Levantamento realizado pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA), com base nas estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em alusão à campanha “Setembro em Flor”, aponta que 5.280 mulheres nordestinas serão diagnosticadas com câncer do colo do útero em 2024. Somados aos outros dois tipos mais comuns de tumores ginecológicos — ovário e endométrio —, são previstos 8.790 novos casos neste ano.
Diante desses números preocupantes, é essencial entender as principais causas, fatores de risco e formas de prevenção dos cânceres ginecológicos. Para esclarecer essas questões, entrevistamos a oncologista Thaiana Santana, da Oncoclínicas de Sergipe. Confira a seguir:
Quais são os tipos de câncer ginecológico mais comuns?
TS- Os tumores ginecológicos atingem endométrio, ovário, colo do útero, vagina e vulva. Segundo o INCA, o câncer de colo do útero é o terceiro mais frequente entre as mulheres, atrás apenas dos de mama e colorretal.
Qual é a principal causa do câncer de colo de útero e vulva?
A infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), cuja principal forma de transmissão é pela via sexual, é o principal fator no desenvolvimento de tumores de colo de útero e vulva.
Como a infecção pelo HPV pode ser prevenida?
O uso do preservativo durante a prática sexual é uma das estratégias de prevenção adotada, assim como a vacinação contra o HPV. Em países desenvolvidos, a imunização em larga escala tem praticamente erradicado a doença. No Brasil, a vacina está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas entre 9 e 14 anos, além de ser recomendada para outras faixas etárias e grupos específicos, como pessoas vivendo com HIV.
Quais são os outros fatores de risco para o câncer ginecológico?
Além da infecção pelo HPV, tabagismo, obesidade e sedentarismo estão associados ao risco de desenvolvimento de tumores ginecológicos. O câncer de ovário, por exemplo, tem forte ligação com mutações genéticas nos genes BRCA1 e BRCA2, que elevam as chances de aparecimento do tumor de 1,5% na população geral para até 30% entre portadoras desse DNA.
Os contraceptivos orais influenciam o risco de desenvolver a doença?
Sim. Este método pode ter diferentes efeitos dependendo do tipo de câncer. Para a neoplasia de endométrio, a exposição a hormônios é considerada um fator de risco. No entanto, os contraceptivos orais pode oferecer proteção para os ovários. Já no caso do colo do útero, há indícios de que o seu uso prolongado possa aumentar a predisposição.
Qual é a importância do diagnóstico precoce no câncer ginecológico?
O quanto antes o câncer for detectado, melhores serão as chances de controle da doença. Identificar o tumor nos estágios iniciais facilita o tratamento e proporciona uma melhora significativa na qualidade de vida das pacientes.
Quais são os tratamentos disponíveis?
As opções variam de acordo com o tipo e estágio do tumor, podendo incluir radioterapia, cirurgia, quimioterapia e imunoterapia. Cada caso é analisado individualmente para definir o protocolo mais adequado.