Sete países participantes da Copa do Mundo 2022 estão na lista das nações que mais cometem perseguição a cristãos – incluindo o próprio Catar, cuja escolha como país-sede está envolta em várias outras polêmicas, relacionadas a corrupção e uso de mão-de-obra estrangeira em condições semelhantes à escravidão.
O Catar não reconhece oficialmente a conversão do islã para qualquer outra religião. Quem se converte precisa encarar pesadas consequências legais, que incluem a perda de status social, de propriedades e até da custódia dos filhos. Basicamente, os cidadãos catarianos não têm o direito de ser cristãos.
Existem no país algumas áreas reservadas a estrangeiros que recebem autorização para exercer religiões diferentes do islã – mas, por imposição do governo, o número dessas vilas despencou, durante a pandemia, de 157 para 61.
Um dos resultados dessas restrições é que os cristãos sofrem constante assédio e vigilância policial, independentemente de terem origem muçulmana ou de serem migrantes.
A situação é tão grave que o Catar sofreu uma piora de 11 posições na Lista Mundial da Perseguição Religiosa, elaborada anualmente pela associação cristã internacional Portas Abertas (Open Doors).
A lista destaca os 50 países com as situações mais degradadas. Aleteia destacou o relatório 2022 neste artigo:
Destes 50 países, os 7 que estão participando da Copa do Mundo deste ano, incluindo o próprio Catar, são:
- Irã (9º lugar na lista)
- Arábia Saudita (11º lugar)
- Catar (18º lugar)
- Marrocos (27º lugar)
- Tunísia (35º lugar)
- México (43º lugar)
- Camarões (44º lugar)
Em todos eles, exceto no México, o tipo de perseguição perpetrada é a “opressão islâmica”, ou seja, são países em que o islamismo é a religião oficial e, portanto, os cristãos sofrem perseguição sistemática. Essa perseguição atinge indivíduos, famílias e comunidades como um todo. Além de discriminações no dia-a-dia, eles chegam a sofrer sanções que podem incluir prisão e até mesmo a pena de morte.
No caso do México, a perseguição vem de guerrilhas, paramilitares e tribos indígenas que proíbem os seus membros de se converterem das religiões tradicionais a quaisquer outras, em particular ao cristianismo – que é alvo de narrativas enviesadas sobre a sua alegada imposição generalizada a todos os povos autóctones durante a colonização espanhola.
Além do radicalismo islâmico, a outra principal causa de perseguição anticristã no mundo atualmente é o comunismo.
Embora o cenário seja muito preocupante, uma parte dos cristãos que vivem no Catar se diz esperançosa de que a Copa do Mundo traga um pouco mais de liberdade religiosa.
O relatório da Portas Abertas menciona, por exemplo, os depoimentos de alguns cristãos evangélicos que moram em vilas do país onde os cultos são permitidos. É o caso de Beda Robles, presidente da Aliança de Igrejas Evangélicas do Catar, uma das organizações religiosas estrangeiras reconhecidas pelo governo. A Aliança engloba mais de 90 congregações, sobretudo africanas, indianas, nepalesas e filipinas. Robles diz que vê na Copa “uma grande oportunidade” para a melhora da situação dos cristãos no país.
Por outro lado, nem todos se mostram otimistas. A Portas Abertas também relata o testemunho de uma cristã que preferiu manter-se anônima e que expôs nessas condições a seguinte opinião: “O Catar tem medo de que a sua cultura seja desafiada durante a Copa do Mundo. Existe uma tensão entre a cultura estrita do Catar e a cultura mundial”.
Outro cristão entrevistado pela Portas Abertas afirmou: “Alguns membros da igreja de expatriados têm medo de ser responsabilizados se os cristãos de outros países falarem abertamente de cristianismo e, com isso, violarem as leis do Catar”.
Fonte: Aleteia