes recebidos pode aumentar, isso porque há outro caso relatado no município de Lagarto, mas ainda não foi computado oficialmente porque o material não chegou à sede da Superintendência na capital.
“Até agora chegaram 10 pacotes: oito em Aracaju e dois no interior (Riachuelo e Itabaiana). A gente sabe de um caso em Lagarto, mas como ainda não chegou à Superintendência, a gente só está trabalhando com 10 oficialmente em Sergipe. São sementes de origem não identificadas. A nossa orientação é de não abrir esses envelopes, não jogar no lixo e não semear. Solicitamos a quem receber que entre em contato imediatamente conosco. Porque vamos recolher esses pacotes para serem enviados para o laboratório em Goiás”, disse o gestor da SFA-SE, Aroldo Araújo, com exclusividade ao AJN1 e jornal Correio de Sergipe.
Ainda segundo Aroldo, os únicos estados que ainda não registraram o recebimento do material foram Maranhão e Amazonas. A expectativa é que em 30 dias haja um detalhamento maior desses resultados. Toda a análise é feita no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás, que é referência no País.
Fungos e bactérias
A Secretaria de Defesa Agropecuária, do Mapa, informou na terça-feira (6) que foram encontrados fungos, bactérias e possibilidade de pragas quarentenárias (que não existem no Brasil) em pacotes de sementes não solicitados que chegaram ao país e foram encaminhados ao Ministério.
Após análises laboratoriais, foi identificada a presença de ácaro vivo em uma amostra; de três fungos diferentes em 25 amostras; de bactéria em duas amostras; e possibilidade de pragas quarentenárias em quatro amostras (como plantas daninhas).
De acordo com o Mapa, o material não tem certificação, por isso está sendo feita uma pesquisa do zero para identificar os micro-organismos presentes nas sementes e que estão sendo tomadas todas as medidas para impedir a introdução de novas pragas no país.
Os pacotes supostamente foram enviados de quatro países da Ásia.
Orientações
O secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal, orienta que o material não deve ser manuseado. “O cidadão que receber esse material pode entregar para o órgão de agricultura que ele não vai ser de forma alguma penalizado. Ele está fazendo uma colaboração da proteção da agropecuária do Brasil e também evitando o contato com um material que possa ter um risco até para a saúde”, disse na coletiva de imprensa.
O secretário reforçou a importância de a população não abrir os pacotes nem manusear as sementes. “Estamos falando de material não solicitado, que não tem controle e não sabemos a origem nem o que está carregando. Apesar da pequena quantidade, podem trazer pragas para a nossa agricultura, como plantas daninhas, fungos, outras doenças como bactérias, vírus”, disse Leal. Além disso, as sementes podem ter sido tratadas com algum elemento químico ou ser um produto tóxico, por isso não devem ser manuseadas pelas pessoas, plantadas ou descartadas no lixo (para evitar uma possível germinação).