Nos últimos dez anos, o número de médicos que atuam em Sergipe cresceu 71% atingindo a marca de 5.802. Em 2014, eram cerca de 3.380 profissionais médicos. Atualmente são 2,6 profissionais para cada mil habitantes (conforme o último censo do IBGE, a população do estado é de 2,2 milhões de habitantes). A proporção de médicos a cada mil sergipanos é inferior à média nacional, que é de 2,81. Os números são da pesquisa Demografia Médica 2024, divulgada no último dia 8, pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Conforme a pesquisa, a idade média dos médicos que atendem em Sergipe é de 44 anos, com cerca de 13 anos de formação em geral. Já a proporção entre homens e mulheres que atuam na medicina é praticamente igual no estado. Aracaju concentra quase 90% desses profissionais.
Quanto aos número de médicos especialistas, a pesquisa do CFM revela que supera o de generalistas, são 3.109 contra 2.693 no estado.
Brasil
A Demografia Médica mostra que o Brasil tem 575.930 médicos ativos, uma das maiores quantidade do mundo, numa evolução acelerada. O número resulta em uma proporção de 2,81 médicos por mil habitantes, também a maior já registrada e que coloca a nação a frente dos Estados Unidos, Japão e China. Contudo, apesar do avanço significativo, o CFM vê com preocupação esse crescimento acelerado pelas suas implicações na formação dos profissionais e até da assistência oferecida à população. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o ideal é que haja 3,5 médicos para cada mil habitantes.
“Os dados indicam que o Brasil conta hoje com mais médicos. Mas a que custo? Observamos a criação indiscriminada de escolas médicas no país sem critérios técnicos mínimos, o que afeta a qualidade do preparo dos futuros profissionais da medicina. Outra questão a ser observada é que o aumento do número de médicos deve implicar também em melhores condições de trabalho e de estímulo para que a assistência ocorra da forma adequada. A equação do atendimento, em especial na rede pública, não é uma questão apenas matemática, mas de planejamento e boa gestão”, afirma o presidente do CFM, José Hiran Gallo.
A pesquisa aponta que atualmente, há 389 escolas médicas espalhadas pelo país – o segundo maior número no mundo, atrás apenas da Índia. A quantidade de faculdades de medicina no Brasil quase quintuplicou desde 1990, quando o total chegava a 78. Nos últimos dez anos, a quantidade de escolas médicas criadas (190) superou o total de todo o século passado.
Apesar do significativo aumento no contingente de médicos brasileiros, o CFM considera que ainda há um cenário de desigualdade na distribuição, na fixação e no acesso aos profissionais.
“O Brasil hoje tem número razoável de médicos registrados nos conselhos regionais de medicina, quando comparado às principais nações do mundo. Mas um dos principais problemas ainda é a distribuição desses médicos no país continental que é o Brasil”, avalio o supervisor do estudo, Donizetti Giamberardino.
Os números mostram que a maioria dos profissionais opta por se instalar nos estados do Sul e do Sudeste e nas capitais, devido às condições de trabalho. Os que vivem no Norte, no Nordeste e em municípios mais pobres relatam falta de investimentos em saúde, vínculos precários de emprego e ausência de perspectivas.
“Esse fato, por si só, traz muita dificuldade de acesso. Acesso é um princípio fundamental do Sistema Único de Saúde (SUS), adotado pelo Brasil em sua Constituição como direito do paciente”, destacou Giamberardino.