ARACAJU/SE, 27 de novembro de 2024 , 23:48:39

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Sindipen acata determinação do TJ e volta às atividades

O Sindicato dos Agentes Penitenciários de Sergipe (Sindpen) decidiram em assembleia nessa sexta-feira, 02, acatar a decisão judicial que determina o retorno imediato das atividades de envio de alimento, visita íntima e realização de escola de presos, suspensas desde o início do movimento ‘Operação Padrão’, no dia 22 de agosto. A decisão é do desembargador Osório Ramos Filho, que considerou o movimento ‘abusivo e ilegal’ e estipulou uma multa no valor diário de R$ 5 mil caso a categoria descumpra a determinação.

 

De acordo com o presidente do Sindpen, Luciano Nery, a categoria não vai se opor a realização das atividades, mas para isso é preciso que o Governo do Estado garanta a segurança dos agentes prisionais.

 

“A categoria vai obedecer a decisão judicial, mas a gente não vai colocar nossa vida em risco. Para isso, precisamos de efetivo e de equipamentos de proteção individual (EPIs), como coletes balísticos e munições não letais”, informou.

 

Ainda segundo Nery, a categoria vem colocando a vida em risco há muitos anos e isso não irá mais acontecer. “Quem trabalha dentro do presídio são os agentes. Precisamos de condições de segurança para trabalhar”, destacou.

 

Apoio

 

Segundo o secretário de Justiça, Antônio Hora, as visitas íntimas estão garantidas no Copemcan, em São Cristóvão. “Na reunião da última quinta-feira, 1°, onde participou o secretário de Segurança Pública, o delegado geral da Secretaria de Segurança Pública (SSP), o comandante da Polícia Militar e o diretor do Desipe, nós colocamos que para pudéssemos anunciar a realização das visitas precisaria de um apoio da SSP para garantir a segurança das visitantes, dos guardas e agentes prisionais e dos detentos”, informou.

 

De acordo com Hora, durante a semana representantes dos guardas e agentes penitenciários foram recebidos na secretaria e o diálogo com a categoria sempre ocorreu de maneira aberta e transparente. “Não há dificuldade. O que eu posso atender de imediato eu atendo, o que posso atender a médio prazo eu programo. O que não posso tentamos conversar”, afirmou.

 

Ainda segundo o secretário de Segurança Pública, como gestor ele tinha a necessidade de viabilizar que as visitas íntimas ocorram e assim foi feito. “Todas as providências foram tomadas. Nós precisamos realizar a visita e despressionar o clima no presídio”, disse.

 

Vandalismo

 

Um vídeo divulgado nas redes sociais no qual presos, supostante do Copemcan, assumem a autoria do incêndio a um ônibus do transporte coletivo de Aracaju na última quarta-feira, 31, deixou sergipanos assustados. Nele, os presos afirmam que se as vítimas íntimas e o envio da mensagem (alimento) não voltarem a acontecer outros serão queimados. Além disso, os detentos ameaçam os policiais.

 

Já na quinta-feira, 2, foi divulgado nas redes sociais um áudio no qual o policial civil André Agrelli, do Grupamento Especial de Repressão e Busca (Gerb), solicitava que as pessoas permaneçam em suas casas devido ao ‘toque de terror’ comandado por presos. Ele acabou afastado de suas funções por determinação da cúpula da SSP.

 

Por meio de nota, o Delegado Geral da SSP, Alessandro Viera, informou que “o áudio veiculado indevidamente pelo policial civil André Agrelli não corresponde à verdade” e que não existia o chamado ‘salve geral’. Segundo ele, medidas preventivas por parte das polícias seriam tomadas para evitar a repetição de eventos como o registrado ontem no Bairro América.

 

Horas mais tarde, ônibus voltaram a ser incendiados na capital e no interior na última quinta-feira, 1°. Em Aracaju, por volta das19h, três adolescentes que tentaram atear fogo em um ônibus escolar que estava estacionado no bairro Farolândia, em Aracaju, mas foram impedidos por uma ação rápida e eficiente do Batalhão de Choque. Minutos depois, mais dois ônibus foram incendiados, desta vez nos municípios de Itabaiana e Lagarto, região agreste do Estado.

 

Afastamento

 

Nesta sexta-feira, 2, uma coletiva de imprensa foi realizada pela SSP para falar sobre a situação do policial, que acabou afastado do cargo. De acordo com o delegado geral Alessandro Vieira, o policial estava afastado da função no GERB em decorrência de uma lesão que sofreu durante um assalto e demonstrou arrependimento. Em consequência, ele foi deslocado para a atividade administrativa na SSP e, agora, após a disseminação do áudio, permanecerá afastado até a conclusão da apuração do episódio.

 

Apesar da sensação de insegurança, o secretário João Batista não associa estes episódios à manifestação nacional intitulada Salve Geral, articulada pelo PCC em várias cidades brasileiras. Ele tranquiliza a população e garante que a polícia está atenta monitorando todo o Estado. “A gente não pode entrar na pilha do medo virtual”, pontuou.

 

Por Nara Barreto

 

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